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Filhos do Festival de Inverno

Nas 20 edições do Festival de Inverno há personagens recorrentes. Crianças e jovens que frequentavam as oficinas ou brincavam na Praça Coronel Macedo e agora trabalham no evento. Como ministrante, monitor ou organizador são pessoas que não se desligam de Antonina.

O Festival foi fundamental para a formação cultural e profissional de participantes e influenciou diretamente na escolha de carreiras. Mesmo sendo um evento cultural, não foram só artistas que o Festival ajudou a criar.

Os mestres

Carlos Rocha, professor do curso de Comunicação Social na UFPR, veio fazer a cobertura fotográfica do evento em 1997, coordenou a equipe de fotografia em 1998 e em 1999 começou a dar oficinas. No primeiro ano ele ministrou uma oficina de fotografia e logo depois passou a ministrar a tão conhecida oficina de “Produção de Curta em Vídeo”. Segundo ele, nenhuma dessas dez oficinas foi igual à outra, pois há um aprimoramento da metodologia a cada ano.

O professor sabe de dois ex-alunos da oficina que agora trabalham com vídeo e imagem, mas acredita que mais pessoas tenham se aprofundado no assunto. As oficinas dão noções gerais sobre os assuntos abordados, apesar de não formar realmente a pessoa para fazer aquilo. Carlos acredita que a partir das oficinas é possível fazer a escolha profissional. “Pode ser que em um ano o aluno odeie a oficina, mas no ano seguinte ele pode se encontrar com outra”, explica.

Outro ministrante que participa do Festival há algum tempo é Eduardo Nascimento, que é de Antonina e foi um dos fundadores do evento. Ele explicou que o surgimento se deu para dar ênfase a uma área que até então não era trabalhada pela Universidade. “A própria cidade de Antonina também oferecia uma veia artística interessante”, conta.

Agora na 20ª edição, Eduardo está ministrando a oficina “Olhar Fotográfico”, a primeira a esgotar as vagas. “É impossível dizer que o Festival não interfere na formação das pessoas, visto que contribui para o conhecimento”, afirma.

Os frutos do Festival

Alguns não o conhecem, mas o Cainã Alves frequenta o Festival desde pequeno, pois é de Antonina, e agora trabalha na organização. Ele sempre participou das oficinas e quando começou a estudar música, com nove anos, participou apenas das que tinham relação com música, principalmente relacionadas com a Orquestra Filarmônica.

Alguns parentes de Cainã também têm formação musical, mas ele é o único que está concretizando o sonho de se tornar músico. “Através do Festival aprendi muitas técnicas, conheci muitas pessoas e o contato com os ministrantes foi muito interessante”, afirma.
O saxofonista agora estuda música na UFPR e declara que deve muito ao Festival. Esse é o terceiro ano que Cainã vem com a equipe da organização e ele espera vir muitos outros. “Só não sei se conseguiria dar oficina, mas vai que um dia dá vontade…”

Não só artistas fizeram suas escolhas por causa do Festival. Mayrã Medeiros participa das atividades na Praça Coronel Macedo desde pequena. Antes a menina vinha para brincar e adorava os jogos coletivos. “Uma vez a gente montou um time na praça durante o Festival que depois participou até de competições”, diz.

Mayrã agora cursa o segundo ano do curso de Educação Física na UFPR e está trabalhando como monitora na praça. “Agora eu vejo que quando eu era criança tinha monitores cuidando de mim e eu nem percebia”, conta.

Ela contou que as brincadeiras na praça ajudaram a definir sua escolha profissional e já queria ter vindo trabalhar no Festival em 2009, mas tinha feito uma cirurgia e não pôde vir. “Eu estava esperando muito para vir pra cá esse ano”, afirma.

Pedro Solak, músico, vem para o Festival há 14 anos. No começo ele vinha apenas nos fins de semana, portanto o primeiro contato que teve foi com os espetáculos. Quando permanecia a semana inteira fazia cerca de três oficinas por edição enquanto seus amigos faziam uma.

Antes Pedro trabalhava na área artística, mas não com música. Foi aqui em Antonina que ele redescobriu a música, pois quando criança tinha aprendido violão e piano. “O Festival me deu abertura para sair do padrão e abrir a cabeça”, explica.

O músico já participou como aluno e ministrante de várias oficinas e montou grupos musicais no Festival. Ele também já veio se apresentar com os grupos Mundaréu, Badulaque, Boizinho Faceiro, Samba do Severo e Voa Voa. “A energia aqui é muito boa, por isso eu não me importo em vir como aluno, ministrante ou para apresentar”, conta.

As irmãs gêmeas Carmela e Bruna Bardini vêm desde 2003 para o Festival e este ano estão ministrando a oficina “Danças Circulares”, uma para adultos e uma para crianças.

A oficina infantil, ministrada pela Bruna, já tinha sido aprovada no ano passado, mas foi cancelada e ficou para este ano. “No fim foi até melhor porque agora eu e Carmela estamos dando aula ao mesmo tempo”, afirma Bruna. Carmela, mesmo trabalhando, se sente de férias por causa do ambiente do Festival, que tira as pessoas do cotidiano.

Carmela espera vir mais vezes para o Festival, seja como ministrante ou como aluna. “Essa expectativa de vir para Antonina é muito grande, todos esperam esse momento”, afirma.

Foto(s) relacionada(s):


O Voa Voa, grupo de maracatu que surgiu em 1996, durante o Festival, se apresentou na abertura.
Foto: Bruno Rolim

Fonte: Luíza Barreto