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Evento na UFPR convida mulheres a ocuparem seu espaço no campo das Exatas

“É fundamental que uma mulher se inspire na outra. É um incentivo. É fazer acreditar no ‘também posso’”, diz Elizabeth Wegner, uma das organizadoras do evento. 

“Eu era a estudante que nas aulas de Matemática acabava os exercícios antes de todo mundo”, diz Camila Silveira, hoje professora do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e uma das organizadoras do evento “Meninas nas Exatas: por elas para todos”. Camila é um exemplo de mulher que se tornou referência em sua área. 

Mesmo assim, na educação superior no mundo, apenas 30% das mulheres escolheram campos de estudo relacionados às Ciências, à Tecnologia, à Engenharia e à Matemática, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A iniciativa de professoras da UFPR promoveu atividades para jovens com o objetivo de despertar o interesse para a área. Oficinas, gincanas, palestras, visitas a laboratórios, rodas de conversa e exposições – tudo pensado para atrair meninas e mulheres para o mundo das Exatas.

O “Meninas nas Exatas” foi realizado na UFPR no dia 11 de fevereiro, data em que é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências. Fotos: Marcos Solivan/Sucom-UFPR

Para Camila, a representatividade é essencial. “Se não nos reconhecemos naqueles espaço, criamos a ideia de que aquilo não é para a gente. Temos poucas mulheres cientistas e, se pensarmos nas Ciências Exatas, esse número cai ainda mais. O evento lida com a questão da representatividade, e a maioria das atividades é ministrada por mulheres. A ideia é que os jovens tenham contato com as mulheres cientistas, e que a partir daí possam se inspirar”.

Escolas marcaram presença no “Meninas nas Exatas”. O evento foi realizado no Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências, instituído pela Unesco e pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 11 de fevereiro. A data é celebrada desde 2016.  Ao longo da manhã e da tarde, mais de 40 atividades foram realizadas.

O evento reuniu mulheres de todas as idades no Centro Politécnico da UFPR, no Jardim das Américas. Elas participaram de gincanas, oficinas, palestras, visitas a laboratórios, rodas de conversa e exposições.

De geração em geração

Emanoelle Lima, aluna do ensino médio, gosta de Física. “É uma sensação muito boa ver as mulheres dentro do campo das Exatas. É assim que é possível evoluir na parte de representação de gênero. Aos poucos, as mulheres vão sendo incluídas em atividades que, historicamente, são mais relacionadas aos homens”.

Maria Eduarda Maia, aluna do curso de Matemática da UFPR, espelha-se em mulheres da sua área. “A professora Adri, que me dá aula atualmente, e a professora Elizabeth, que é a coordenadora do curso: elas são as minhas principais inspirações na Matemática”.

Elizabeth Wegner, professora de Maria Eduarda, conta que sua inspiração também parte de uma professora. “Isso vem da minha vivência. A transformação que eu tive a partir de uma professora que mostrou para mim que uma mulher também pode. Inclusive, ela pagou a minha inscrição para o vestibular de Matemática e meu primeiro semestre na faculdade. Eu percebi que a gente podia fazer isso para a sociedade. Sou professora há 30 anos, apaixonada pela sala de aula”. 

“Meu pai trabalhava numa empresa de engenharia. Ele era responsável pelos orçamentos. Quem ajudava ele era eu. A paixão pelos números foi influência dele. Minha mãe sempre nos incentivou a estudar. É uma mulher muito forte e guerreira, que sempre valorizou a educação”, afirma Elizabeth.

Ernestina Rosa, mãe de Elizabeth, sempre apoiou a carreira da filha na área das Exatas. “Nós demos toda a força. Participei do dia a dia, e não ia dormir enquanto ela não chegava. No final das contas, ela se tornou doutora em Matemática. Ela também teve incentivo da madrinha, que é da área. Hoje, minha filha dá muita força para os alunos que procuram por ela”.

Além do quadro negro

Além de incentivar as mulheres a entrarem no campo das Ciências Exatas, o evento teve como proposta desmistificar a área. Para isso, as atividades realizadas ao longo do dia tiveram caráter lúdico, focado em entreter os jovens.

“Vivemos num mundo muito rápido. Ficar na sala de aula com quadro e giz não faz o aluno absorver o conteúdo. O maior desafio é fazer o estudante ter o raciocínio lógico. Muito mais que decorar fórmula. Conta por conta, calculadora faz”, diz Vitória Nagata, estudante de Matemática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Vitória, estudante de Exatas, acredita que o estímulo ao raciocínio lógico e as atividades fora da sala de aula fazem diferença para o aprendizado dos conteúdos da área.

“Eu prefiro a área de Humanas. Apesar disso, eu posso conhecer um pouco mais sobre a área de Exatas. O fato de o evento ter um tom leve o torna muito mais interessante”, afirma Ana Karolina Pasdiore, aluna de ensino médio.

O “Meninas nas Exatas” ocorreu das 9h às 17h no Centro Politécnico, no prédio administrativo do Setor de Tecnologia. No local, há uma das placas que homenageia Enedina Marques, a primeira engenheira negra do país. A abertura contou com a presença da vice-reitora da UFPR, Graciela Inês Bolzón de Muniz. O evento mostrou que as Exatas são, sim, para mulheres. “Há um preconceito, mas temos que quebrar as barreiras. O incentivo desde o começo, com mulheres ensinando isso desde a educação básica, é um incentivo que precisa existir”, finaliza Vitória.

Por Breno Antunes da Luz 

Sob supervisão de Bruna Bertoldi Gonçalves 

Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR

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