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FEDERAL DO PARANÁ

Pesquisadores descobrem nova espécie de bactéria em animais

O grupo de pesquisa em Saúde Animal e Saúde Pública, que atua em parceria entre a Universidade Federal do Paraná, Itaipu Binacional e Universidade de Purdue vem desenvolvendo pesquisa envolvendo animais selvagens como capivaras, catetos, queixadas e aves silvestres. O objetivo é monitorar a saúde dos animais do Zoológico Rogério Ribas Lange e dos animais selvagens que habitam Refúgio Biológico Bela Vista, que ficam na Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu.

Durante a realização de parte do projeto “Levantamento Sanitário em capivaras em vida livre, foram coletadas amostras de sangue dos animais para pesquisa de agentes infecciosos, como a micoplasmose, uma doença causada por uma bactéria que causa a anemia grave. A enfermidade já foi observada em cães, gatos, bovinos, suínos e roedores. Segundo o professor Marcelo Molento, do Laboratório de Doenças Parasitárias, apesar de ter sido diagnosticada em roedores de laboratório e alguns selvagens, a capivara, considerada o maior roedor do mundo, nunca havia sido testada para o agente.

O PROCESSO – Em parceria com a pesquisadora Joanne Messick, da Universidade de Purdue nos EUA, amostras de sangue de capivaras foram submetidas à PCR para detecção das duas espécies de micoplasmas já descritas em roedores. O processamento foi realizado pelo estudante de mestrado do curso de Pós-Gradução em Ciências Veterinárias da UFPR, Rafael Felipe da Costa Vieira nos EUA.

“Após ampla análise observou-se uma similaridade de apenas 92% com este microrganismo, quando comparadas às armazenadas no banco de dados de sequências de DNA” afirma Vieira. “Molecularmente, para ser considerado como nova espécie um microrganismo deve apresentar similaridade inferior a 97%, de acordo com a literatura. Desta forma, os pesquisadores acreditam que o micoplasma encontrado seja uma nova espécie” afirma o professor Marcelo, orientador da tese. Duas sequências do novo isolado estão armazenadas no Genbank com os números de acesso FJ667773 e FJ667774.

O grupo de pesquisa, coordenado pelos professores do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR, Marcelo Molento e Alexander Welker Biondo, acreditam que a nova descoberta não é limitada ao Brasil ou América do Sul, visto que pode direcionar novos estudos envolvendo espécies de micoplasmas em mamíferos selvagens da ordem Rodentia ao redor do mundo como esquilo, porco-espinho, chinchillas, cão-da-pradaria, marmota, dentre outros. Além disso, a hipótese de o novo isolado da capivara também infectar reoedores de laboratório e assim, atuar como fator de interferência em modelos experimentais, também está sendo investigada.

A próxima etapa para caracterização da nova espécie está sendo desenvolvida no laboratório ambiental pelo aluno do mestrado Rafael Vieira e pela bioquímica Leonilda Santos, responsável pelo laboratório, e envolverá o achado em lâmina do agente parasitando e eritrócito, assim como sua caracterização por microscopia eletrônica, que será realizada no Laboratório de Micoplasmas da Universidade de Purdue e contará com a participação das pesquisadoras Ana Guimarães e Andrea Santos, sob orientação da professora Joanne Messick.

Os veterinários responsáveis pelo Refúgio Biológico Bela Vista, Wanderlei de Moraes e Zalmir Cubas acreditam que uma nova etapa ainda será realizada e envolverá a coleta de carrapatos que estajam parasitando os animais para posterior pesquisa de envolvimento na transmissão do agente.

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Capivaras
Foto: Os pesquisadores

Fonte: ACS