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FEDERAL DO PARANÁ

Presidente do CNPq fala na UFPR sobre a pesquisa no País e alerta para o potencial do Paraná

“A questão central da ciência e tecnologia é algo que vai persistir pelo resto das nossas vidas no que diz respeito ao desenvolvimento”, iniciou o palestrante, convidado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPR. “Nossa produção científica tem aumentado cerca de 2% ao ano, média quatro vezes maior que a média mundial. Mas o problema ainda é sério quando comparamos estes números com os dos países desenvolvidos. Neles, 60% dos pesquisadores estão nas indústrias, enquanto que no Brasil 80% deles estão nas universidades. O que precisamos fazer é criar condições para que as empresas contratem mais pesquisadores como um fator de competição. Isso porque é o conhecimento que produz o desenvolvimento.”

PLANO DE AÇÃO – Para exemplificar, o presidente do CNPq mostrou números das exportações brasileiras e dos investimentos de vários países no desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, falando de um Plano de Estado, em vigor desde o ano passado, que visa justamente incrementar as ações nestas duas áreas, com benefícios como um maior incentivo à formação tecnológica, a concessão e a expansão de bolsas e a ampliação da formação em pós-graduação.

“O Brasil forma cerca de 10 mil doutores por ano”, exemplificou. “Comparado com outros países latino-americanos, é muito. Mas é o mesmo número de doutores que formam países como a França e a Espanha que têm um terço da população brasileira. Ou seja, é um número ainda muito pequeno em relação ao que demandamos. Por isso precisamos tanto acertar o jogo com as indústrias e companhias. Para que estas pessoas formadas nas universidades possam fazer lá – nas indústrias – a pesquisa e o desenvolvimento. O CNPq é o principal financiador da pesquisa de base, não comprometida com resultados de aplicação imediata. Em 2001, investimos R$ 25 milhões. Em 2007, R$ 150 milhões. E, neste ano, já estamos na marca dos R$ 100 milhões só até agora.”

Algumas áreas consideradas como estratégicas pelo Conselho seriam a nanotecnologia, os biocombustíveis, o programa espacial e nuclear, mar e Antártica, meteorologia e mudanças climáticas, saúde e biotecnologia, desenvolvimento sustentável da Amazônia, entre outras.

“Temos muitos desafios pela frente, como a questão dos alimentos, da saúde, da energia, mas um ponto que exemplifica bem isso é a existência de tantos desequilíbrios regionais. A taxa de mortalidade infantil no Brasil é maior do que em países como o México, a Argentina, o Chile e Cuba. Mas muda muito, também, entre as próprias regiões do País. Esta heterogeneidade aparece em qualquer atividade que formos considerar, inclusive na pós-graduação. De 50 a 60% dos cursos estão concentrados na região Sudeste, mas precisamente em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. Interessa ao País corrigir esses desequilíbrios para que todas as regiões possam ser incluídas no esforço produtivo de desenvolvimento. No CNPq temos um programa voltado para a fixação de doutores em regiões menos desenvolvidas. E é para programas como estes que funcionam as parcerias com as fundações estaduais de amparo à pesquisa, caso da Fundação Araucária no Paraná.”

PARANÁ – Segundo Zago, entre 2003 e 2007, a distribuição de bolsas de forma regional vem crescendo, com os estados menos favorecidos recebendo maior atenção. “Isso não quer dizer que estamos diminuindo os investimentos nas regiões Sul e Sudeste”, garantiu. “Mas sim que eles têm aumentado, proporcionalmente, nas outras regiões. No Paraná isso também vem ocorrendo. Em 2004, por exemplo, só a UFPR recebeu quase R$ 10,5 milhões, o equivalente a 39% do total de recursos para o Estado. A Federal do Paraná está aumentando cada vez mais o seu poder de fogo e espero que continue a aumentar nos próximos anos. Ela está progredindo porque vem aumentando a sua produção e sendo mais agressiva na captação de recursos. Mas é claro que ainda é menos do que poderia ser, se considerarmos a situação econômica do próprio Estado. Não há motivo para que o governo paranaense não participe mais ativamente deste processo. Não são os professores que irão ganhar mais dinheiro, mas a universidade e, consequentemente, o Estado. O Paraná pode ser um estado com dificuldades na gestão de sua Ciência e Tecnologia, mas é um estado rico. Estamos agora com o PRONEX e este é o momento para que as fundações nos digam quanto querem receber para o apoio à pesquisa”, concluiu.

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Auditório lotado para ouvir o presidente do CNPq
Foto: Izabel Liviski


O Dr. Marco Antonio Zago, presidente do CNPq
Foto: Izabel Liviski

Fonte: Vivian de Albuquerque