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Livro de professor da UFPR abordando o nazismo já é um sucesso de vendas

“Depois que lancei o livro, tenho aprendido cada vez mais sobre o assunto”, comenta o escritor. “A existência de soldados brasileiros nas tropas de Hitler era algo de que se falava, mas de que não se tinha nada escrito até então.”

Foi o trabalho do escritor Norberto Toedter, autor de “…e a Guerra continua” – outra obra de referência no tema, que inspirou os estudos do professor da UFPR. Foi também Toedter, de quem Dennison acabou se tornando amigo, que indicou as fontes para as entrevistas. Durante dois anos, viajando a São Paulo todos os finais de semana, Dennison fez entrevistas com seis destes “soldados”, hoje nomeados por pseudônimos por uma questão de segurança e preservação da identidade. As conversas só podiam ser escritas no papel – nada de gravador, nada de filmadora – e eram todas minuciosamente revisadas pelos entrevistados. O resultado aparece nas 116 páginas, refletindo em artigos publicados em revistas especializadas, comunidades no Orkut e comentários que não param de chegar.

“As pessoas que contam suas histórias no livro tiveram de ser primeiro conquistadas”, explica Dennison. “Tinham muito receio de se expor, medo do nazismo e principalmente problemas com traumas de guerra. Por isso não se pode dizer que sejam pessoas comuns. O que facilitou meu contato com eles foi o fato de eu não ter ligação nenhuma com alemães ou judeus o que me deixou isento para traduzir na língua portuguesa as memórias do que eles viveram em alemão.”

O próximo livro já está quase pronto é será como uma contraface dos Soldados Brasileiros de Hitler. O nome deverá ser “Os soldados alemães de Vargas”. O lançamento está previsto ainda para este ano. O professor da UFPR é autor de outros dois livros: “Curitiba e o Mito da Cidade Modelo” e “Urbanização e Industrialização no Paraná”.

UM POUCO MAIS SOBRE O LIVRO:

UFPR – Quem são exatamente os “personagens” do livro?

DENNISON DE OLIVEIRA – São cidadãos brasileiros de ascendência alemã que lutaram pela Alemanha de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Filhos de famílias alemãs que aqui nasceram e que retornaram a Alemanha para estudar ou trabalhar. Com a eclosão da guerra não puderam mais sair daquele País, sendo convocados pelas Forças Alemãs. Não há como precisar quantas exatamente foram estas pessoas, mas sabe-se que foram muitas centenas.

UFPR – Por que mais um livro sobre o Nazismo?

DENNISON DE OLIVEIRA – Embora o nazismo tivesse tido papel preponderante na eclosão da guerra, não se pode reduzir suas causas pura e simplesmente à tomada do poder da Alemanha por parte de Adolf Hitler e seus seguidores do partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ou Partido Nazista. O estudo dos projetos e da ação do nazismo deve ser de interesse do leitor contemporâneo justamente por causa das similaridades da conjuntura atual com aquela na qual ele viveu e prosperou. O nazismo se tornou uma força politicamente relevante numa época de crise da democracia, onde movimentos de extrema direita, baseados em um extenso revisionismo histórico, no racismo, nas perseguições às minorias, etc, propunham uma drástica reformulação da ordem mundial vigente, de forma unilateral, e também pela violência – se necessário. É por isso que, de saída, um dos primeiros textos do livro assume que a Segunda Guerra Mundial foi “até o presente”, o maior e mais devastador conflito sofrido pela humanidade em toda a sua história. Infelizmente, nada indica que ele não venha a ser superado por algum outro conflito, de dimensões ainda maiores e piores.

UFPR – Sobre o próximo livro “Os Soldados Alemães de Vargas”. Eles existiram mesmo?

DENNISON DE OLIVEIRA – No Brasil, a conjuntura que antecede a guerra promove o combate oficial aos estrangeirismos inassimiláveis à cultura brasileira, dentro do projeto de nacionalização compulsória que o Regime Vargas adotou. Tidas como o reduto das virtudes cívicas e patrióticas, as Forças Armadas Brasileiras tinham uma recrutamento deliberado de descendentes de alemães. Por outro lado, houve diversos casos de pessoas de ascendência alemã que se alistaram como voluntários para lutar em nosso exército na Segunda Guerra para provar que eram “verdadeiros brasileiros”.

O livro “Os Soldados Brasileiros de Hitler” pode ser encontrado em várias livrarias, entre elas a Saraiva, Cultura, FNAC e Relativa.

Foto(s) relacionada(s):


O autor e sua obra.
Foto: Arquivo pessoal.

Fonte: Vivian de Albuquerque