Na UFPR, Agnes Heller aborda a justiça entre gerações

‘Temos obrigações com as futuras gerações, que por sua vez não podem ter direitos’, disse Heller, que abordou conceitos ligados à justiça intergeracional. ‘Não temos ideia alguma acerca de nossos netos e bisnetos, as futuras gerações são completos estranhos para nós.’

Para ela, a justiça intergeracional não pressupõe direitos existentes, mas direitos potenciais, ou apenas projeções. ‘Esses direitos dependem das nossas percepções, do nosso senso moral de justiça, de responsabilidade.’

‘Não podemos dizer às futuras gerações como a Justiça deve ser’, argumenta a filósofa. ‘Deixamos a elas as instituições das liberdades e o direito a ter direitos (direitos humanos), como ideias reguladoras.’

A conferência aconteceu no Salão Nobre da Faculade de Direito, localizado no Prédio Histórico da UFPR.

‘Temos medo que nossos netos e bisnetos passem por situações piores das que nós passamos’, argumenta a filósofa húngara. ‘As futuras gerações não podem ter direitos, mas temos a obrigação de deixar um mundo melhor que o nosso a elas, na medida do possível.’

Perfil

Nascida em 1929 e discípula de Georg Lukács (1885-1971), Agnes Heller foi professora de sociologia na Universidade de Trobe (Austrália) e hoje leciona na New Schol for Social Research, em Nova Iorque.

Entre outros livros, escreveu ‘Por uma teoria marxista do valor” (1974), ‘A teoria das necessidades em Marx'(1974), “A condição política pós-moderna” (1998), em coautoria com Ferenc Feher, e “Além da justiça” (1998). Em 1944, seu pai, que era judeu, foi deportado ao campo de concentração de Auschwitz, onde morreu.

‘É uma honra tê-la aqui, em plena atividade acadêmica, publicando’, disse a professora Vera Karam de Chueiri, que coordenou o evento, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPR.

Participaram do encontro na condição de debatedores convidados os professores Menelick de Carvalho Neto (UnB) e Delamar Volpato Dutra (UFSC).

Foto(s) relacionada(s):