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Horário de verão afeta de forma diferente pessoas “matutinas” e “vespertinas”

Há inclusive um teste no site http://www.crono.icb.usp.br/cronotipo.htm visando a identificação desses “perfis”, que segundo os estudiosos têm uma tendência genética. Assim, “dormir e acordar mais cedo ou dormir e acordar mais tarde não seria apenas uma questão de costume, mas uma questão determinada pelos genes e que poderia dificultar a adaptação às mudanças trazidas pelo horário”. Quem diz isso é o professor do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Paraná, Fernando Louzada, atualmente em Boston como pesquisador visitante da Harvard Medical School.

“Pelo que estamos pesquisando, as pessoas ‘vespertinas’ têm maior dificuldade em se adaptar ao horário de verão. Os adolescentes que têm uma tendência em atrasar seus horários também sofrem mais com o novo horário. O que pode resolver é o aumento da exposição à luz solar já nas primeiras horas da manhã. Isso porque temos de ‘avisar’ ao nosso sistema nervoso de que o dia está começando uma hora mais cedo”, explica o pesquisador da UFPR.

De acordo com Louzada, é como se uma hora do dia nos fosse ‘roubada’, fazendo com que sejamos obrigados a adiantar todos os nossos ritmos biológicos em uma hora, o que, dependendo do caso, pode demorar alguns dias ou mesmo algumas semanas. “Nos primeiros dias após a implantação do horário de verão, o que temos é uma privação parcial de sono”, acrescenta. “Isso pode trazer desde sonolência até alterações de humor. Há estudos no Canadá que mostram um aumento na incidência de acidentes de trânsito nos primeiros dias após a entrada do novo horário.”

Louzada explica que há uma relação entre exposição à luz e humor. Nos países escandinavos, por exemplo, nos quais há meses sem sol e outros com luz solar até as 23 horas, muitas pessoas costumam apresentar distúrbios psiquiátricos como a “depressão sazonal”, que é desencadeada no inverno e geralmente tratada com luz artificial. “No Brasil não há uma grande diferença entre verão e inverno no que diz respeito ao ‘fotoperíodo’ – números de horas de claridade”, explica. “Mas o que podemos observar em Curitiba – ao contrário do que ocorre em outras regiões do País, é que no inverno a luminosidade das primeiras horas da manhã é baixa. Esse pode ser o motivo de termos encontrado mais pessoas vespertinas na capital paranaense do que em São Paulo, por exemplo.”

SOBRE O HORÁRIO DE VERÃO – Estabelecido no Brasil por decreto desde 1931 – ainda que de forma descontinuada – a origem do horário de verão remonta à Inglaterra de 1907. Foi lá que o construtor londrino William Willett deu início a uma campanha para diminuir o consumo de luz artificial ao mesmo tempo em que estimulava o lazer dos britânicos. Na época ele propunha o avanço dos relógios em 20 minutos aos domingos do mês de abril, retardando-os na mesma quantidade nos domingos de setembro.

Mas o primeiro país a adotar realmente a proposta foi a Alemanha, em 1916, seguida então pela Inglaterra. O período, da Primeira Guerra Mundial, considerava a economia de energia como um importante esforço de guerra, diminuindo o consumo de carvão, principal fonte daquele tempo.

De lá para cá, o princípio continua o mesmo: adaptar as atividades diárias à luz solar, aproveitando que nos meses de verão o sol nasce uma hora mais cedo. Hoje, aproximadamente 70 países adotam o horário de verão em seus calendários.

No Brasil, a última versão do horário começou no dia 16 de outubro e terminou no dia 18 de fevereiro deste ano. Abrangeu as regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste – estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O objetivo é reduzir o consumo principalmente no horário de pico, entre 18h e 21 horas.

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Foto: Isabel Liviski

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Fonte: Vivian de Albuquerque