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FEDERAL DO PARANÁ

Comunidade acadêmica da UFPR começa a discutir propostas para a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio

Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Ensino Médio foi tema de debate na Universidade Federal do Paraná. Crédito: Marcos Solivan.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Ensino Médio foi tema de debate na Universidade Federal do Paraná nesta sexta-feira (8). A iniciativa, promovida pela Pró-Reitoria de Graduação, teve como objetivo dar início à construção de propostas conjuntas pela comunidade acadêmica para serem apresentadas ao Conselho Nacional de Educação, órgão normativo do Sistema Nacional de Educação.

O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, ressaltou a importância de a universidade capilarizar e catalisar o debate sobre o tema. ´” É fundamental principalmente neste  momento em que o ensino público superior parece não ter espaço no projeto de nação. A universidade precisa tomar parte para debater, aprofundar e agir, porque se trata de educação. E educação é a nossa essência”, disse .

O pró-reitor de Graduação da UFPR, Eduardo Barra, reforçou a fala de Fonseca, ao lembrar que a universidade tem diversos papeis e desafios na sociedade e o evento resgata a preocupação com a educação básica do país.

“A ideia central é apresentarmos as propostas na Base Nacional Comum Curricular, discutirmos com a comunidade acadêmica, e construirmos conjuntamente, entre professores e estudantes, propostas para serem apresentadas ao Conselho Nacional de Educação”, órgão normativo do Sistema Nacional de Educação – explica Barra.

O papel da universidade na discussão da BNCC e o impacto na UFPR

Presente ao evento, o vice-diretor do Setor de Ciência Exatas, Alexandre Luís Trovon, que é professor do curso de Matemática,  explica que existe uma base teórica que apoia a BNCC, mas que precisa ser discutida academicamente para que sua operacionalização seja viabilizada em sala de aula: “Existe uma base teórica sob a qual a BNCC foi construída e proposta: são habilidades e competências. Nós temos um referencial teórico que é acadêmico para propor a base. A gente precisa entender em que sentido ocorre a composição dessas habilidades e competências, que embasam a BNCC e perpassam vários conteúdos. Em outros países existe isso bem claro, mas não temos isso no Brasil ainda, por isso precisamos debater academicamente algumas situações a fim de viabilizar o projeto na prática da sala de aula. Como operacionalizar isso? Discutir isso é o papel da universidade”.

O diretor do Setor Litoral, Renato Bochicchio, ressalta a importância do debate dentro da UFPR. “É um debate fundamental, porque altera profundamente a forma como a universidade interage com a sociedade na educação formal, como esses estudantes chegam na universidade, e no formato de formação e adaptação dos cursos de licenciatura que irão formar profissionais para lidar com as novas demandas da BNCC”.

O impacto das alterações da base curricular na formação de professores pela UFPR é uma das principais preocupações dos cursos de licenciatura. “Há um grande temor nas Ciências Sociais”, afirma o coordenador do curso, Alexandro Dantas Trindade. “A base atemoriza os estudantes no que se refere ao exercício profissional. Além disso, a BNCC trata algumas disciplinas de forma transversal e não há previsibilidade de oferta das disciplinas de Filosofia e Sociologia como componentes curriculares”.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em caso de alteração da base curricular do ensino médio, os cursos de licenciatura também devem ter os currículos ajustados.  “Não dá para descolar e pensar somente no currículo do ensino superior, é fundamental fazer a reflexão na perspectiva do conjunto. O reflexo será sentido na educação superior”, avalia a vice-coordenadora do curso de Química da UFPR, professora Camila Silveira da Silva. “No curso, estamos conduzindo a discussão internamente. Ficamos felizes com o debate porque poderemos pensar enquanto universidade, já que a proposta vai impactar todos”, completa.

“Para o ensino de línguas estrangeiras, a BNCC não é positiva, pois prevê a exclusão de outras línguas que não sejam o inglês e isso causa o empobrecimento da oferta de línguas nas escolas públicas do Brasil. Nós do curso de Letras estamos preocupados e mobilizados para que o debate seja o mais abrangente e rico possível”, destaca o coordenador do curso de Letras, Roosevelt Araújo da Rocha Junior.

O professor do Departamento de História, Clóvis Gruner acredita que “a BNCC pode precarizar os cursos e licenciatura, especialmente se a lermos em face à Reforma do Ensino Médio, promulgada em 2016. De acordo com o próprio MEC, é a BNCC quem fornecerá a base curricular para o que está a ser chamado de ‘novo Ensino Médio’. E a tônica da reforma é a desvalorização das licenciaturas por meio da chamada flexibilização do currículo e a criação dos chamados itinerários formativos. O abandono da ideia de uma educação universal como direito impacta negativamente em especial nos cursos de formação de professores e, ainda mais especificamente, nos cursos de Humanas, já que as disciplinas dessa área de conhecimento tendem a perder espaço no ‘novo Ensino Médio’.

A mobilização da comunidade universitária é considerada essencial para a criação de espaços de oportunidade com a nova BNCC. “A base vai alterar o perfil de alunos que receberemos, por isso o debate é uma atitude de grande vanguarda da UFPR. Precisamos discutir isso no sentido preventivo e não esperar o aluno chegar formado pela nova base para decidir o que faremos”, diz o chefe do departamento de Matemática, José Carlos Eidam.

“Se a Universidade não é o único, deve ser um dos principais espaços de discussão e debate sobre as mudanças na educação e seus desdobramentos. E como o impacto não está limitado à Universidade, penso que o fundamental é que ele seja ampliado – ou seja, que a discussão travada no interior da UFPR seja amplificada e que o que começarmos a discutir aqui vá ao encontro, incorpore e seja incorporado, por debates que também estão a ser travados em outros espaços”, finaliza o docente Clóvis.

UFPR apresenta Instituto de Interação entre Universidade e Escola

Para fortalecer a relação entre a UFPR e as escolas, a UFPR criou o Instituto de Interação entre Universidades e Escola, apresentado à comunidade acadêmica na oportunidade do evento “Debate sobre a Base Nacional Comum Curricular – BNCC – Ensino Médio.

O Instituto é uma unidade intersetorial, interdepartamental transversal e de caráter permanente, com a missão de articular, coordenar, disciplinar e fomentar as políticas, ações e unidades institucionais no âmbito da graduação, pós-graduação, inovação, pesquisa e extensão.

Uma das finalidades do Instituto da UFPR, que terá o projeto avaliado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), a fim de oficializar e institucionalizar a unidade, é promover a cooperação entre a universidade e as escolas de educação básica, por meio da aproximação das competências da instituição e das demandas da sociedade e do poder público, qualificação e melhoria da educação básica.

Entre as competências e atribuições do Instituto está o acolhimento e encaminhamento das demandas das comunidades escolares dirigidas à UFPR; contribuir para a participação da Universidade no acompanhamento e no cumprimento do Plano Nacional de Educação; promover o diálogo e a cooperação com as secretarias municipais e estadual de educação; trabalhar para a melhoria e qualificação dos estágios curriculares dos cursos de licenciatura; entre outras.

Confira mais imagens do evento aqui. 

 

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