O segundo e último dia do XII Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná transcorreu em clima de tranquilidade. Os candidatos enfrentaram as provas de redação e provas objetivas, com cinco horas de duração. Faltaram 117 dos 341 inscritos, um percentual de 34,31%, considerado normal pela média histórica nos vestibulares indígenas.
Os estudantes foram divididos em dez turmas no Bloco 5 das dependências da universidade Unibrasil. Uma estudante surda contou com intérprete de Libras e várias estudantes mães contaram com apoio de banca especial para amamentar seus bebês.
Os candidatos realizaram provas de Língua Portuguesa, redação e questões objetivas e de Língua Estrangeira Moderna (Inglês ou Espanhol) ou Língua Indígena (Guarani ou Caingangue), Biologia, Física, Geografia, História, Matemática e Química.
Durante a quinta-feira (13), os candidatos passaram por prova oral. A partir da leitura de um texto e uma imagem, os candidatos foram avaliados na sua capacidade de dialogar sobre o tema proposto, interpretando e opinando sobre seu posicionamento e argumentações presentes, relacionando com sua tradição oral e com outras experiências. O valor da prova oral e da redação é de zero a 50 pontos cada. As provas objetivas, com cinco questões cada, também valem 50 pontos no total de cada uma, totalizando 400 pontos.
Candidatos para UFPR – Para as dez vagas disponibilizadas no processo pela UFPR, concorrem 32 indígenas. Contando com o apoio da Funai ou de recursos próprios, eles vieram de comunidades indígenas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, Paraíba e do Amazonas.
Classificação – Os resultados serão publicados até o dia 11 de janeiro de 2013, no site do Núcleo de Concursos da UFPR http://www.nc.ufpr.br/ e nos sites das universidades envolvidas. A classificação dos candidatos será feita por opção de instituição escolhida e, a partir desse critério, por ordem descrescente dos escores obtidos pela somatória dos pontos obtidos em cada uma das provas.
Estudantes indígenas – A professora Laura Ceretta Moreira salientou a importância da inserção dos estudantes indígenas da UFPR no processo seletivo. Eles foram convidados a participar para que propiciassem um maior acolhimento aos candidatos. Alunos de vários cursos de graduação, eles atuaram como voluntários nos alojamentos, ajudando na organização das refeições, dormitórios e traslados. Falando em nome do grupo, Douglas Jacinto da Rosa, aluno do quinto período do curso de Gestão Ambiental, disse sentir-se honrado em participar: “Tentei inseri-los ao máximo, perguntando de seus anseios e ouvi falas que lembraram muito a mim mesmo, da época em que eu participei como candidato”, disse. Douglas relata que ouviu desses estudantes muita vontade de adquirir conhecimento para aplicar de forma positiva e adaptada à realidade das aldeias. Douglas afirma que na universidade seus anseios amadureceram, ganharam direcionamento. Pretende ser um profissional capaz de atuar nos espaços necessários à defesa das demandas indígenas.