A UFPR e as Diretorias do Complexo Hospital de Clínicas e da Fundação da UFPR (Funpar) reafirmaram hoje seu compromisso de dialogar com os trabalhadores do CHC/Funpar sobre o Acordo Coletivo de Trabalho da categoria, mas condicionam a retomada das negociações ao fim da greve no Hospital de Clínicas, deflagrada hoje pela diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba).
O reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, esclarece que a Universidade e as diretorias da Funpar e do CHC sempre estiveram abertas ao diálogo com os representantes dos trabalhadores e sempre respeitaram seu direito a manifestações, mas entendem que os pacientes do HC não podem ser prejudicados com a greve, que foi deflagrada pelo Sinditest em resposta à decisão unânime do Tribunal Superior do Trabalho (TST), tomada no último dia 6 de abril, de que os trabalhadores Funpar/CHC sejam representados pelo Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativa, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Paraná (Senalba) – e não pelo Sinditest.
O Sinditest já havia sido derrotado nas duas instâncias inferiores da Justiça do Trabalho – a primeira delas em 2014, quando pediu que a Justiça considerasse seu sindicato como representante dos trabalhadores Funpar lotados na Maternidade Victor Ferreira do Amaral. A segunda derrota foi imposta, também por unanimidade, pelo colegiado do Tribunal Regional do Trabalho, em 8 de setembro de 2015, que reafirmou a decisão de que o Senalba represente a categoria.
Greve prejudica população
O movimento atingiu 95 dos 385 colaboradores do turno da manhã (25% do total), paralisando quatro das oito salas de cirurgia, dois dos 14 leitos de UTI e prejudicando os serviços de agendamento de consultas, principalmente dos pacientes do Interior do Estado, que foram priorizados nos agendamentos. “O HC é um hospital que atende a 100% dos seus pacientes pelo SUS. Faço um apelo aos dirigentes do sindicato para que suspendam a greve imediatamente para não prejudicar a população, que precisa do HC e não pode ser penalizada por esta disputa judicial”, comenta o reitor da UFPR.
A Diretoria da Funpar e o procurador jurídico da Funpar, Luiz Abagge, participarão às 14horas desta terça-feira (dia 10) na sede do Tribunal Regional do Trabalho, em Curitiba, da 1ª audiência de conciliação na Justiça para discutir o Acordo Coletivo da categoria, acatando pedido feito na sexta-feira (dia 6) pelo procurador do Ministério Público do Trabalho Luiz Carlos Burigo. A audiência será presidida pela vice-presidente do TRT, desembargadora Marlene Sugimatsu.
Entrevista coletiva
Na manhã desta segunda-feira, dia 9, o reitor Zaki Akel Sobrinho; o procurador jurídico da Funpar, Luiz Abagge; e o gerente de Atenção à Saúde do HC, Adonis Nasr, concederam coletiva à imprensa para esclarecer a decisão da Justiça do Trabalho. Zaki reiterou seu compromisso de dialogar com os trabalhadores do CHC/Funpar e de acatar a decisão unânime da 8ª Turma do TST.
“Estamos sempre abertos ao diálogo, em respeito aos trabalhadores. Por isso, fizemos, na nossa gestão, os melhores acordos coletivos da categoria e respeitaremos todas as cláusulas que forem acordadas, independentemente de qual sindicato representará os colaboradores Funpar/CHC. Mas respeitamos a decisão da Justiça e, agora, precisamos que ela nos diga com quem temos que negociar”, afirmou.
Abagge esclareceu que a UFPR, a Funpar e o CHC sempre negociaram com o Sinditest porque nenhum outro sindicato havia se apresentado como representante dos trabalhadores. “Estamos de mãos atadas. Só podemos negociar com quem a Justiça decidir. E a Justiça, nas três instâncias, decidiu que o representante é o Senalba”, esclareceu o procurador jurídico. Ele também explicou que a decisão da Justiça do Trabalho foi tomada devido à natureza da Funpar. “Infelizmente, não são os trabalhadores quem decide os sindicatos que podem representá-los, mas sim a Justiça, com base na natureza do empregador. E a Justiça entendeu que, dada a natureza da Funpar, o sindicato que deve representar os trabalhadores é o Senalba, já que o Sinditest só pode representar os trabalhadores públicos e não os celetistas”.
Reunião com o Sinditest
Depois da coletiva, Zaki, Abagge e Adonis se reuniram com a diretoria do Sinditest para explicar sua posição diante da decisão do TST. Zaki reiterou, então, seu compromisso de dialogar com a categoria, mas desde que a greve seja suspensa. “Meu trabalho é defender os trabalhadores. Não posso ter preferência por negociar com este ou aquele sindicato, devo respeitar a decisão judicial, mas como agora esta questão foi judicializada, devemos aguardar um posicionamento formal da justiça, para sabermos justamente quem pode assinar o Acordo Coletivo de Trabalho. Se não atendermos decisões da justiça corremos o risco de invalidar as negociações. Por isso nossas ações são justamente na intenção de preservar os acordos firmados.