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Mulheres debatem barreiras que limitam representatividade feminina na política

Foto: Samira Chami Neves

Barreiras estruturais – como a dificuldade de acesso ao financiamento de campanhas – e culturais – como o hábito de muitos políticos homens de discutir temas públicos fora dos espaços institucionais – estão entre os fatores que impedem maior representatividade feminina na política. A análise foi unânime entre as participantes do debate sobre o tema realizado na noite da última sexta-feira (10) na UFPR, com a presença da senadora Gleisi Hoffmann, da deputada federal Christiane Yared, da ex-prefeita da Lapa Leila Klenk, da procuradora geral da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, Dora Bertúlio, e da professora da UFPR Eneida Desirée Salgado.

O debate, organizado pelo  Movimento Alguém te Perguntou? – grupo de estudantes de Direito da UFPR – lotou o salão nobre do prédio histórico da UFPR.  As participantes apresentaram dados que mostram como, apesar das cotas para candidaturas de mulheres, a representatividade feminina ainda é pequena nas casas legislativas e no poder Executivo, assim como no Judiciário.

Embora representem 52% do eleitorado no Brasil, as mulheres ocupam apenas 9% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 16% no Senado. Nos Tribunais de Justiça, só 19% das cadeiras são ocupadas por mulheres.

Foto: Samira Chami Neves

“Nas eleições de 2016, entre as candidatas mulheres, 14.417 não receberam votos. Entre os homens, foram 1.714. Essa diferença mostra que as cotas de candidaturas femininas estão sendo preenchidas em geral por candidaturas laranjas, e por isso passamos a falar em cotas de cadeiras, e não mais de candidaturas”, disse a senadora Gleisi Hoffmann, que defende a representação paritária na Câmara e no Senado.

“Passou da hora de defendermos a paridade no Parlamento”, concordou a professora Eneida Desiree Salgado, do curso de Direito da UFPR. De acordo com ela, seria uma solução transitória, por pelo menos três legislaturas, “para permitir que as mulheres construam capital político próprio”, e a partir daí possam ocupar espaços na política naturalmente.

“A falta de apoio financeiro por parte dos partidos é um dos fatores que impedem a presença de mais mulheres na política”, disse Leila Klenk. Ela foi a primeira mulher eleita para a Prefeitura da Lapa e afirmou que, enquanto exerceu o cargo, entre 2013 e 2016, enfrentou dificuldades no relacionamento com a Câmara dos Vereadores, habituada a tratar antes apenas com prefeitos homens. “Isso acontece em todos os lugares: muitos homens costumam discutir questões institucionais no bar, depois do expediente, e as mulheres acabam excluídas”, disse.

A deputada federal Christiane Yared lembrou que o Brasil é o 158° país do mundo e o último da América do Sul em representatividade feminina. Ela reforçou a ideia de que as mulheres são discriminadas pelos partidos políticos e disse que, em decorrência das restrições culturais, a maioria das mulheres ainda vê a política como um espaço masculino. “O resultado é que pautas importantes para as mulheres são debatidas e decididas por homens”, afirmou.

A procuradora Dora Bertulio disse que as dificuldades são ainda maiores para mulheres negras. “A pirâmide social é encabeçada pelos homens brancos. Depois vêm as mulheres brancas, os homens negros e, por fim, as mulheres negras”, afirmou. “Na política, está claro que a estrutura dos partidos, além de machista, é racista.”

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