Panos, linhas, agulha e histórias de vida tecem as obras da exposição “Tecidos de luta: águas para a vida”, resultado de pesquisa de projetos de extensão da Universidade Federal do Paraná, em parceria com o Movimento Nacional de Atingidos por Barragens (MAB). A abertura da exposição será no dia 17 de outubro, às 19 horas, e a mostra fica em cartaz até 26 de novembro, na galeria da Caixa Cultural, em Curitiba. A entrada é gratuita.
Com curadoria coletiva entre o MAB e os projetos de extensão da UFPR Máquina de Ativismos em Direitos Humanos, Direitos em Movimento, EKOA, Emaranhado.lab e Sacode & Movimenta: Encontros Culturais, a mostra traz uma seleção de 25 obras construídas de norte a sul do Brasil. Os trabalhos em exposição foram bordados pelo grupo das Mulheres Atingidas por Barragens (https://mab.org.br/mulheres/) e retratam situações de violações de direitos humanos e resistência.
O professor Leandro Franklin Gorsdorf, coordenador do projeto Máquina de Ativismos em Direitos Humanos, explica que “as atividades começaram no início do ano, com pesquisas nos acervos do MAB a partir de três rodas temáticas, com assuntos afins: conflitos socioambientais, curadoria compartilhada e feminismo e bordados. Durante todo o processo houve a participação constante das mulheres atingidas por barragens”.
As peças foram bordadas inspiradas na “arpillera”, técnica têxtil chilena popular, reconhecida como símbolo da resistência de mulheres às violências praticadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, nos anos de 1970 a 1990. Nos trabalhos das Mulheres Arpilheiras do MAB, apresentados de forma inédita em Curitiba, as costuras têm vocação política, não só denunciando o território esgarçado, mas elaborando saídas para um futuro possível.
Para os organizadores, “na técnica da arpillera, conduzida como um exercício sutural do cotidiano rompido, proliferam imaginários de mobilização e reparação. São traçados de vida e luta, que bordam e transbordam mundos e relações desatadas por conflitos e danos ambientais.As produções evidenciam um tipo particular de tessitura comunitária, que tensiona os sentidos convencionais da autoria individual e produz, no coletivo, a luta por direitos e o ativismo social”.
“Ao mesmo tempo que retratam paisagens, cotidianos e biografias profundamente alterados e alagados pela violência, os bordados também materializam a organização e o protagonismo feminista. Na juta, estão imbricadas trajetórias de rios e de gentes, e em cada ponto, muitos outros encontros se tecem”.
Durante o período expositivo, será realizada uma oficina de “Bordado de Arpilheiras”, no dia 18 de outubro, às 18h30 e uma roda de conversa sobre “Direitos Humanos e o Movimento das Mulheres Atingidas por Barragens”, no dia 24 de outubro, às 15h30. As atividades são gratuitas. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas diretamente no site da Caixa Cultural de Curitiba.
Serviço:
Exposição “Tecidos de luta: águas para a vida”
Abertura: 17 de outubro (terca-feira), às 19h
Período expositivo: 18 de outubro a 26 de novembro de 2023
Local: Galeria Térrea da Caixa Cultural (Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro, Curitiba)
Horário de visitação: de terça-feira a sábado, das 10h às 20h, domingos e feriados das 10h às 19h
Entrada gratuita
Imagem em destaque: Obra Boate Xingu, de autoria das Mulheres atingidas do município de Altamira, Pará