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UFPR participa de mais uma edição do projeto Rondon

‘Tem que…’ É uma expressão muito comum entre os integrantes das comunidades rurais do Município de Eldorado dos Carajás, no Pará. O que muitas dessas pessoas querem dizer é que têm que esperar pela ajuda do poder público, das autoridades municipais, ou de algum incentivo que apareça por milagre à porta de casa. E a expectativa prevalece enquanto o tempo passa e nada de novo acontece.

A observação é do aluno Tiago Rentell, do curso de Engenharia Cartográfica, que participou da ‘Operação Carajás’ do Projeto Rondon, no mês de janeiro. ‘Essa é uma ideia negativa que circula entre aquelas populações caracterizando certo comodismo, muitos poderiam plantar suas hortas e comer do cultivo ou criar galinhas, por exemplo, mas preferem andar quilômetros para ir até a cidade comprar apenas uma dúzia de ovos. Por outro lado, não percebem que possuem talentos que estão adormecidos, capacidade para trabalhar e melhorar a qualidade de vida’, explicou Tiago. O aluno disse que ensinou na oficina algumas ferramentas para a obtenção de recursos, além de noções de informática.

Eldorado dos Carajás – O município de aproximadamente 37 mil habitantes, localizado ao Sul do Pará, é um dos IDHs mais baixos do país. A cidade é nova, existe há 20 anos e atualmente possui 43 assentamentos na área rural. É historicamente conhecido como o local em que ocorreu o ‘massacre de Eldorado dos Carajás’, em 17 de abril de 1996, que resultou na morte de 19 integrantes do movimento social MST.

Lá, uma das três equipes da UFPR, composta por oito alunos coordenados pela professora Andréa Máximo Espínola do Setor Litoral, desenvolveu atividades ligadas às áreas de Tecnologia, Meio Ambiente, Produção, Comunicação e Trabalho. Os outros grupos participaram das operações ‘Seridó’, em Santana do Matos, no Rio Grande do Norte e ‘Zabelê’, em Regeneração, Piauí, no período de 14 de janeiro a 7 de fevereiro. Os estudantes trabalharam diretamente com as populações locais nos segmentos de Saúde, Educação, Esporte e Lazer, Direitos Humanos e outros.

‘Operação Carajás’- Além do Tiago, a equipe era composta pela Nathália de Jesus Sibuya, do curso de Gestão Ambiental; Ângelo Ricardo de Andrade, de Geografia; Diego Ferreira da Silva de Engenharia Química; pela jornalista Luciane Leopoldino Cordeiro; Jhefferson dos Santos, do curso de Tecnologia em Agroecologia, do Setor Litoral; Natália Silva Vieira, aluna de Economia e Samuel Autran Dourado, acadêmico de Oceanografia. Segundo eles, a comunidade vive da pecuária leiteira e cerca de cinco mil pessoas em projetos de assentamentos na zona rural, em condições de higiene e saneamento precários.

Interferência- ‘Só com o aprendizado obtido na oficina de informática, uma participante comentou que está ajudando o marido num comércio que o casal possui na cidade’, contou Tiago, ministrante da oficina. Luciana, que trabalhou com comunicação e educação, ficou decepcionada quando uma criança de 13 anos lhe disse que a mãe não a deixava ir à escola. ‘Explique à sua mãe que você gosta de estudar e as outras crianças da vizinhança devem ser estimuladas também’, lembrou Luciana para a menina. ‘Depois da experiência do Rondon, aprendi a olhar o outro de maneira diferente e refletir para melhorar uma realidade como a dessa criança’, destacou Luciana.

Já Diego agora valoriza mais a infraestrutura urbana, o acesso fácil à informação e tem uma grande motivação para estudar. Impressão que divide com o colega Ângelo que também aprendeu a dar a devida importância ao segmento. Ainda Nathália pensa de forma especial na família e em todo o entorno de suas relações afetivas.

Resultados- ‘Trabalhamos com cerca de 400 pessoas, 270 vivem na área rural. A participação delas poderia ter sido mais efetiva, mas além da acomodação, as dificuldades de locomoção e de motivação impediram o acesso da maioria’, lembrou a professora Andréa. Na área urbana foram realizadas quatro oficinas, uma delas contemplou o setor de planejamento de projetos destinados a obtenção de recursos públicos em várias vertentes. ‘Dessa iniciativa resultaram cinco projetos piloto propondo a construção de um terminal rodoviário municipal, da biblioteca pública, de um centro de atendimento aos usuários de drogas e outros’, refletiu a professora.

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Participantes do Projeto Rondon
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Fonte: Sônia Loyola