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FEDERAL DO PARANÁ

Egressa que realizou sonho de fazer intercâmbio com apoio da Agência UFPR Internacional trilha carreira internacional

Lays Pederiva ingressou no curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2014, pouco antes de completar 19 anos. Durante o tempo em que passou na instituição, nutriu o desejo que a acompanhava desde os 13 anos: ir para a França. Para alcançar o objetivo, Lays trabalhou, fez estágios não obrigatórios, vendeu cookies pelos campi da Federal, conquistou bolsas de pesquisa e de extensão e atuou como freelancer.

Em 2018, a jovem participou do edital da Agência UFPR Internacional (AUI) e, no segundo semestre de 2019, aconteceu: ela embarcou para o país da Europa Ocidental, rumo ao sonho desperto na adolescência. Às vésperas da viagem, recebeu apoio de colegas – que se organizaram e fizeram uma vaquinha para presenteá-la com os mais de três mil reais que arrecadaram. “A maior parte do montante veio de estudantes da Universidade. E ninguém que participou era particularmente rico. Existe amor na UFPR, e muito”, celebra Lays. 

“Antes de viajar, meus amigos se organizaram para fazer uma vaquinha de presente. Depois de dez anos de economia, finalmente consegui ir!”, recorda a engenheira formada pela UFPR. Fotos: Arquivo pessoal

Quando foi para o intercâmbio, havia apenas uma disciplina pendente para concluir a graduação. A de estágio obrigatório. Durante seis meses, Lays assistiu aulas na turma de mestrado de Gestão de Negócios Digitais, na Audencia Business School, na cidade francesa de Nantes, e realizou o estágio obrigatório no semestre seguinte – o primeiro de 2020.

Apesar de relatar uma rica e proveitosa experiência, estudar no exterior não atendeu por completo às expectativas de Lays. “Na UFPR, vivenciei a Universidade muito mais do que as salas de aula, com várias atividades paralelas. Buscava conhecimento em inovação e fiquei um pouco desapontada com o ensino na França – um tanto engessado e arcaico, na minha visão”, avalia. 

Lays enaltece a vivência cultural proporcionada pelo intercâmbio. As aulas eram ministradas em inglês, oportunidade que aproveitou para desenvolver o idioma que aprendeu sozinha, com músicas, séries e com a leitura de artigos científicos durante a graduação na UFPR. 

“Um ponto positivo da experiência foi a diversidade cultural. Fiz aulas em inglês na França, o que tornou o ambiente extremamente internacionalizado. Na turma de 40 alunos, havia cerca de 20 nacionalidades. Foi tão incrível que compensou aquele desapontamento”, reforça.

No semestre dedicado ao estágio obrigatório, Lays mudou-se para Lisboa, em Portugal, cidade na qual fez estágio na empresa de inspeção de ativos industriais Sterblue, com sedes em Nantes e na capital portuguesa. “Recebi a chance de escolher onde queria morar. Comecei pouco antes da pandemia. Tive a oportunidade de fazer treinamentos no escritório principal da empresa, ainda na França”.

Mesmo com o avanço da pandemia de Covid-19, a engenheira continuou a trabalhar, por ser a atividade desempenhada considerada um serviço essencial. “Pude fazer parte da inspeção de equipamentos industriais em cerca de vinte países, alguns remotamente. Entre as estruturas que visitamos para inspecionar, a Pirâmide do Louvre, um dos pontos turísticos mais visitados do mundo”, detalha.

“Como estagiária, ganhava um salário bom o suficiente para me manter e guardar dinheiro”. A jovem embarcou para o intercâmbio em 2019.

Ao final do semestre de estágio, Lays concluiu a graduação. Quando retornou ao Brasil para buscar o diploma, foi convidada a participar da Semana do Calouro do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia. O certificado de conclusão de curso permitiu à jovem ser contratada pela Sterblue como engenheira de operações. Com isso, obteve o visto de profissional altamente qualificada, categoria na qual se enquadram pessoas que atuam na área de tecnologia que tenham contrato de trabalho com empresas certificadas para receber estrangeiros. De volta à Europa, participou remotamente da colação de grau, em formato online.

Registro de Lays, recém-formada, feito em Lisboa – à época da colação de grau realizada on-line.

Depois de um ano e meio na empresa, Lays mudou de área e, atualmente, trabalha como customer success manager — atendimento ao cliente —  na startup suíça Covalo, que tem como missão institucional tornar o desenvolvimento de produtos de beleza mais fácil, rápido e sustentável. 

Ao olhar para a trajetória que percorreu, identifica a UFPR em cada passo dado. De acordo com a engenheira, a Universidade foi fundamental para que pudesse chegar às conquistas. “Meu intercâmbio não poderia ter saído do papel se não fossem as parcerias da Agência Internacional. A empresa onde fiz estágio trabalhava com energia verde e meus dois anos no NPDEAS [Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Autossustentável] foram um grande diferencial para o meu currículo”.

