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FEDERAL DO PARANÁ

Grupo de Aqüicultura é referência em estudos ambientais

O grupo que hoje aparece em programas de TV e jornais nacionais já enfrentou muitas dificuldades principalmente no que diz respeito à infra-estrutura e hoje possui alguns dos laboratórios e trabalhos mais modernos – até se comparados às pesquisas realizadas em países como o Japão e os Estados Unidos. O foco está nos estudos de impactos ambientais e no repovoamento de animais aquáticos como o camarão e o caranguejo.

“Num primeiro momento, tentamos trabalhar com os pequenos produtores de peixes do Paraná, mas era muito complicado por causa da falta de recursos”, lembra o professor Antônio Ostrensky, um dos coordenadores do GIA. “O Paraná é um dos maiores produtores do Brasil, mas quem trabalha com isso ainda ganha muito pouco e não tem como investir.”

As dificuldades continuaram até o ano 2000 quando um grande vazamento de Petróleo atingiu a Baía de Paranaguá. A Petrobrás entrou em contato com a UFPR. Queria fazer um trabalho de repovoamento de caranguejos, os mais afetados pelo acidente e de importante papel na economia da região.

“Eu já tinha feito um trabalho nessa mesma área e, na UFPR, até 2001, produzimos 2 milhões de larvas de Caranguejo-Uçá num laboratório que conseguimos montar no Espírito Santo”, conta Ostrensky. “Havia uma empresa de lá que tinha um laboratório sem uso e nós o adaptamos e trabalhamos lá, com a coordenação da universidade e a parceria da Petrobrás.”

Em função do sucesso desse primeiro trabalho vieram vários outros, assim como outros acidentes ambientais que também necessitavam de medidas corretivas. Entre 2001 e 2003, o GIA fez a avaliação do impacto ambiental do acidente causado pela REPAR – Refinaria Presidente Getúlio Vargas, que deixou óleo nos peixes dos rios Barigüi e Iguaçu. Em 2003, a atuação foi no acidente da Petrobrás na Serra do Mar. E logo em seguida o caso do Navio Norman, que encalhou em Paranaguá.

“Começamos a atuar em todo o País, fazendo avaliações de impacto ambiental e da prospecção e exploração de óleo em áreas sensíveis ambientalmente. Trabalho que acabamos expandindo para as comunidades com a avaliação do impacto social”, comenta o professor, citando a atuação na Região de Morro de São Paulo, na Bahia.

Mas um dos trabalhos de maior projeção foi o realizado a pedido do Governo de Sergipe. O GIA estudou a mortandade dos caranguejos, que acontecia sem uma explicação aparente. “Eles estavam sendo processados pelo Governo Federal por causa de uma possível relação entre o cultivo de camarão e a mortandade dos caranguejos”, esclarece Ostrensky.”E, em janeiro de 2004, fomos investigar se isso era realmente verdade. Acabamos descobrindo que o motivo era um fungo.”

Fungo esse que acabou se espalhando por outras regiões do país e matando vários caranguejos. O que o GIA faz agora, com mais intensidade, é o trabalho de repovoamento. “Estamos fazendo isso desde o ano passado – cultivando as larvas em laboratórios, e logo devemos começar o mesmo trabalho com os camarões.”

No Setor de Ciências Agrárias da UFPR existe uma estrutura de 500 metros quadrados construídos. Um laboratório para a produção de larvas de caranguejo-uçá a 120 quilômetros do mar. “É o único do Brasil”, garante Antônio Ostrensky. “A área de repovoamento é bastante nova. Mas a situação chegou a tal ponto que pode entrar em colapso. Um problema ainda mais grave quando se sabe que a população que explora este tipo de economia é de baixíssima renda e sem nenhuma outra opção de geração de recursos. Um catador de caranguejos pode ficar um dia inteiro no mangue para pegar o equivalente a R$ 8,00. E isso quando não há mortandade.”

Investimentos – Em sete anos, o GIA conseguiu investir na UFPR algo em torno de R$ 2,5 milhões. São duas bases: uma no Setor de Ciências Biológicas, com um laboratório de biologia molecular que avalia o sucesso do repovoamento, e outra no Setor de Agrárias. O dinheiro vem de instituições de fomento à pesquisa e de parcerias como a da Petrobrás e o Governo do Estado do Sergipe. O projeto do GIA envolve mestrandos, doutorandos, além de pesquisadores e profissionais externos à universidade. A equipe tem cerca de 25 integrantes.

PROJETO CULTIVAR – Em todo o Brasil são vários os projetos incentivando o cultivo de ostras como uma fonte de geração de renda para as populações litorâneas. O GIA também está iniciando um projeto relacionado à área, mas com um foco completamente diferente e realmente empresarial.

“Vamos trabalhar no Paraná, na Baia de Guaratuba e em Paranaguá”, explica Ostrensky. “Temos em mente que produzir é relativamente fácil. O problema é vender. Assim, nossa proposta é fortalecer o fluxo de comercialização. Não queremos ensinar as pessoas a produzir, mas ensinar a como ganhar dinheiro com o que elas já fazem. O trabalho do GIA ganha um foco também social, com o desenvolvimento de questões como a do cooperativismo.”

Denominado Cultimar, o projeto deverá garantir a qualidade sanitária das ostras para os consumidores. Para isso já está sendo estudado um selo de certificação para os produtores que aderirem ao programa e conseguirem um bom nível sanitário da produção. Outros investimentos serão feitos na criação de uma marca para o produto e na comunicação dela para o mercado.

Outros pontos que ainda deverão ser abordados são a legalização das áreas de exploração e as questões de aqüicultura, meio ambiente e turismo. “Vamos investir em receitas, participar de feiras, sempre com o apoio da Petrobrás e de outros parceiros que estamos começando a captar. Até maio de 2006, queremos ter um projeto sustentável e de continuidade”, garante Ostrensky.”Queremos que seja um modelo válido para o Brasil inteiro, seguindo o conceito básico da cadeia produtiva”, finaliza.

O site do GIA com as informações sobre estes e outros projetos é o www.gia.bio.ufpr.br.

Foto(s) relacionada(s):


Pesuisadores do GIA coletam amostras para pesquisas
Foto: Arquivo GIA


GIA em atuação no arrasto das corredeiras
Foto: Arquivo GIA


Um dos laboratórios do GIA na UFPR
Foto: Arquivo GIA

Fonte: Vivian de Albuquerque