Breilh é reconhecido internacionalmente pelos trabalhos no segmento de determinação social da saúde, que parte do pressuposto que os problemas dessa área devem ser compreendidos e analisados a partir das formas de organização da sociedade. De acordo com ele, o tema tem despertado mais atenção das pessoas.
Os países da América Latina enfrentam problemas de saúde parecidos causados por questões sociais?
É um continente grande onde cada região possui uma especificidade. Estamos em um continente que não é pobre, mas sim muito rico, com diversos potenciais. O Paraná, por exemplo, tem uma produção muito grande de grãos. O problema é a concentração de todas essas riquezas em poucas mãos, o que impõe ao restante da população um modo de vida que não é saudável. Também temos agravantes como o intenso uso de produtos químicos perigosos nas plantações, o que causa poluição, doenças e complicações até mesmo no Ecossistema. Todo esse modo excludente deve ser estudado para entendermos como melhorar as condições de saúde. Há também causas históricas e percebo que há uma movimentação para melhorar isso tudo.
O debate sobre as determinações sociais da saúde propicia aos profissionais dessa área uma visão mais humanitária dos pacientes?
Com certeza. A saúde coletiva pleiteia ações sobre essas determinações sociais. Tanto a saúde coletiva quanto a individual são muito importantes, assim como a proteção da natureza. A civilização tem apresentado um caráter destrutivo. Se cuidarmos do meio ambiente, em contrapartida seremos cuidados por ele.
Os profissionais da saúde carecem de mais oportunidades para debater o tema?
Isso está mudando. Recentemente tive a oportunidade de falar para um auditório repleto de alunos sobre esse assunto e todos eles demonstraram interesse. Há uma lamentável hegemonia da visão curativa em todos os países da América Latina. Mas aos poucos as pessoas estão percebendo a mudança e isso vai melhorar, eu espero. Estamos formando uma rede de colaboração, pois o planeta está em perigo em virtude de uma gana extrema e sem consciência.
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Foto: Leonardo Bettinelli
Fonte: Ciro Campos (estagiário) sob orientação de Fernando César Oliveira
