Logo UFPR

UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Coral Sol Maior : a busca da cidadania

A idéia nasceu em julho de 1998 com a criação do PACTO – Programa de Ação Comunitária nascido no Tribunal de Justiça do Paraná com a intenção de mobilizar a sociedade civil para o trabalho voluntário direcionado à crianças e adolescentes em situação de risco social e moral. Nessa perspectiva cresceu o propósito da criação de um projeto que trabalhasse com música legitimamente brasileira, incluindo o folclore.

“Um coral seria o ideal”, pensou a juíza Cármen Lúcia de Almeida que na época trabalhava na 1a Vara da Infância e da Juventude de Curitiba, criadora e uma das responsáveis pelo PACTO. “Seria mais que um simples coral, a proposta necessitava de um grupo especial, disposto a trabalhar com menores oriundos de famílias de baixa renda”, continua. A finalidade seria não somente lhes ensinar a cantar, mas mostrar-lhes o universo dos sons, conversar sobre teoria musical e levá-las a passear na história da música brasileira.

Objetivos – O trabalho integraria igualmente a postura em cena, domínio de palco por meio da expressão corporal e outras técnicas, explica Cármen Lúcia. “Além do aprendizado do canto e da musicalidade, o mais importante permanece até hoje como uma filosofia de vida e essência: ensinar e demonstrar para essas crianças e adolescentes valores perenes como a força que nasce da união de esforços, além da percepção sobre o quanto cada ser humano por si só é valioso”, destaca.

Assim, depois de três anos e vários projetos voltados a esse objetivo, durante a comemoração do Natal do ano 2000 pelas famílias do PACTO, ao som da “Oração da Família” entoada pelas crianças, nascia o Coral Sol Maior. Após três meses de seleção os participantes já realizavam seus primeiros ensaios e, nesse percurso, o Coral foi constituído oficialmente em novembro de 2001. O segundo passo aconteceu em 2002, pela parceria formada com o Grupo de MPB da UFPR que cedeu a sala de ensaios e a maestrina Doriane Rossi. Com a aposentadoria da juíza Cármen Lúcia, o Coral foi então desmembrado do PACTO. Atualmente abraçam o projeto a Universidade e a juíza, constituindo uma atividade de caráter essencialmente voluntária, explica.

Musicais temáticos – Integram o grupo atualmente 35 crianças entre oito e onze anos, de diferentes origens sócioculturais, assistidos por seis voluntários, alguns do Grupo de MPB: a maestrina Doriane Rossi na regência e piano, Mara Mocrosky na direção cênica e produção musical, Adriana Trabulci como apoio vocal das sopranos, Ana Julia Spricigo na assistência de ensaios, Ronaldo Pimentel no apoio vocal dos meninos e percussão e a coordenação e direção geral de Cármen Lúcia de Almeida. “Um dos pré-requisitos para as crianças participarem dessas atividades é estarem matriculadas no ensino regular”, destaca Cármen Lúcia. O Coral apresenta diversos espetáculos durante o ano, além de apresentações em aberturas de congressos e outros eventos. Todas as produções são temáticas, como exemplo, em 2003 a escolha foi o compositor Chico Buarque de Hollanda que resultou no comovente “Sol Maior canta Chico Buarque de Hollanda”.

Já em 2004 e em junho de 2005, o repertório foi composto somente por músicas que continham as palavras “sol” e “chuva”, na intenção de mostrar as muitas formas, origens e contrastes da cultura musical brasileira. No mesmo ano, o projeto ganhou o prêmio “Instituto Junia Rabello”, de Belo Horizonte, selecionado entre 1.100 projetos em âmbito nacional e também foi escolhido, entre cerca de cinco mil propostas, para receber o patrocínio e apoio da “Petrobrás Cultural”. Em 2006 o Coral está selecionando seu repertório a partir das vivências de cada um, dando assim aos integrantes a oportunidade de participarem concretamente da escolha dos temas e partilhar emoções e dificuldades, finaliza Cármen Lúcia.

Foto(s) relacionada(s):


Sol Maior
Foto: Isabel Liviski

Fonte: ACS