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FEDERAL DO PARANÁ

Talento, dedicação e criatividade

A oficina de Alegorias e adereços reuniu representantes do melhor carnaval do Paraná com o melhor carnaval do Brasil. André Marins, carnavalesco que já passou por escolas de samba como Caprichosos de Pilares e Vila Izabel, está no 21° Festival de Inverno para, como ele mesmo diz, “trocar ideias” sobre o carnaval de Antonina.

A oficina tem como objetivo repassar aos participantes a prática na montagem dos figurinos. Para chegar ao resultado final, todas as etapas que constroem um desfile de carnaval serão apresentadas.

Desde a concepção, com a ideia do carnavalesco, o enredo, texto, figurino, plástica e trabalho com o compositor até a transmissão do que foi planejado para os artistas que vão transformar em realidade as fantasias, carros alegóricos e adereços.

O resultado da oficina será apresentado no sábado (16), na forma de homenagem às escolas de samba de Antonina, com fantasias que representem enredos de antigos carnavais. A mostra do trabalho terá também exposição de fotos, imagens e vídeos. Os participantes da oficina pertencem a diferentes alas de escolas de samba distintas de Antonina. André Marins explica que esse é um trabalho coletivo. “Todo mundo vai fazer alguma coisa. Somos um coletivo e viemos para trocar. Não se contrói sozinho, é um coletivo”, explica.

Centro de reabilitação

Formado em Artes Plásticas, Moda e Design , o ministrante – ou, como ele prefere, mediador – já acumula quinze anos de experiência trabalhando com carnaval. Marins trabalhava com moda e não se imaginava no mundo do carnaval, quando um amigo o convidou para apresentar seus figurinos ao presidente da escola de samba Caprichosos de Pilares, Fernando Leandro. O presidente gostou do que viu, e no ano seguinte, Marins estreava como figurinista da escola.

O carnaval ganhava mais um adepto. Ou, como diz Marins, um viciado. Para ele, deveria existir um “centro de reabilitação para carnavalescos”, pois o carnaval é como uma droga e, quem entra nesse “vício”, não sai mais. “É muito gostoso, prazeroso, ver as pessoas admirando seu trabalho, gritando já ganhou”, diz Marins sobre a atuação no carnaval. “É como um filho, você estuda (o tema), pesquisa e vê nascer (o enredo). É emocionante, não tem como explicar”, conta o carnavalesco, com o brilho nos olhos de quem realmente ama o que faz.

Além do carnaval, Marins trabalha com teatro, novelas, está escrevendo seu segundo livro e ainda dá aulas de chapelaria na Escola das Artes Técnicas (EAT) da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec). Participa também de um livro que será lançado na Bélgica, em outubro. A obra reúne os trabalhos artísticos do carnaval brasileiro e Marins foi convidado a participar por seu prêmio como melhor figurinista em 2007.

Estrutura

O carnavalesco se surpreendeu com a estrutura do carnaval capelista. Para ele, se Antonina tem o melhor carnaval do Paraná, precisa se estruturar bem. Se no Rio de Janeiro um desfile chega a custar R$5 milhões, com metade dos recursos subsidiados pelo governo, Marins considera quase impossível construir um carnaval com R$15 mil, como em Antonina. “É muito pouco, o material e a mão de obra para fazer o carnaval são caros”, opina.

Se a verba para a grande festa popular é pequena, por outro lado, o carnavalesco se surpreendeu com os talentos da terra, participantes da oficina. A expectativa para a semana de trocas de experiências é muito grande. “Estou satisfeitíssimo. Gostei do projeto do Festival, gostei do lugar”, conta Marins, surpreso com a estrutura que a Universidade dá, em um evento de arte.

O figurinista que ainda está a procura de sua criação perfeita mostra a que veio. Ao trazer mais cor e alegria com sua oficina ao Festival, ele lembra Paulo Freire: “vamos brincar de fazer um mundo melhor, deixamos de ser coisa para passar a ser gente”.

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Participantes da oficina constroem adereços.
Foto: Ronaldo Duarte

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Fonte: Lais Murakami