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FEDERAL DO PARANÁ

Pesquisa da UFPR que edita genoma do protozoário da Doença de Chagas ganha prêmio em congresso internacional

Uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) recebeu o prêmio Zigman Brener 2019 na categoria doutorado, por um estudo que investiga a biologia de interação entre o parasita e o hospedeiro da Doença de Chagas. O trabalho, realizado pelo pesquisador Jose Luis Saenz Garcia e orientado pelo professor Wanderson Duarte da Rocha, com colaborações de outros cientistas, analisa a mobilidade do Trypanosoma cruzi, organismo que, ao infectar o ser humano, pode levá-lo a morte. O prêmio foi concedido durante a “XXXV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Protozoologia / XLVI Reunião Anual de Pesquisa Básica sobre Doença de Chagas”, realizada em Caxambu (MG).

De acordo com o projeto Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), há cerca de 6 milhões de pessoas infectadas pela doença em 21 países da América Latina. No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, de 2008 a 2017 houve casos confirmados de Doença de Chagas aguda na maioria dos estados, com a maior distribuição na região Norte.

O pesquisador Jose Luis Saenz Garcia estuda a motilidade do protozoário causador da Doença de Chagas (Fotos: André Filgueira/Sucom)

O estudo da UFPR busca compreender mecanismos moleculares genéticos envolvidos na interação entre o organismo e o ser vivo infectado para que, a partir de então, seja possível elaborar medicamentos, vacinas ou estratégias de controle da doença. De acordo com o professor Wanderson, o Trypanossoma cruzi pode circular na corrente sanguínea, daí a importância de se estudar a sua mobilidade – ou, tecnicamente, sua motilidade.

A investigação busca compreender os genes associados a essa capacidade para que seja possível alvejá-los danificá-los e comprometer sua mobilidade. Para isso, a equipe trabalha com uma metodologia de edição de genoma denominada CRISPR/Cas9. A técnica permite que um ponto exato do genoma seja atingido por meio de uma enzima capaz de “cortar” o DNA, levando a um dano no gene alvo.

Essa metodologia, considerada bastante inovadora, baseia-se no reconhecimento, por componentes de uma bactéria, de um DNA que pode afetá-la. Quando isso acontece, o organismo é capaz de eliminar o que lhe afeta, impedindo o portador desse DNA de se reproduzir. Tal processo é feito pela proteína Cas9, a mesma utilizada nos estudos da UFPR para danificar precisamente os genes da mobilidade do Trypanosoma cruzi.

Impactos visíveis

 

Professor Wanderson projeta impactos de grande relevância para a pesquisa

Segundo o professor, a pesquisa começou há dois anos, mas já tem impactos visíveis, que resultaram no prêmio. Um dos resultados é a comparação com o comportamento dos genes do parasita causador da leishmaniose: pesquisas indicavam que um dos genes considerado crucial para que o organismo se desenvolvesse em células humanas não apresenta o mesmo comportamento no Trypanosoma cruzi.

O estudo também identifica a alteração morfológica do organismo quando determinados genes são atacados, o que afeta sua mobilidade na corrente sanguínea e dificulta sua ação no corpo do hospedeiro. “O genoma do parasita já é quase totalmente conhecido e nós pesquisamos aqueles que são identificados em outros organismos semelhantes”, explica o professor. Por conta disso, os pesquisadores sabem quais genes devem ser afetados e estudam o que essas alterações provocam.

Pesquisadores em ação

A pesquisa também tem uma outra potencialidade, que deve fazer com que seus resultados sejam ainda mais relevantes: como estuda a interferência dos genes na motilidade de um organismo, é possível que, por similiaridade, seja possível entender também o comportamento de outros organismos flagelados que habitam ou parasitam os seres vivos.

O professor destaca, ainda, a importância das colaborações com outras universidades e institutos de pesquisa para o desenvolvimento da pesquisa. Além da UFPR, estão envolvidas neste estudo a Universidade Simon Bolivar, na Colômbia, a UNIFESP, e o Instituto Carlos Chagas-FIOCRUZ.

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