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Convidados do “UFPR Pensando o Brasil” destacam importância das universidades públicas para o desenvolvimento nacional

 

O reitor Ricardo Marcelo: Fonseca: “Apesar do avanço do setor privado, os grandes protagonistas da pesquisa permanecem sendo as universidades públicas, um papel de ponta em um País que quer avanços civilizatórios e econômicos”. Imagem: Leonardo Bettinelli.

A sexta edição do ciclo de debates “UFPR Pensando o Brasil”, promovida no campus Botânico na noite desta terça-feira (dia 3), converteu-se em um grande ato de apoio e de defesa das universidades públicas federais.

Os três convidados para o debate – os professores Fernando Haddad (Universidade de São Paulo – USP), que também foi ministro da Educação e prefeito de São Paulo); Roberto Romano (Universidade de Campinas – Unicamp); e Cecilia Angileli (vice-reitora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – Unila) defenderam a valorização do ensino público e condenaram as tentativas de desqualificação das universidades federais.

Com o tema “Os desafios atuais das universidades públicas brasileiras”, o encontro foi mediado pelo reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, e aberto pela vice-reitora, Graciela Inês Bolzon de Muniz, que lembrou o compromisso assumido pela atual gestão de ampliar o debate sobre os desafios da universidade pública. Graciela disse que as universidades brasileiras são relativamente jovens, com mais de cem anos de existência, e têm papel fundamental na sociedade. ”Elas têm a necessidade de sempre estarem abertas às demandas sociais, aos perfis dos estudantes e à universalização do ensino”, avaliou.

A vice-reitora destacou a produção científica de alto nível das instituições públicas de ensino superior. “A ciência produzida pela Universidade acaba atendendo a toda a sociedade. Isso não é gasto; é investimento”, comentou. Graziela afirmou que a redução de receitas destinadas à pesquisa ameaça diminuir os avanços sociais já conquistados e também no campo do conhecimento. Apesar das dificuldades, que segundo ela incluem a redução de receitas e dos investimentos em pesquisas, Graziela disse que o Brasil possui universidades de destaque e afirmou que a educação é o melhor investimento. Ela disse que as universidades atuam no sentido não apenas de formar bons profissionais, mas de formar também pessoas solidárias, com práticas democráticas, mente aberta e progressista. “Nós somos um agente de mudança social e devemos estar preparados para dar o melhor de nós”.

Protagonistas dos debates e das pesquisas

No início do debate, o reitor Ricardo Marcelo Fonseca destacou a importância do ciclo de debates por colocar a Universidade como promotora de discussões sobre temas públicos prementes no Brasil. Afirmou que estes debates seguem os princípios da pluralidade de opiniões. E destacou o papel das universidades na formação de gerações e na produção do conhecimento, da ciência e tecnologia e da inovação.  “Apesar do avanço do setor privado, sobretudo a partir dos anos 90, os grandes protagonistas da pesquisa permanecem sendo as universidades públicas, um papel de ponta em um País que quer avanços civilizatórios e econômicos”.

Por estas razões, o reitor defendeu a valorização das universidades e lamentou o fato de elas serem alvo de cortes orçamentários, de acusações de serem ineficientes, dispendiosas e inclusive corruptas. Ricardo Marcelo Fonseca lamentou ainda o fato de estas operações policiais terem sido realizadas de forma abusiva, inclusive com a divulgação exagerada de parte de veículos da imprensa.

“É preciso ter mais cuidado e respeito com elas, sem deixar de reconhecer as melhorias que as instituições precisam ter. Todas as universidades precisam melhorar e ter incremento na sua transparência e no seu controle interno. Evidentemente, se existem malfeitos, devem ser apurados. As universidades não são imunes a isso. Mas quando uma universidade pública parece ser taxada de um ninho de incompetentes e corruptos, é porque existe um desvio de compreensão muito grande”, avaliou.

Superação das dificuldades

Haddad: “A Universidade vai reagir. Temos eleições em outubro. Os candidatos vão ter que se comprometer com um projeto de País”. Imagem: Lenardo Bettinelli.

Além de criticar os cortes promovidos pelo governo federal no orçamento da ciência e da tecnologia, o professor Fernando Haddad destacou a importância histórica das instituições públicas e a sua capacidade de reação. “Óbvio que faltam recursos para as universidades, mas a Universidade brasileira cresceu e é forte. Mesmo este governo tem dificuldade de atacar a Universidade. Ele tenta fazer isso, mas com dificuldade porque há milhões de pessoas na rede federal universitária. Não é uma rede pequena e vulnerável. É uma rede que dá uma resposta política muito forte”, disse.

Haddad comentou que, apesar de esta ameaça do governo não estar se concretizando em toda a sua plenitude, a área da ciência e tecnologia, por exemplo, vive uma situação de precariedade. “Sem investimento estatal, não existe produção científica no Brasil, já que mais de 90% do conhecimento produzido nesta área ocorre nas universidades públicas”, disse ele, que no entanto não acredita na privatização do setor. “A Universidade vai reagir. Temos eleições em outubro. Os candidatos vão ter que se comprometer com um projeto de País. Não existe País sem Universidade. Não existe Nação sem produção do conhecimento. Temos que recuperar este entendimento. E apontar para o futuro e não para este retrocesso que está acontecendo”.

“Cenário apocalíptico”

O professor Roberto Romano classificou de “catástrofe” a situação do ensino superior público brasileiro. “Esta situação de crise das universidades vem de longa data, mas com o governo do Michel Temer o desastre foi estabelecido. Teremos um País sem capacidade de produção científica, tecnológica e inovação na indústria. Teremos, portanto, uma população de 200 milhões de pessoas fadadas ao desespero. É um cenário apocalíptico. Não se trata de dramatizar a situação, mas de ser realista”, avaliou.

Para ele, a retirada de recursos das universidades públicas integra uma estratégia de privatização das instituições de ensino superior e comparou esta situação ao cenário que havia durante a ditadura militar, instalada em março de 1964. “Você precariza as universidades, como ocorreu durante a ditadura militar, para depois instalar o setor privado. Este é um ponto fundamental, que já está acontecendo”.

A professora Cecília Angieli abordou o tema das universidades públicas a partir do lugar que a representa, a periferia. “Nele, aprende-se que a Universidade Pública não é para todos. Mas a educação é a resistência de um povo”, comentou. Ela destacou o fato de as universidades terem levado conhecimento científico a cidades e a pessoas que não tinham acesso à educação gratuita superior de qualidade. A entrada de grupos antes excluídos representa uma nova forma de consciência popular. As universidades têm o privilégio de ter o povo em suas carteiras”, disse.

Romano: “Esta situação de crise das universidades vem de longa data, mas com o governo do Michel Temer o desastre foi estabelecido”. Imagem: Leonardo Bettinelli.
Cecília: “A entrada de grupos antes excluídos representa uma nova forma de consciência popular. As universidades têm o privilégio de ter o povo em suas carteiras”. Imagem: Leonardo Bettinelli.

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