Logo UFPR

UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Indígenas fazem registro acadêmico na UFPR

Candidatos que além de enfrentarem as provas do Vestibular, precisaram enfrentar também a distância para chegar até Guarapuava – onde foi realizado o sétimo processo seletivo para os povos indígenas.

“Quando as aulas começarem, vocês devem vir à universidade com orgulho. Isso porque, igualmente aos outros candidatos, vocês participaram de um processo concorridíssimo e que também faz parte de uma conquista histórica”, comentou o professor Eduardo Harder, um dos membros da Comissão de Acompanhamento dos alunos indígenas e da CUIA – Comissão Universidade para os Índios. “Assim como vocês estão fazendo agora, nossos primeiros alunos ingressaram na UFPR em 2005. É um programa que está em constante processo de avaliação e que para crescer e continuar recebendo indígenas pelos próximos 20 ou 30 anos dependerá muito do desempenho de cada um de vocês, de cada um de nós”.

Vindos de Biguaçu, município da Grande Florianópolis, Santa Catarina, Daniel Timóteo Martins, 19 anos, tribo Guarani, e o cunhado Marcelo Gonçalves, 23, Caingang, são exemplos de persistência. O processo de inscrição para o vestibular foi conturbado desde o início. “Primeiro faltava a assinatura da FUNAI, depois não conseguíamos as passagens – que acabaram vindo um dia antes da nossa viagem – mas agora estamos aqui”, contou.

Os dois estavam trabalhando – vendendo cartões de crédito numa empresa de telemarketing – quando receberam a notícia de que foram aprovados. “Fiz o vestibular apenas para ver como era, sem estudar. Por isso não entendi quando minha mãe me disse que eu teria de ir embora de casa”, acrescentou Daniel. “Olhei o site quatro vezes antes de comemorar.”

Chefe do setor de educação da FUNAI de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Maria Inês de Freitas veio acompanhando o filho Marlon, decidido pelo curso de Agronomia. “Para nós a questão da formação tem de surtir um efeito muito maior que atinja toda a nossa luta pelos direitos das nossas comunidades. Deve ser um crescimento não apenas profissional, mas político.”

Aprovados no vestibular indígena, os alunos fazem a escolha do curso no momento do registro acadêmico. E os cursos apontados como preferenciais foram, além do de Agronomia, os de Psicologia, Engenharia Ambiental, Pedagogia e Ciências Econômicas. Kuaray, Sol em português, como é conhecido Daniel, ainda surpreso com o resultado no vestibular não tinha chegado a uma conclusão sobre o curso. Uma das opções era o de História.

Para permanecerem na UFPR e poderem arcar com despesas como moradia, transporte e alimentação nos finais de semana, os alunos receberão bolsas de auxílio da FUNAI e da UFPR, além da alimentação gratuita – durante a semana – nos RUs. As sete vagas que estão preenchendo foram oferecidas como suplementares àquelas ofertadas no processo seletivo geral, para serem disputadas exclusivamente por estudantes indígenas residentes no território nacional brasileiro. As universidades estaduais ofereceram mais seis vagas cada uma, num total de 49 colocações. Os indígenas aprovados vêm do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Amazonas, apenas um deles vem de Castro, no Paraná. Isso costuma acontecer por causa da oferta das vagas. Enquanto os estudantes de fora podem concorrer apenas para as vagas da UFPR, os que residem no Estado podem se inscrever também nas universidades estaduais, geralmente mais próximas de suas cidades de origem.

Também participaram da recepção aos novos calouros, o diretor do NAA – Núcleo de Acompanhamento Acadêmico Robson Bolzon; o representante da FUNAI em Curitiba Luiz Omar e Bruna Carolina Domanski, também da Comissão de Acompanhamento dos Alunos Indígenas da UFPR.

Foto(s) relacionada(s):


Os aprovados no momento da recepção no NAA
Foto: Izabel Liviski


Daniel e Marcelo: aprovação surpresa
Foto: Izabel Liviski


Maria Inês e o filho Marlon: opção pela Agronomia
Foto: Izabel Liviski

Fonte: Vivian de Albuquerque