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FEDERAL DO PARANÁ

Dualismo entre moderno e arcaico é obstáculo, diz Magnoli

Com o tema ‘Fronteiras’, o encontro, organizado pela Universidade Federal do Paraná em parceria com outras instituições de ensino, termina no sábado (25/10). A maioria das atividades acontece no Teatro da Reitoria ou no Centro Politécnico da UFPR.

Em sua palestra, Magnoli criticou o dualismo existente entre o que seria considerado ‘moderno’ e ‘arcaico’ no país. ‘Esse dualismo entre o arcaico e o moderno é um obstáculo para se pensar o Brasil’, analisou. ‘Existe um mito do atraso, de que haveria lugares onde o país é anacrônico.’

Para explicar sua tese, o geógrafo citou exemplos das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. ‘Recife e Salvador são cidades que nasceram cosmopolitas. Manaus e Belém estão entre as três metrópoles equatoriais, ao lado de Cingapura, e a ocupação da Amazônia é recente, tem poucas décadas, assim como a ocupação do Centro-Oeste, extremamente moderna.’

Para Demétrio Magnoli, a história do Brasil pode ser contada através do seu território. ‘O território sempre foi importante para se descrever o país. Aqui, os territórios falam.’

O pesquisador também criticou a divisão do país em zonas urbanas e zonas rurais. ‘No Brasil só existem cidades, todos os brasileiros querem morar em cidades grandes, a não ser quem tem muito dinheiro e quer morar em pequenas cidades fake, que são os condomínios fechados’, afirmou. ‘A idéia de fixar o homem no campo é reacionária.’

Conforme o geógrafo, a forma como se deu a colonização portuguesa foi decisiva para a formação de uma ‘teia’ de cidades brasileiras ‘ligadas ao capitalismo mundial’, geralmente as capitais políticas e os centros econômicos dos Estados.

Magnoli apontou ainda a existência de ‘corredores urbanos’ sem representação efetiva na divisão política, o que tornariam os municípios ‘uma ficção’. ‘As regiões metropolitanas são tentativas quase cartográficas, sem planejamento.’

E fez uma crítica incisiva aos Legislativos municipais: ‘Hoje, não existe nada mais desprezível no mundo político do que as Câmaras Municipais, que são casas de pequenos negócios, muitos deles escusos, com raras exceções’.

Sobre o evento

O 9º ENEPEA reúne esta semana em Curitiba centenas de estudantes, professores e especialistas em paisagismo.

Entre os palestrantes estão o professor de Planejamento Urbano da Universidade de Veneza, Bruno Dolcetta, e o professor de Arquitetura Paisagística da Universidade da Califórnia, Walter Hood.

O encontro também oferece sete oficinas e minicursos dirigidos à qualquer estudante de graduação, independentemente do curso. O objetivo é despertar o interesse nos estudantes em relação aos estudos sobre paisagismo. A participação custa R$ 50.

Os temas das oficinas são os seguintes: ‘A praça: projeto e usos’; ‘Desfotografia a partir de poema de Michel Melamed’; ‘Arquitetura como paisagem’; ‘Cenografia’; ‘Preservação de jardins históricos’; ‘Olhar e desenhar a paisagem’; e ‘Paisagem e preservação na Itália’.

Ocupação do Guarituba

Durante o evento, serão apresentados os trabalhos vencedores do Concurso Nacional de Paisagismo para Estudantes de Arquitetura e Urbanismo. O tema do concurso é a apresentação de propostas para a melhoria das condições de vida das cerca de 40 mil pessoas que vivem na área de ocupação do Guarituba, em Piraquara.

O local é objeto do maior projeto de regularização fundiária do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal no Paraná. ‘O concurso é uma maneira de estimular os estudantes a propor soluções que melhorem as condições de vida dessas populações através do paisagismo possível em ambientes complexos’, avalia Paulo Chiesa, vice-coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR..

Os trabalhos serão expostos entre os dias 23 e 25 de outubro, no saguão de entrada do Prédio da Administração do Setor de Tecnologia da UFPR, localizado no Centro Politécnico.

Programação do 9º ENEPEA

23/10 – quinta-feira
8h30min – Conferências com Walter Hood (Urban landscapes and provocations) e José Márcio Barros (A cidade obs-cena

e suas paisagens invisíveis)
10h30min – Mesa-redonda sobre pesquisa
(Teatro da Reitoria)
14h30min às 18h30min – Comunicações orais, mostras, exposições, oficinas e minicursos (Centro Politécnico)

24/10 – sexta-feira
8h30min às 12h30min – Conferências com Bruno Dolcetta (Mirabilis inventio: tra terra e acque, la costruzione del

paesaggio veneziano) e Josep F. Bramona (Arquitetura como paisagem)
Mesa-redonda sobre extensão
(Teatro da Reitoria)
14h30min às 18h30min – Comunicações orais, mostras, exposições, oficinas e minicursos (Centro Politécnico)
19 horas – Plenária Final e premiação do Concurso Nacional de Estudantes do 9º ENEPEA
(Centro Politécnico)

25/10 sábado
Visita à Curitiba e Região Metropolitana

Minicursos e Oficinas
• A praça: projeto e usos (Sun Alex e Henrique Pessoa)
• Desfotografia a partir de poema de Michel Melamed (José Márcio Barros)
• Arquitetura como paisagem (Josep Bramona, Emerson Vidigal e Silvana Ferraro)
• Cenografia (Flávia Yared)
• Preservação de jardins históricos (Sérgio Treitler)
• Olhar e desenhar a paisagem (Jorge Eduardo)
• Paisagem e preservação na Itália (Bruno Dolcetta)

Workshop
Improvisação como processo de projetar
(Patrícia Akinaga e Walter Hood)

Foto(s) relacionada(s):


Demétrio Magnoli, durante palestra no Teatro da Reitoria da UFPR
Foto: Fernando Oliveira


Público presente à palestra de Demétrio Magnoli, no Teatro da Reitoria da UFPR
Foto: Fernando Oliveira


Demétrio Magnoli, durante palestra no Teatro da Reitoria da UFPR
Foto: Fernando Oliveira

Link(s) relacionado(s):

Fonte: Fernando César Oliveira