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Projeto Maternar atende cerca de 400 mulheres em três anos de atividade na Maternidade Victor Ferreira do Amaral

O projeto de extensão “Maternar: a fisioterapia no cuidado das mamães e dos bebês” é realizado desde 2016 na Maternidade Victor Ferreira do Amaral, que integra o Complexo Hospital de Clínicas da UFPR. Em três anos de atividades, o projeto prestou atendimento a 390 mulheres – 118 no puerpério, 242 durante a gestação e 30 em trabalho de parto.

O público-alvo do projeto são mulheres do início ao final da gestação, que estão em trabalho de parto – parturientes – e no período do pós-parto imediato – puérperas. O projeto tem como objetivos fortalecer a área de atuação fisioterapêutica e permitir que os estudantes vivenciem, na prática, conteúdos aprendidos na sala de aula.

Elaborar materiais educativos, discutir temas relevantes com as gestantes, puérperas e a equipe multidisciplinar e verificar os impactos da fisioterapia nessa população – com o intuito de contribuir para a humanização da assistência obstétrica – são atividades desenvolvidas pelos estudantes de Fisioterapia da UFPR que participam do Maternar.

“Além da produção de materiais educativos, diálogo e troca de experiências, o projeto inclui a avaliação e tratamento dos desconfortos gravídicos e puerperais e promove encontros com os discentes para educação continuada e discussão de casos, elaboração de resumos, artigos, publicações e apresentação em eventos locais, nacionais e internacionais, fortalecendo o ensino, a pesquisa e a extensão”, informa a coordenadora do projeto, professora Rubneide Gallo, que integra o Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso de Fisioterapia.

Atendimento à gestante realizado pelas alunas do curso de Fisioterapia da UFPR na Maternidade Victor Ferreira do Amaral em 2019.

De acordo com Rubneide, poucas maternidades contam com fisioterapeutas contratados em suas equipes multidisciplinares. “Poucos conhecem, mas a fisioterapia na Saúde da Mulher atua na área obstétrica, ajudando por meio de orientações e exercícios que reduzem os desconfortos gestacionais, contribuem para o momento do trabalho de parto e auxiliam na recuperação no período do puerpério”. Auxiliar as pacientes em seus incômodos, medos e incertezas é a proposta do trabalho realizado na maternidade pública.

O projeto Maternar desenvolve atividades de educação em saúde e aplicação de recursos terapêuticos em gestantes, parturientes e puérperas com base em evidências científicas, ressalta a docente. “Os estudantes têm a oportunidade de desenvolver suas habilidades pessoais, em especial a sensibilidade de cuidar do outro; habilidades profissionais como o senso crítico, a busca por respostas e debate com os colegas com respeito”.

O projeto reflete a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), no que diz respeito à integralidade e à promoção da saúde como princípios norteadores dos direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, explica a professora. As ações também integram a Política Nacional de Humanização (PNH), com a proposta de humanização do parto e do nascimento, e atendem às Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, publicadas em 2017 pelo Ministério da Saúde.

Depoimentos

A estudante de Fisioterapia Rafaela Ferreira de Amorim participou do projeto de extensão em 2017 e 2018. Para ela, a experiência contribuiu para o seu crescimento pessoal e profissional e é motivo de orgulho. “Ter contato e poder auxiliar a mulher em uma fase tão importante de sua vida é muito gratificante. Saíamos da Maternidade revigoradas e com a certeza de que fizemos o bem a alguém naquele dia”.

É fantástico e ajuda muito. Eu sou testemunha de duas oportunidades desse projeto – no pós-parto e no trabalho de parto de meus dois bebês. A ajuda desses alunos foi fundamental nessa hora tão importante”, relata a fisioterapeuta Liane Muller, atendida no puerpério do seu segundo filho e no dia da chegada do seu terceiro bebê.

Ação de Dia das Mães promovida em 2017 na maternidade pela equipe do projeto de extensão.

Saúde da mulher é um tema que desperta o interesse de Beatriz Carvalho desde o início da graduação. A aluna da UFPR participa do Maternar há cerca de um ano. A oportunidade de assistir a alguns partos e ouvir relatos das mães sobre os benefícios da fisioterapia é gratificante, garante. “Entrei no projeto em 2018 junto com outras duas colegas para atuarmos no centro obstétrico, diretamente no pré-parto. Lá, auxiliamos as parturientes durante o trabalho de parto, buscando maneiras de reduzir sua dor bem como acelerar todo o processo”.

Maria Izabel Feltrin integra a equipe do Maternar desde o início das atividades do projeto, há três anos. “Não me imagino fora desse trabalho lindo e humano que fazemos. Fui do puerpério para a gestação, e depois para a sala de parto. Quando chegamos, os profissionais e as pacientes não sabiam nem como a fisioterapia atuava na obstetrícia. Hoje em dia, reconhecem nosso trabalho e nos valorizam”, afirma a estudante.

Os feedbacks da comunidade e dos profissionais da maternidade levaram à produção e publicação de um artigo científico sobre a satisfação das puérperas com as atividades de fisioterapia.

Histórico do Maternar

O Projeto Maternar teve início em 2016 com o reconhecimento das instalações da maternidade e das necessidades das mulheres assistidas no local. Naquele ano, discussões em grupo foram realizadas e materiais educativos, produzidos.

Em 2017, os alunos promoveram ações de educação em saúde nas enfermarias de puerpério, conduziram avaliações individuais e ofertaram tratamentos às queixas relatadas pelas participantes.

As mulheres receberam orientações sobre amamentação, diástase abdominal e depressão pós-parto. Aprenderam exercícios respiratórios, posturais e para fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. Elas também conheceram a Shantala, técnica de massagem que proporciona momentos de conforto aos bebês. Recursos para alívio de dores e drenagem linfática para redução de edemas foram utilizados em atendimentos individuais.

Graduandas do Projeto Maternar receberam capacitação, em 2018, para aplicação da técnica de massagem Shantala.

No ano seguinte, o projeto passou a atender gestantes assistidas no ambulatório da instituição e do Programa Mãe Curitibana. Outras intervenções também passaram a ser utilizadas. Entre elas, exercícios de alongamento, de mobilidade para o preparo do parto, terapia manual, práticas integrativas e complementares e aplicação de bandagens.

O projeto iniciou uma nova fase em 2019, no Centro Obstétrico da maternidade. “As acadêmicas passaram a auxiliar as parturientes na redução da dor por meio de massagens, eletroestimulação nervosa transcutânea, banhos quentes, imersão em banheiras. Também auxiliam na evolução do trabalho de parto baseadas na biomecânica pélvica, com a utilização da liberação miofascial, exercícios de alongamentos, posturas, mobilizações no solo, bola, cavalinho e por meio da dança”, detalha a coordenadora. Até o momento, 16 alunos já passaram pelo projeto.

Confira o vídeo sobre o Maternar produzido pela APUFPR em 2017:

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