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Comércio arrecada 30% mais durante Festival em Antonina

Antonina, como boa parte de todas as cidades litorâneas do país, vive, economicamente falando, de sua saída para o mar. Quando há navios atracados no porto, o dinheiro circula pela cidade. Fora isso, três grandes eventos compõem a teia econômica da cidade: o carnaval, que é o maior do estado; a festa da padroeira; e o Festival de Inverno da UFPR. Eles movimentam a cidade e injetam dinheiro na economia antoninense.

A festa de Nossa Senhora do Pilar e o Festival, no entanto, são os economicamente mais sólidos, que beneficiam o comércio de uma maneira geral. É o que pensa o presidente da Associação Comercial de Antonina, Paulo Pacholek. “O público do carnaval é maior, tem noites que são 20, 30 mil pessoas na avenida principal. Mas é um pessoal que às vezes vai embora no fim da noite, não se hospeda nos hotéis, não come nos restaurantes”, analisa ele, enfatizando que a festa de carnaval acontece à noite e, ao contrário do Festival, não movimente a cidade durante o dia.

Sem contar que, enquanto o Festival de Inverno dura oito dias, o carnaval acontece apenas em três. A festa de julho movimenta a economia durante um período maior e, portanto, tem mais possibilidades de gerar um montante maior. Pacholek calcula que, atualmente, a economia de Antonina cresça, no geral, 30% durante o Festival.

Para ele, mesmo quem não lucra diretamente com o Festival, colhe dividendos indiretos. “O pessoal do hotel e do restaurante, que ganha muito com o Festival, depois vai lá comprar alguma coisa na minha papelaria”, analisa Paulo, que também é proprietário da loja Pacholek’s Comércio.

De acordo com Lúcia Mion, a Lucinha, coordenadora de Cultura da UFPR, os patrocinadores do Festival injetaram R$ 380 mil no evento. Parte disso, vai para os restaurantes e a rede hoteleira de Antonina, na forma de vales-refeição e diárias. Ao todo, na equipe de organização, incluindo os ministrantes de oficinas, são cerca de 50 pessoas, que gastam diariamente pelo menos R$ 26 em alimentação e outros R$ 35 em hospedagem. Ou seja, todos os dias são pelo menos R$ 3 mil deixados na cidade.

Lucinha ainda destaca outros gastos do Festival que ficam na cidade, como a compra de materiais para as oficinas. “E o pessoal que vem pra cá também sempre procura um suvenir, uma lembrança, um presente para levar”, destaca.

No restaurante Casa Verde, de André Luís Furlaneto, no entanto, a conta é outra. De acordo com ele, o mês de julho apresenta um faturamento até 200% mais alto, comparado a outros meses do ano, por conta do Festival. “Esses dez dias equivalem para mim a dois meses de trabalho. No último sábado, mesmo com a chuva, nos atendemos mais ou menos 250 pessoas. Meu restaurante tem capacidade para 50. Ou seja, durante a noite, ele encheu cinco vezes. É um absurdo você pensar que um restaurante do tamanho do meu, um negócio familiar, atendeu todas essas pessoas”, constata.

André também diz que o Festival, comparado do carnaval, é um evento que lhe dá mais segurança. De acordo com ele, o público do Festival também é mais ordeiro, afastando a possibilidade de pequenos furtos ou de ser enganado por um cliente ao fechar a fatura de uma mesa. “No Festival eu tenho a segurança que se a pessoas vier aqui, comer uma refeição e tomar uma cerveja ela vai chegar no caixa e dizer que consumiu um almoço e uma cerveja e me pagar. Eu troco três carnavais por meio Festival”, revela. “E não sou só eu. O que a gente ouve nos bastidores do pessoal do comércio é que durante o Festival eles vão colocar a vida em ordem”, conta.

Mas os números e o entusiasmo do proprietário da Casa Verde parecem não ser suficientes para fazer as contas fecharem na administração pública municipal. “É visível que o capital que gira na cidade não é revertido para o poder público. O carnaval e o Festival não se pagam”, afirma Robison Luiz Marcinaki, secretário de Finanças de Antonina, revelando que a prefeitura investiu este ano cerca de R$ 600 mil para fazer o carnaval e “no mínimo” outros cem mil por conta do Festival. “Em algum ponto dessa cadeia tem um problema. O dinheiro não está chegando à administração. O empresário cresce, mas o coletivo, o município, não”, continua ele.

Como contraponto, Robison afirma que o Festival não pode ser pensado apenas pelo viés financeiro. Para ele, as divisas culturais e de turismo que são atraídas para o município durante os oito dias também precisam ser pensadas. “Nós não conseguimos mais viver sem o Festival. Ele é importante para Antonina, mesmo que para as finanças ele não seja saudável. A administração precisa pensar no bem-estar da população”, declara.

André Luís, da Casa Verde, concorda. “Não é só a questão comercial. Não conheço outro evento como o Festival e já fui a outros parecidos. O Festival é democrático, inteiro de graça”, finaliza ele.

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Além do comércio tradicional, os ambulantes também lucram com o Festival
Foto: Guilherme Souza

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Fonte: Sandoval Matheus