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FEDERAL DO PARANÁ

Professores aprendem a trabalhar com a arte contemporânea

Em todas as edições o evento propicia oficinas com o objetivo de atender as demandas locais. Além de trazer assuntos que interessem aos professores na área de arte-educação, também são ofertados cursos de artesanato para os artesãos da cidade; de música para os integrantes da banda e filarmônica antoninense e de educação especial para professores e alunos da APAE da cidade.
Neste ano, um grande especialista na área da arte-educação está mostrando aos professores as possibilidades do espaço escolar para o ensino da arte contemporânea. Atuante em projetos de arte e educação, Júlio Manso veio como ministrante dessa oficina que ensina os professores a pensarem, a criarem, a perceberem o diferente, a saírem um pouco do plano concreto para entender melhor o que seja a arte contemporânea.

Um dos contatos com a materialidade trabalhados foi com o barro. Cada oficinando recebeu meio quilo de argila – a primeira expressão do homem depois da pedra lascada foi através da argila, explica Júlio – para produzir sua arte. “O pensamento vai conduzir a ação”, propõe o professor, ao explicar a possibilidade de se apropriar de um objeto do cotidiano para expressar emoção e sentimento.

Um bule de porcelana foi utilizado para dar essa dimensão que a arte contemporânea tem: os alunos falaram das referências a que o bule levavam: café com leite, café da mãe, da vovó querida, da cristaleira, do chocolate quente, do conforto, fogão de lenha, família, sorriso. Ou porque não da avó rigorosa, que achava que criança tem que ser criança e não pode mexer nas coisas dos adultos, não podem chegar perto da cristaleira…. E a arte aí está posta, onde o bule não é mais bule mas imagem de um tempo, de uma avó ranzinza, representa uma emoção ou idéia.

Nas salas de aula, o bule pode ser a perna de boneca, a roda de carrinho, ou o que os professores puderem sugerir para fazer aflorar nas crianças a liberdade do pensamento, da criação, do conceito de arte contemporânea. Tudo com o intuito de que o professor possa ter um papel de agente transformador, que oriente para a produção e não o simples repasse de conhecimento.

Os professores vivenciam experiências que poderão aplicar na sala de aula no seu dia-a-dia. Viram, por exemplo, que um simples cabo de vassoura nas mãos das crianças pode virar arma, cavalo, espada, ou o que a imaginação e criatividade das pessoas propiciar. Com muito jogo lúdico, os professores verão ainda nesta semana que o espaço físico e as construções das próprias escolas podem ser aliadas do ensino de arte.

É a terceira vez que o ministrante participa do festival de inverno. Sua primeira participação se deu no primeiro festival, em 1991, e noutra ocasião participou coordenando uma equipe de ministrantes em várias oficinas de arte. Para ele, o evento desde o início foi uma idéia contagiante para a classe artística e ainda é. Lembra que já houve festivais que propunham no final um intercâmbio entre os oficineiros, que discutiam a integração das linguagens artísticas, metodologias, avaliação do evento. Júlio sugere agora a possibilidade de se fazer um mapeamento, um acompanhamento dos professores por um ano, alimentado seus conteúdos com imagens, textos, visitas a museus. “Fazemos na oficina uma troca, troca de vida. Eles se colocam de forma verdadeira”, conclui.

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oficina do Festival de Inverno em Antonina
Foto: Giovana Ruaro


oficina do Festival de Inverno
Foto: Giovana Ruaro

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Fonte: Leticia Hoshiguti