Segundo ela, no atual emprego, usa conhecimentos adquiridos na graduação ao conectar fornecedores e compradores do insumo, além de ter contato com a Chlorella vulgaris, microalga que estudou na iniciação científica junto ao grupo de pesquisa. “Agora na Covalo, novamente a UFPR e o Núcleo foram diferenciais”, complementa.

Além da formação acadêmica, destaca o relevante papel que a Universidade teve durante seu desenvolvimento como profissional. “Gosto de brincar que me formei em atividades extracurriculares e que uma delas foi engenharia de bioprocessos. Os pilares de ensino, pesquisa e extensão me formaram de forma muito completa”, orgulha-se.

Durante a graduação, Lays realizou pesquisa, extensão, voluntariado, fez três anos de estágio, participou de clubes, cursou eletivas. Também integrou o Diretório Acadêmico e fez parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o que permitiu à engenheira viajar pelo estado do Paraná e participar de reuniões com as autoridades da Universidade para discutir temas que impactaram a vida da comunidade acadêmica. “Além de tudo isso, a UFPR me proporcionou o intercâmbio, e eu não tenho palavras para agradecer a oportunidade que a AUI me deu”, externa.

“Minha foto com meu diploma não foi nas escadarias do Prédio Histórico, mas, sim, em frente ao biorreator onde fiz experimentos – incontáveis vezes – no NPDEAS. Não poderia ser diferente”, declara Lays.

Desejo de abrir caminhos

Para Lays, a melhor maneira de demonstrar a gratidão pela oportunidade que teve é servir de exemplo e ajudar a abrir portas para outros estudantes da UFPR que também sonham com um intercâmbio. 

A jovem considera, com base em sua experiência, que adiar a conclusão da graduação pode vir a ser uma estratégia para encurtar os caminhos no mercado de trabalho. “Eu demorei dois anos a mais para me formar além do tempo de duração do meu curso, porém, quando me formei, fui contratada como engenheira, o que não aconteceu com colegas que se formaram no tempo certo”, reflete.

Aos alunos que têm planos de vivenciar o intercâmbio, sugere que façam estágios não obrigatórios. Na percepção de Lays, um currículo repleto de estágios não obrigatórios pode conferir aos estudantes brasileiros vantagens em relação aos europeus. Ela explica: na Europa, diferente do que vivenciou no Brasil, os universitários que conheceu não costumavam trabalhar enquanto estudavam.

“Em países como Portugal e Espanha, o estágio ocorre depois de formado e não faz parte do currículo das instituições de ensino. Estudantes brasileiros com alguns anos de experiência competem por estágios com alunos europeus que não tiveram experiências fora do ambiente acadêmico. Nossos currículos podem saltar à vista muito facilmente”, pontua.

Agência UFPR Internacional

A AUI é responsável por desenvolver ações que possibilitem à UFPR atender, promover, articular e facilitar a interação da Universidade com intercâmbios e programas internacionais. Para isso, a Agência firma acordos de cooperação internacional com instituições espalhadas por todo o mundo. A partir dos acordos, é possível viabilizar a ida de alunos e professores às universidades parceiras e também receber interessados em conhecer a UFPR. 

Como explica o coordenador de Mobilidade e Integração da Agência UFPR Internacional, Luiz Gardenal, essas movimentações são realizadas via editais, que são lançados pela AUI e por diferentes setores da Federal. Os instrumentos proporcionam aos intercambistas a experiência – por um período de seis meses a um ano – em outras instituições. No caso da dupla diplomação, há a possibilidade de passar até dois anos no país de destino. 

“Uma vez selecionados os candidatos, a AUI faz a nomeação das pessoas classificadas e as apresenta para a universidade parceira, que será responsável pelo aceite dos candidatos”, explica Gardenal. O público varia de acordo com os editais, que são específicos para professores, para técnicos e para alunos. “Os interessados devem acompanhar o site da UFPR Internacional e as notícias publicadas por seus setores”, orienta. 

O coordenador da Agência salienta as contribuições pessoais e profissionais proporcionadas pelo intercâmbio estudantil. “Embora hoje as pessoas tenham mais facilidade para viajar para outros países e conhecer novas culturas, o intercâmbio vai além, ainda traz um grande diferencial aos currículos. O aluno tem a oportunidade de estudar em outra instituição e ter contato com tecnologias e experiências únicas para a formação profissional”, conclui. 

Confira o vídeo de Lays sobre o intercâmbio

“Meu objetivo, com essa história, é inspirar outras pessoas, que estão onde eu já estive, a pensar em voar mais longe do que nunca sonharam”, afirma a engenheira formada pela UFPR.

 

Por Letícia Barbosa Ribeiro

Sob orientação de Bruna Bertoldi Gonçalves