Quando os palhaços e contadores de histórias do projeto Humanizarte visitam o Hospital de Clínicas da UFPR estão proporcionando muito mais do que momentos de alegria para as crianças internadas no hospital. O principal objetivo do projeto é trazer uma formação mais humana para os profissionais de saúde, são estudantes de diversas áreas como medicina, enfermaria e psicologia que por meio de oficinas exercitam seus dons artísticos para quebrar a rotina.
O projeto surgiu em 2017, em sua primeira versão, por iniciativa de estudantes de medicina que sentiam a necessidade de uma formação mais profunda em temas como a humanização do atendimento e a empatia com os pacientes. O Humanizarte II veio para dar continuidade a ação que envolve estudantes de qualquer curso da área da saúde, os estudantes que participaram da primeira versão atuam hoje como organizadores e colaboradores ativos na continuidade da iniciativa.
A psicóloga Pricila Paveukiewicz, coordenadora do projeto, explica que ainda há muita deficiência nos currículos da maioria dos cursos em relação ao atendimento humanizado e a iniciativa visa oferecer um meio para trabalhar este tema.
Durante o primeiro semestre os participantes do projeto frequentam oficinas de palhaçaria e contação de histórias e na segunda metade do ano é o período para levar o que aprenderam até os pacientes, com visitas ao Hospital de Clínicas e também outras instituições como o Movimento Recriança, uma ONG que atende crianças em situação de vulnerabilidade social nos arreadores de Curitiba.
Segundo a coordenadora, em 2018, estima-se em 500 pessoas, entre os diversos públicos atingidos pelo projeto, como estudantes, pacientes, funcionários do hospital e do Movimento Recriança.
“Os estudantes que participaram do projeto em 2018 disseram que sua visão em relação aos pacientes mudou, a partir da sua participação no projeto, e consideraram que a participação foi de grande valia para sua formação enquanto profissionais da saúde”, explicou a coordenadora. Os participantes também informaram, segundo Paveukiewicz, que a inciativa ajudou a suprir a carência por disciplinas que trabalhem a humanização nos currículos.
“O Humanizarte é um projeto de extensão mais do que necessário para que esses futuros profissionais da saúde tenham um olhar mais humano e mais empático com seus pacientes”, completou a psicologa.
Veja o relato que Áysla Rinaldo, uma das participantes em 2017, publicou na página do Facebook do projeto:
“Antes eu achava que ir fazer palhaçada no hospital era um trabalho muito nobre. Depois mudei de ideia e achei que fosse um absurdo, uma bobisse. Até que resolvi tentar e ir ver como era.
Hoje penso que é uma experiência humanizadora.
É paradoxal essa figura lúdica, engraçada, brincalhona no meio da dor, dos acessos venosos, dos monitores de dados vitais, do branco, dos corredores alcoolizados (cheios de frascos de álcool pra higienização)…
O paradoxo do riso em meio ao possível pranto.
Um dia, ouvi falar que o palhaço vai normalizar o ambiente hospitalar. Porque aquele não é o ambiente normal da pessoa internada.
E pelas experiências até o momento, essa frase tem todo sentido. O palhaço vai lá e conversa sobre as plantações, os passarinhos, os netos, canta, dança, cai, levanta, brinca, pula, sorri, abraça. Ações de alguém que não está doente e que alguém que está doente queria estar fazendo. Na presença do palhaço, também, além de se ver o que se pode fazer, a lembrança do riso fácil, da alegria na trivialidade, que há além do hospital, vem e faz bem.
Ser palhaço nesse ambiente é ir potencializar a humanidade que há no outro, pra juntos nos lembrarmos que ali é uma circunstância, que não determina, necessariamente, quem a pessoa (não é um simples paciente) que está ali é…”
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