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FEDERAL DO PARANÁ

Sediada pela UFPR a XIX Reunião Anual do FAUBAI discute a internacionalização das universidades

“A reunião em Curitiba acontece num momento muito especial no qual o FAUBAI consolida sua maioridade”, explica o professor Antonio Carlos Gondim, assessor de relações internacionais da UFPR e organizador da reunião. “São 19 anos nos quais o Fórum tem se firmado como um espaço para a discussão e implementação de importantes projetos. Não se pode mais pensar em formação acadêmica sem se pensar na inserção internacional dos alunos. A reunião sediada pela UFPR lança bases importantes à integração cultural e interculturalidade das universidades, colaborando com questões fundamentais como a própria paz mundial.”

Diretor do EREPAR – Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores no Paraná, o ministro Sérgio Couri falou sobre a visão das universidades brasileiras como os grandes centros do pensamento internacional e da importância de atuação das mesmas como atores na política brasileira. “Desde 1990, desenvolvemos o conceito de que a política externa não é apenas uma disciplina de laboratório”, disse. “Deve escutar atentamente estes atores e suas demandas para saber o que o Brasil quer ser e o que ele pretende fazer por si mesmo.”

“Nós do FAUBAI somos os interlocutores para dentro de nossas instituições, mas também do nosso País participando do cenário político internacional”, complementou a presidente do FAUBAI Luciane Stallivieri. É crescente o número de estudantes que nos procuram buscando uma inserção internacional, assim como é crescente o interesse dos estrangeiros pelo Brasil. Como falamos em uma mobilidade em duas vias, precisamos fazer uma avaliação. Será que estamos preparando adequadamente nossos estudantes para esses programas? Na língua? Na cultura? Por isso coloco à reunião alguns desafios: de que maneira podemos trabalhar a questão quantidade versus qualidade? Como podemos trabalhar a internacionalização de nossos currículos? Qual a real contribuição que a universidade brasileira pode dar? Como podemos melhor orientar nossos pesquisadores sobre onde estão os recursos já que somos a ligação entre o dinheiro e os projetos?”

Falando da experiência da UFPR, o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior citou a importância das universidades atuarem na integração global, comentando sobre o mestrado internacional inaugurado recentemente com a Universidade de Sttutgart na área de meio-ambiente. “Precisamos trabalhar fazendo o alerta, buscando soluções alternativas e na comunicação dessas soluções a todo o planeta”, disse referindo-se a questões como o aquecimento global. “Nossa gestão tem como diretriz fundamental a internacionalização. Os alunos que fazem uma inserção no exterior aprendem não apenas os conteúdos das aulas, mas também sobre uma outra forma de universidade. Universidades, por exemplo, onde não se marcam provas – o aluno é que marca a sua avaliação. Se existe um projeto de reforma universitária, ele precisa passar pela própria diminuição do paternalismo que temos para com nossos alunos. Hoje temos 250 alunos de graduação indo para o exterior todos os anos. Nossa meta é chegar a mil alunos/ano contando com o apoio das agências de fomento, clubes como o Rotary e o Lions, além dos bancos. A UFPR tem recebido com freqüência a visita de universidades estrangeiras. Nesta semana inauguramos o Centro Brasil – Alemanha na UFPR. Também não posso deixar de citar a ação da AUGM e das parcerias que estamos fazendo com países como Angola. A UFPR está de portas abertas.”

PALESTRA DE ABERTURA – Após uma apresentação com a Kópera – Companhia de Ópera da UFPR, com peças de Wolfgang Amadeus Mozart, Alessandro Candeas, assessor de Relações Internacionais do Ministério da Educação proferiu a palestra de abertura da XIX Reunião abordando o tema das “Relações Internacionais e o Papel das Universidades – Perspectivas Brasileiras”.

Segundo ele, o FAUBAI tem desenvolvido uma diplomacia acadêmica e científica dando apoio ao trabalho clássico das embaixadas e consulados. O Brasil precisa se preparar para receber e prestar cooperação, principalmente no que diz respeito aos países em desenvolvimento.

Em sua apresentação, Candeas trouxe números importantes sobre a produção científica no Brasil. Em 2005 foram produzidos 16 mil artigos o que nos deixou em 12º lugar atrás de países como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra e França, mas à frente de países como a Polônia e a Noruega, num crescimento quatro vezes maior que o da média mundial.

“O nosso desafio é continuar mantendo esse passo”, comentou. “O Brasil precisa ter como parâmetro não a média mundial, mas o ritmo da produção científica. Em 1981, Brasil e China estavam colados, mas a China cresceu muito mais. Estamos além da média mundial, mas precisamos crescer como os países de ponta. Isso para que nossas universidades sejam reconhecidas pelos examinadores internacionais pela qualidade institucional e como pares na avaliação das melhores universidades do mundo.”

O conselheiro do MEC também falou sobre a Reforma Universitária, alertando para brechas positivas e brechas que precisam ser observadas com muito cuidado. “Os artigos já contemplam a internacionalização, o vínculo com a função social, o ensino à distância e o capital votante. Não deverá haver uma ‘macdonalização’ da universidade brasileira”, garantiu.

PROGRAMAÇÃO – A XIX Reunião do FAUBAI prossegue até a próxima sexta-feira com uma série de mesas-redondas. Nessa quarta, 18, um dos destaques foi a apresentação do embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca, diretor da ABC – Agência Brasileira de Cooperação do Itamaraty que falou sobre já tradicional solidariedade do brasileiro, algo que deve ser praticado também pelas universidades com o apoio da Agência.

“É importante que as universidades mantenham os entendimentos internacionais de onde surgem as oportunidades de cooperação. Cooperação está não só recebida pelo Brasil como prestada pelo País. Cooperação não só bilateral, mas multilateral”, disse. “Para ser solidário não é preciso dinheiro. Muitas vezes os países desenvolvidos têm o dinheiro, mas não sabem como ajudar porque não tem a experiência na área de necessidade dos países que precisam de ajuda. O Brasil tem despertado o interesse na cooperação porque tem soluções que podem ser aplicadas de forma fácil e econômica”, complementou citando exemplos como as campanhas bem sucedidas contra a AIDS e acordos feitos com a África para formação de mão-de-obra básica.

“Nos acordos com as universidades, elas fornecem os professores que irão trabalhar no exterior – pagando seus salários – e nós, da ABC, entramos com as passagens e o pagamento das diárias. Esses professores trabalham na formação de multiplicadores de conhecimentos. Ninguém sabe tanto a ponto de não poder aprender mais, assim como ninguém sabe tão pouco que não possa ensinar. É uma via de mão-dupla que precisa ser mantida na cooperação internacional e na internacionalização das universidades”, concluiu.

Foto(s) relacionada(s):


Auditório lotado para as mesas-redondas do FAUBAI
Foto: Izabel Liviski


Mesa com a participação dos reitores e o vice-presidente da ANDIFES discute as perspectivas
Foto: Izabel Liviski


Carlos Augusto Moreira Júnior fala sobre a experiência da UFPR
Foto: Izabel Liviski


Embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca dala sobre a contribuição do ministério
Foto: Izabel Liviski

Fonte: Vivian de Albuquerque