A universidade pública brasileira precisa se desburocratizar. Essa foi a conclusão da mesa de abertura do 13º Congresso dos Estudantes da UFPR, na noite de quinta-feira (1º/10), no auditório de Ciências Sociais Aplicadas, campus Jardim Botânico. O congresso, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) com o apoio de alguns centros acadêmicos, vai até o domingo (4).
No debate, intitulado “Universidade para quê e para quem”, os professores Fábio Scatolin, Milena Martinez e Gracialino Dias foram unânimes ao afirmar que no Brasil o ensino superior vem sofrendo um processo histórico de “esvaziamento”.
Reverter isso dependeria, de acordo com os três, de um esforço das instituições para recuperar sua capacidade crítica e se tornar novamente um espaço de reflexão. “É preciso criticar o conhecimento, a própria universidade, o governo, o Estado e mesmo os movimentos sociais. A crítica é a essência do conhecimento”, afirmou o professor Gracialino Dias, do setor de Educação, para uma plateia de cerca de 50 estudantes.
A mesa ainda defendeu uma universidade menos fragmentada e mais vinculada a um projeto de futuro para o país. Projeto que, segundo Fábio Scatolin, do Departamento de Economia, ainda não foi apresentado por nenhum partido.
Para o professor, a atual crise financeira é uma oportunidade aberta para se pensar esse projeto. “Sabemos agora que o velho neoliberalismo já morreu, mas ao mesmo tempo um novo projeto ainda não nasceu. Esse ‘novo’ deve começar a ser gerado dentro da universidade”, defendeu.
A professora Milena Martins, do Departamento de Letras, ainda condenou a propagação desenfreada de uma categoria de faculdades privadas que ela denomina de “uniesquina”.
“Educação é um direito e não uma coisa que qualquer sujeito pode chegar, montar uma uniesquina e colocar um balcão em que se pode comprar três metros de sociologia ou dois de economia”, disse, recuperando a tese de que o ensino superior deve ser um espaço de produção de conhecimento e não apenas para preparo mercadológico.
Programação
Nesta sexta-feira, às 19 horas, também no auditório de Sociais Aplicadas, acontecem os painéis que discutirão a democratização dos meios de comunicação, a universidade como espaço cultural e o papel da mulher na sociedade.
No sábado, a programação acontece no Setor de Saúde, campus central, e conta com grupos de discussão que debaterão o movimento estudantil, às oito da manhã, e o estatuto do DCE, às 14 horas, além das atividades culturais que ocorrerão a partir das 20 horas.
A plenária final do congresso começa às nove horas da manhã de domingo, no auditório do Setor de Saúde.
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Mesa de abertura do 13º Congresso dos Estudantes da UFPR
Foto: Leonardo Bettinelli
Fonte: Sandoval Matheus (estagiário) / Fernando César Oliveira (orientador)
