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Obras de Poty Lazarotto no Politécnico e Hospital de Clínicas são restauradas

O maior trabalho é do Mural em pintura sobre cerâmica instalado no saguão do Prédio da Administração do Politécnico há 45 anos. A obra é um mosaico de aproximadamente 26 metros, que retrata a evolução das técnicas e das tecnologias, partindo da pedra, do fogo e da mão humana, passando pela roda, lavoura, navegações, até chegar na era da eletricidade, da indústria e da energia nuclear. Algumas peças precisaram de reforço na colagem e outras, exatas 12 unidades, caíram e quebraram, necessitando de repoisção.

A reposição das peças é um trabalho meticuloso e a Prefeitura da Cidade Universitária procurou especialistas para realizar a restauração: o artista plástico Adoaldo Lenzi e Marta Berger. Eles finalizam o restauro no painel do Politécnico nesta semana, após dois meses de trabalho. Segundo os artistas, foi necessário encomendar peças de cerâmicas do interior de São Paulo: “Foi um verdadeiro milagre encontrar num museu de cerâmicas”, Marta relata ao explicar um pouco o porquê do trabalho ser relativamente demorado: para cada peça a ser reposta é necessário produzir pelo menos três versões com diferentes pigmentações. O procedimento é necessário para que, após a queima no forno em aproximadamente 1.000 graus, pelo menos uma das peças finalizadas adquira a tonalidade mais próxima possível do original.

Marta foi convidada a participar da restauração por Lenzi em razão da artista trabalhar com a mesma técnica do painel, denominada vidrado sobre biscoito. “Cada mural tem uma técnica diferente”, explica Lenzi, que trabalha com a técnica esmalte sobre vidrado, também chamado de terceira queima. Sua técnica foi utilizada no trabalho a ser restaurado no andar do Transplante de Medula Óssea do HC.

Lenzi trabalhou em parcerias com Poty durante 20 anos. Poty realizava os estudos, as ideias no rabisco e Lenzi as executava. “Poty era o compositor e Lenzi o intérprete”, exemplica Marta, para explicar a relação entre os artistas. Quando os painéis, imensos, ficavam prontos, Lenzi organizava as peças lado a lado, no chão, para ambos conferirem os resultados. Nesses momentos, Lenzi costumava perguntar: “E aí Poty, está bom?” E a cada trabalho sempre chegavam à conclusão de que haviam “aprendido mais um pouco”.

Esse aprendizado, ele agora coloca também a serviço das restaurações, que considera como novo. Na atividade de restauro o objetivo é fazer um trabalho que fique mais “invisível” o quanto for possível, para que o restauro fique imperceptível. “Porque senão, vira remendo. Isso eu não faço”, alerta o artista. Nesta semana iniciam os trabalhos para restauro dos painéis do HC, localizados um na recepção do pronto atendimento do Hospital e outro no andar do Transplante de Medula Óssea. Esse painel, que retrata o tratamento de medula, foi o último trabalho de Poty, falecido em 1997. Lenzi se emociona ao lembrar do artista, que assinou o trabalho com dificuldade, devido estar muito debilitado pela doença. “É motivo de satisfação e alegria poder restaurar obras do meu parceiro, amigo, irmão e conselheiro”, concluiu. E aí Poty, está bom?

Foto(s) relacionada(s):


Lenzi e Marta analisam restauro
Foto: Denise Martins Lopes

Fonte: Leticia Hoshiguti