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FEDERAL DO PARANÁ

Dia da educação: Projeto Hands-on-Tec prepara professores da rede básica para o uso de recursos digitais em sala de aula

Em comemoração ao Dia da Educação (28/4), vamos divulgar durante esta semana uma série de matérias da Universidade Federal do Paraná sobre ações que vão desde a educação básica até os ensinos superiores.
Nesta sexta-feira (27), o tema é o projeto do campus avançado de Jandaia do Sul “Hands-on-Tec: mãos nas tecnologias digitais móveis”, que integra ferramentas digitais aos programas curriculares.

 

“Eu gosto de estudar com a tecnologia, ela pode ajudar mais que o livro”. O relato é de João Gabriel de Freitas Aguiar, de nove anos. O estudante do quarto ano do Ensino Fundamental I participa de atividades do projeto Hands-on-Tec – mãos nas tecnologias digitais móveis, desenvolvido pelo curso de Licenciatura em Computação do campus avançado de Jandaia do Sul.

A necessidade de contribuir com práticas de ensino que fortaleçam o uso de recursos tecnológicos gerou a criação do projeto. O Hands-on-Tec surgiu em 2011, por meio de um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Secretaria de Estado da Educação (Seed) e do Ministério da Educação (Mec) para fomentar propostas de inovação relacionadas ao uso de computadores portáteis em escolas do programa “Um computador por aluno”.

O projeto trabalha a formação de professores e adota uma estratégia pedagógica para contribuir com práticas de ensino mediadas por tecnologias digitais móveis. A proposta é incluir a Hands-on-Tec no cotidiano escolar.

“Nossa principal proposição é integrar tecnologias digitais aos programas curriculares e, consequentemente, criar uma cultura digital nas escolas”, explica uma das coordenadoras do projeto, professora Selma dos Santos Rosa.

Cerca de 60 professores dos núcleos estaduais dos municípios de Maringá, Goioerê e Apucarana, e cinco professores de Jandaia do Sul já receberam a formação.

Formação de professores do município de Goioerê.
Divulgação: Projeto Hands-on-Tec

Participam das atividades cinco docentes da UFPR e 18 acadêmicos das Licenciaturas em Computação e em Ciências Exatas, do campus de Jandaia do Sul e do Setor Palotina da UFPR, além de dois alunos do mestrado profissional da Universidade Estadual do Norte do Paraná.

Entre as instituições atendidas, está o Lar São Francisco de Assis – entidade beneficente para crianças entre 6 e 13 anos, em regime de contraturno escolar.
“Os professores relataram em depoimentos, durante e após as intervenções do grupo da UFPR, que é possível fazer melhor e mais pela educação e vencer o desafio de ser um professor em tempos de cultura digital”, conta Laís Aline Lemes de Lima, assistente social e coordenadora do Lar São Francisco de Assis.

Também foram registradas mudanças comportamentais dos alunos. “Nas aulas Hands-on-Tec houve uma redução significativa na necessidade de intervenção dos professores e de comprometimento com as tarefas. Há um melhor engajamento nos estudos e novas competências são notadas, como autonomia, colaboração, criatividade e resolução de problemas”, destaca o coordenador do Hands-on-Tec, Valdir Rosa.

Além de constatarem o interesse dos professores da rede de educação, os coordenadores do projeto apontam o surgimento de novas solicitações das escolas. As demandas vão desde a formação continuada de professores, até a aquisição e manutenção de tecnologias digitais para uso educacional.

“Não se trata apenas de instrumentalizar professores, mas prepará-los para formar pessoas capazes de fazer uso do conhecimento e das tecnologias digitais de forma crítica, criativa e participativa”, avalia a professora Selma.

Alunos em atividades do Hands-on-Tec, com o uso de tecnologias digitais.
Divulgação: Projeto Hands-on-Tec

Transformando realidades

O projeto da UFPR apresenta impacto e transformação na comunidade do município e região. Somente no Lar São Francisco de Assis, mais de 300 crianças participaram desde 2016.

“Com o projeto, crianças que vivem em risco de vulnerabilidade social aprendem a convivência em grupo, a resolver conflitos sem violência, mas com poder de argumentação. No Hands-on-Tec elas adquirem conhecimento sobre agir eticamente, tendo responsabilidade social e pessoal, o que vem ao encontro de suas necessidades, pois a maioria reside em bairros com alto índice de violência”, destaca a assistente social e coordenadora do Lar São Francisco de Assis, Laís Aline Lemes de Lima.

O aluno João Gabriel de Freitas Aguiar conta que adora fazer pesquisas. “No Hands-on-Tec eu posso descobrir as coisas com as tecnologias de computadores, tablets, posso fazer experiências com reações químicas e também procurar repostas sobre o mundo e aprender o que é ciências”, diz.

Atualmente, além do Lar São Francisco de Assis de Jandaia do Sul, o projeto é desenvolvido em escolas do núcleo estadual de Maringá e escolas municipais de Apucarana e Palotina. A expectativa é formar mais de 200 professores em 2018.

 

Formação acadêmica

Daniella Mariano Lourenço, do curso de Licenciatura em Computação do campus avançado de Jandaia do Sul, participa do projeto há mais de um ano. “Os alunos sempre se mostraram bem interessados nas atividades, no começo é sempre mais difícil, mas agora eles já sabem com funcionam as aulas e gostam bastante. Os professores, assim como os alunos, iniciaram com uma certa resistência, mas com o tempo eles foram se adaptando e, na verdade, eles preferem utilizar a Hands-on, do que voltar ao modelo tradicional de ensino”, relata.

“O projeto é uma grande oportunidade de desenvolvimento de habilidades para um aluno de licenciatura, pois você tem contato direto com sua área de atuação. Pela oportunidade de interação que tive com os professores, me identifiquei diretamente com a docência. Pude ver quais são as dificuldades que os professores enfrentam com tecnologia e, principalmente, mostrar que nós temos uma solução”, conta o acadêmico Mateus Morial Carrascoso, que integra o projeto desde 2017.

Além da formação dos professores, o grupo da UFPR presta apoio técnico e pedagógico continuado e realiza a manutenção dos equipamentos (computadores, tablets, lousas digitais, entre outros). “Nas escolas vejo que as escolas recebem equipamentos tecnológicos, mas sem formação ou estratégia pedagógica que faça a integração entre os componentes curriculares e a tecnologia. Aí entra o Hands-on-Tec, porque sabemos que a tecnologia é uma potencializadora no processo de ensino-aprendizagem”, diz Mateus.

Para Daniella, participar do projeto também é uma forma de aprimorar o próprio aprendizado. “Minha formação também tem como objetivo saber utilizar as tecnologias da melhor forma possível na educação formal e informal. A Hands-on-Tec me dá abertura para trabalhar isso, além de criar uma demanda de trabalho”.