Logo UFPR

UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Música na Apae: alunos da oficina Brincando com o Som dão um show com os instrumentos

A voz melodiosa da professora Bárbara puxa o verso de Ferreira Gullar: “Lá vem o trem com o menino…”. O coro de 27 alunos, professores e técnicos da Apae, a segue: “Lá vai o trem com o menino… Lá vai a vida a rodar… Lá vai ciranda e destino…”. A cantoria é só o início de um rápido trabalho que relembrará aos alunos com necessidades especiais um conceito já trabalhado anteriormente na oficina “Brincando com o som”. Depois que eles assimilarem a letra, Bárbara Trelha irá distribuir entre alguns instrumentos como xilofone, coco e chocalhos, para sonorizá-la. Ao fim, a pergunta: “Como se chama mesmo o que a gente fez agora?”. Silêncio. “Como mesmo. A…”, tenta a professora novamente. Agora sim: “Arranjo”, responde o coro de vozes. “Lembram que a gente já trabalhou com arranjo?”, retoma Bárbara. “Lembram que a professora falou do bolo? Se a gente colocar o bolo todo misturado, a cereja, o chocolate, a cobertura, tudo, vai ficar bom? Não, né? A gente precisa fazer o arranjo do bolo, como a gente fez com os instrumentos agora”.

Na oficina “Brincando com o som”, os alunos trabalham também com a contação e musicalização de histórias. Com isso, absorvem conceitos como os de arranjo, timbre e ritmo. E se dão muito bem nesses quesitos, garante a ministrante. Um rendimento até maior do que consegue a outra oficina da professora, quando ela trabalha exclusivamente com professores da Apae. “Os alunos especiais de alguma forma têm mais liberdade, não tem tanto o crivo social, a série de convenções sociais que os adultos normais tem, que são mais rígidos e menos lúdicos”, explica Bárbara.

A maior dificuldade dos alunos da Apae, continua a professora, é a melodia. “Até pela dificuldade de dicção que eles têm, é mais complicado para eles cantar. Eles são mais corporais, mais rítmicos e menos melódicos”, conta ela.

Marino Oliveira Franquim, 32 anos, aluno da oficina, é quem comprova o que diz Bárbara. “Dependendo do instrumento, ele é um músico melhor do que eu”, garante a professora. Marino concorda, apontando para o pandeiro e afirmando que é bom naquilo. Para demonstrar, Bárbara ao violão e ele no pandeiro improvisam um samba. “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é…”, conta a afinada professora. Logo alguém aparece oferecendo o jogo de sinos para o repórter, que ao menos tenta, embora falhe de maneira óbvia. É então que vem o xiolofone. Mais uma vez, o repórter tenta, com uma falta de talento constrangedora. “Musicalizando o jornalista”, brinca Bárbara. Mariano se empolga; quer ensinar o repórter a tocar pandeiro. “É assim, ó”, mostra ele. É de fato muito bom. O jornalista tenta. “É assim?”, pergunta o repórter. Marino até tenta me incentivar, com a condescendência de quem se sabe superior. “É. É assim mesmo”, diz ele. É, Marino, nessa não deu. Vou ensaiar para a próxima. Que tal se a gente improvisar um samba?

Foto(s) relacionada(s):


Alunos tocam instrumentos junto com a ministrante.
Foto: Bruno Rolim

Link(s) relacionado(s):

Fonte: Sandoval Matheus