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Téssera relê Bertold Brecht

A Téssera Companhia de Dança da UFPR apresentou ontem o espetáculo Só em Acapulco. Logo que a plateia adentrou o Theatro Municipal de Antonina, a partir das 18h30, encontrou-se em um clima noir, com a luz fraca e vermelha e um pouco de gelo seco no palco. O exílio era o tema da apresentação, mas não apenas o relativo a um país, como explica o diretor e coreógrafo Rafael Pacheco: “É uma analogia à solidão imposta por si mesmo. Por isso a escolha foi em cima de Bertold Brecht”.

Nascido na Alemanha em 1898, Brecht foi um importante teórico, poeta e dramaturgo de pensamento crítico. Assim foi o espetáculo da Téssera, com um enredo e coreografia fazendo a crítica à ostentação, à divisão do trabalho, ao consumismo, à dominação e à exploração. “Fica uma sensação de vazio”, opina o artista César Felipe Pereira, de 27 anos. Para ele, além da questão filosófica, o balé apresentava contrapontos técnicos interessantes. “A delicadeza dos movimentos em relação à trilha agitada”, exemplifica.

Essa não é a primeira vez que a Companhia de Dança da UFPR participa do Festival de Inverno. “A Téssera ama vir ao Festival”, conta a bailarina Helen de Aguiar, com entusiasmo. “Todo ano trazemos a temporada oficial de Curitiba”, pontua. Mas 2011 trouxe um novo desafio: reler Bertold Brecht. “É difícil, mas muito prazeroso. A releitura em si traz a dificuldade, só que, por ser fora do habitual, é desafiador. Vale a pena”, conclui.

Durante toda a apresentação, um bailarino caracterizado como o clássico autor observa os demais em seus momentos mais baixos e também nos mais delicados, como caracterizou César Felipe. É através dos olhos dele que a plateia associa os movimentos da dança com realidades sociais que geram indiferença, rejeição, segregação e exclusão. Nas palavras de Pacheco: “O individualismo conceitual provoca a solidão”.

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Bailarino do Téssera encarna Brecht em Só em Acapulco.
Foto: Ronaldo Duarte

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Fonte: Phillipe Trindade, sob orientação de Mário Messagi Jr