São cerca de 80 questões. Pode parecer muito, mas são elas que ajudarão a gestão das universidades a dirigir as estratégias que orientarão o fortalecimento do ensino público. Por esse motivo é muito importante que os estudantes compreendam para que serve e participem da V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais.
O questionário tem questões relacionadas à informações de cor, sexo, orientação sexual, família e renda. Aborda, ainda, dados acerca da vida acadêmica, por exemplo, se houve trancamento de disciplinas, se o aluno frequenta a biblioteca, acesso aos restaurantes universitários, moradia estudantil, participação em projetos de pesquisa e de iniciação científica e dados sobre a saúde do estudante.
Segundo Leonardo Barbosa Silva, vice-coordenador da Pesquisa e professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia, o principal objetivo do levantamento é instrumentalizar as universidades com dados e informações necessárias para produzir políticas de assistência estudantil e de permanência.
“As universidades públicas federais, como o resto da sociedade, são marcadas por desigualdades. Seus serviços e atividades normalmente são seletivamente aproveitados. Estudantes que têm nível de renda mais baixo, que são autodeclarados pretos e pardos, que têm orientações sexuais diferentes da heteronormatividade, que são do sexo feminino, normalmente são privados de um conjunto de oportunidades acadêmicas e têm uma formação com menos qualidade. O papel da pesquisa é dar às universidades informações necessárias para que a equidade no acesso seja garantida”.
A pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFPR, Maria Rita de Assis César, salienta que essa é uma pesquisa para entender quem são os alunos da instituição e reforça que é importante que os estudantes respondam ao questionário para que a universidade tenha cada vez mais a “cara deles”.
“Precisamos conhecer o aluno para que o sistema público de ensino possa desenhar políticas que sejam para o interesse desta população e suprindo estas necessidades. Certamente vai aparecer uma demanda maior por assistência estudantil, porque temos uma universidade ficando cada vez mais empobrecida, com estudantes de outras classes sociais. Se o perfil do estudante muda, o perfil dos professores também muda”, diz a pró-reitora que lembra que a instituição também passa a receber mais professores vindos de grupos sociais subalternizados.
Acesse o relatório da última edição da pesquisa, divulgado em 2016: IV Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras