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Ópera apresentada por Orquestra da UFPR diverte público de Antonina

Orquestra, ópera e risadas enchem Theatro Municipal de Antonina - Foto: Marcos Solivan

A montagem da ópera cômica “L’Occasione fa il Ladro” (“A ocasião faz o Ladrão ”ou “A troca da mala”), de Gioachino Rossini, realizada pela Orquestra Filarmônica da UFPR no domingo (14), no Theatro Municipal de Antonina, divertiu a plateia com uma interpretação cheia de vida que manteve os espectadores atentos do começo ao fim. A música clássica tocada pela orquestra completava o desempenho dos cantores e influenciava nos sentimentos dos espectadores de acordo com a cena. A história é sobre um casamento arranjado, trocas de malas e de identidades e os encontros e desencontros de dois casais.

No elenco estavam Netto Martins (no papel de Dom Eusébio), Helen Tórmina (Berenice), Hildomar Oliveira (Conde Alberto), Bruno Spadoni (Dom Parmenione), Ísis Carvalho (Ernestina) e Wantuil Rigoni (Martino). O espetáculo foi realizado em parceria com a Cia de Teatro PalavrAção da UFPR, com direção musical do maestro Márcio Steuernagel.

A ópera é cantada em italiano e apesar da Filarmônica apresentá-la com legendas, na atuação de Antonina, por uma questão técnica não foi possível. Nem por isto o público deixou de acompanhar a história e se divertir com os engraçadíssimos personagens. Antes do inicio do espetáculo, a questão das legendas foi esclarecida e a sinopse da ópera foi lida, permitindo que todos acompanhassem bem o que acontecia no palco. Para Thaís Maurício, que veio assistir a apresentação, a melhor parte foi o momento da troca dos casais, quando os personagens falam uns dos outros. “O mais interessante é que eles, no decorrer da história, mesmo sem querer, acabaram se apaixonando pelas pessoas certas”, conta Thaís. Já para Paulo Ricardo Rodrigues, outro espectador, o que mais chamou a atenção foi o resultado do trabalho em conjunto. “Os atores são muito bons, a qualidade da orquestra é muito boa e também é interessante para conhecer e divulgar a ópera, que não é um formato muito popular no país”, diz Rodrigues.

O elenco de cantores, que também fazem um trabalho teatral, foi composto especialmente para esta montagem. São artistas convidados pela Filarmônica especificamente para este espetáculo. Bruno Spadoni, além de cantor de ópera, é médico em Curitiba. Ele divide seu tempo entre a vida artística e o Hospital Universitário Cajuru. Vindo de uma tradicional família de médicos, Bruno não encontrou apoio da família para seguir a carreira de músico e acabou optando pela medicina, que era sua segunda vocação. Anos depois, quando sua filha pequena pediu para aprender a cantar, ele conheceu a professora e cantora lírica Neyde Thomas, um dos principais nomes da ópera no Brasil. Neyde mudou a vida de Bruno e da filha Anna Spadoni, que por influência da professora decidiu se tornar musicista. A cantora lírica foi lembrada com carinho pelo aluno que interpreta Dom Parmeninone na ópera. Já os músicos que tocam na Filarmônica fazem parte de um elenco fixo. Marcos Carvalho toca contrabaixo na Orquestra e explica que para executar uma montagem como esta é preciso dedicação. “É mais difícil porque o maestro tem que reger a orquestra e os cantores líricos ao mesmo tempo, é bem mais complicado”, diz Carvalho.

O elenco foi composto especialmente para este espetáculo - Foto: Marcos Solivan

Orquestra Filarmônica da Universidade Federal do Paraná
A Orquestra Filarmônica da UFPR, fundada em 1962, é a mais antiga de Curitiba e uma das primeiras do estado. Por esta Orquestra já passaram centenas de músicos, inclusive muitos dos atuais integrantes da Orquestra Sinfônica do Paraná, e outros que fizeram carreiras de destaque nacional e internacionalmente.

Formadora de talentos
Neyde Thomas é natural de São Paulo. A soprano tinha um extenso currículo internacional. Apresentou-se nos maiores teatros do mundo, como o Metropolitan Opera House, em Nova York, e o Deustche Oper, de Berlim, e contracenou com grandes nomes da ópera, como Placido Domingo, Cezare Siep e Luciano Pavarotti.

Na década de 1980, Neyde se estabeleceu em Curitiba, onde formou muitos cantores, revelou e incentivou jovens talentos. Era considerada uma das principais formadoras de cantores líricos com atuação internacional. Em 2002, recebeu na cidade de São Paulo o importante prêmio musical Carlos Gomes, na categoria Universo da Ópera. Em 2007 recebeu o título de cidadã honorária de Curitiba. Neyde morreu em 2011, aos 81 anos.

Por Lara Madeira (especial de Antonina)