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FEDERAL DO PARANÁ

Capela da Reitoria se abre como espaço interreligioso

FOTO: Ana Assunção

A Capela da Reitoria abriu oficialmente suas portas para todas religiões, manifestações e crenças. Na noite da última terça-feira (28), o reitor Zaki Akel Sobrinho recebeu, em cerimônia interreligiosa, representantes das igrejas Católica, Ortodoxa, Batista e Luterana, do islamismo, espiritismo, de terreiros de Umbanda e Candomblé.

A ideia, proposta desde o processo de revitalização e reinauguração do espaço, consolidou-se com a participação dos religiosos em um momento único de reflexão sobre a importância da fé e da espiritualidade na vida acadêmica. “A Universidade é laica, mas é justo que ofereçamos a oportunidade e o espaço para todos que desejem, de alguma maneira, praticar sua fé. Que este local sirva também à cultura, às manifestações artísticas e outras atividades que reúnam pessoas no objetivo comum de praticar e pensar a espiritualização e a fraternidade”, disse o reitor.

O Sheikh Mohammad Ebrahimi, da Mesquita Al Iman Ali IBN ABI TALEB, abriu as falas dos religiosos e ressaltou a importância da união da ciência com a fé. “O conhecimento científico nos diz como nos desenvolver enquanto sociedade, mas a religião nos mostra o porquê d efazermos isso. A ciência torna a vida mais fácil, mas a fé torna a vidade possível de ser entendida em sua plenitude. O conhecimento sem a religião torna-se um perigo para o mundo”, explicou.

FOTO: Ana Assunção

Na sequência, o espaço foi aberto à Igreja Ortodoxa Antioquina São Jorge de Curitiba. Abdo Abage, falando em nome do arcebispo de São Paulo, contou aos presentes um pouco sobre a história da religião, e a importância da tolerância e da compreensão pela relação com a “igreja-irmã” Católica. Para o representante da Igreja Batista em Piraquara, Pastor Jonathan, a experiência do encontro serve como precedente para que outros momentos iguais aconteçam. “Estou maravilhado de estar aqui. Quero inclusive que esse momento perdure e possamos nos reunir em outras situações. Sabemos que a ciência é imprescindível, no entanto, todos nós precisamos de Deus. E seja qual for o segmento, a religião, se nós apresentarmos a paz de Deus, estaremos sendo instrumentos de manifestação do amor e da vida”, afirmou o pastor.

O amor foi mesmo o sentimento mencionado por todos os religiosos. Segundo a pastora da Igreja Luterana, Vera Immich, “o amor é um sentimento profundamente mobilizador e transformador”. “Mesmo não compreendendo o outro, devemos respeitar, dialogar, porque absoluto é o amor, que acolhe, que dá espaço para o crescimento. Nem a própria fé, nem a ciência podem se sobrepor ao amor”, acredita.

O Pai de Santo Roberto Guimarães, do Terreiro de Umbanda do Pai Maneco, elogiou a iniciativa e agradeceu a opoertunidade d epoder falar sobre a Umbanda. “Admiro a UFPR pelo arrojo em revelar o verdadeiro sentido da laicidade: proporcionar a todos nós a mesma oportunidade. A Umbanda foi criada há mais de 100 anos e ainda hoje é vista como centro de macumba, com acusações levianas de quem desconhece nossos preceitos. Nossa energização vem da natureza, nossa espiritualidade é para o bem da alma. Não fazemos macumba”, desabafou o Pai de Santo. E ainda complementou: “amar e compreender o outro é difícil, mas aí é que está o verdadeiro crescimento, manter o melhor caminho para que as virtudes prevaleçam aos vícios”.

FOTO: Ana Assunção

A Mãe de Santo Yia Gunan do Candomblé, Dalzira Maria Aparecida, reforçou a preocupação com a discriminação enfrentada pela crença.”Nossa religião surgiu já de grandes dificuldades, de proibições a nossos ancestrais escravizados em cultuar seu Deus. A discriminação ainda é a mesma. O chicote é o mesmo. Mudou apenas o modo de chicotear”, manifestou. “A interreligiosidade é algo difícil de acontecer, e aqui estamos fazendo existir algo que não ocorre no país. Sorte nossa que estamos aqui vivenciando esse momento, praticando a tolerância. Que lá na frente tenhamos uma trajetória de iguais perante a humanidade”, deseja a Mãe de Santo.

“De cada fala ouvida aqui, podemos perceber como temos tanto em comum, não importando nossa crença”, ponderou, em seguida, o vice-presidente da Federação Espírita do Paraná, Adriano Greca. “Que esse espaço possa ser usado sobretudo pela juventude que aqui busca seu enriquecimento científico. Porque hoje a espiritualidade superior, aquela que não tem preconceitos, aquela que tem Deus na vivência das virtudes, do amor, da fé, da tolerância, do respeito, aquela comum a todos, aquela está em festa. E que a construção do conhecimento também forme homens de bem”, salientou.

Para o Padre Volnei Campos, da Igreja Católica, que encerrou a cerimônia, o momento ali vivido foi o primeiro passo para o estabelecimento do diálogo: um maior conhecimento sobre as religiões e a percepção de quão rica pode ser a diversidade. “O verdadeiro ecumenismo, o verdadeiro diálogo, é quando cada um pode se sentar junto ao outro, amar sua própria Igreja e respeitar ainda mais a Igreja do outro. Rezar juntos. Perceber que Deus não é operário de nenhuma igreja”, concluiu.

Sagrado

FOTO: Divulgação Exposição 'Sagrado'/MAE

A cerimônia também foi oportunidade para inauguração da exposição “Sagrado”, organizada pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR (MAE), e integrante de uma série de atividades organizadas pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) em torno do tema da diversidade religiosa, que acontece a partir do segundo semestre de 2014. As ações buscam dialogar com o Programa Nacional de Direitos Humanos, que trata da “garantia da igualdade na diversidade”.

O objetivo é fomentar o debate sobre a pluralidade de manifestações culturais que constituem o espaço acadêmico como espaço social, “fundamental para que possamos promover e disseminar uma cultura da paz e de respeito às diferentes crenças, à liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado”, diz a pró-reitora de Extensão e Cultura, Deise Picanço.

A exposição traz, como eixo catalizador desse processo, uma série de fotografias de diferentes momentos do cotidiano de várias práticas religiosas. A curadoria das imagens busca mostrar esse contexto como práticas culturais, demonstrando múltiplas compreensões do que é o “Sagrado” para as diferentes crenças. Como convite à reflexão sobre a diversidade religiosa, a Proec busca dar continuidade ao conjunto de atividades da Capela da Reitoria para que a consolide como espaço ecumênico e cultural no cotidiano da UFPR.

Serviço
Exposição “Sagrado”
Local: Capela da Reitoria – Edifício Dom Pedro I – Rua Gen. Carneiro, 460 – Curitiba-PR
Mais informações: 41 3360-5157 / 41 3313-2042

Confira aqui galeria completa de imagens da cerimônia.

Por Jaqueline Carrara

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