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FEDERAL DO PARANÁ

Conheça a história das Wrubel, mãe e filha que cursaram, juntas, Pedagogia na UFPR

A história de Scheila (49) e de Brenda Wrubel Pinheiro (21) inspira determinação. Mãe e filha cursaram, juntas, a mesma graduação. Ambas são egressas do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Scheila é natural de Ipiranga, município localizado a cerca de 175km da capital paranense. Brenda nasceu em Curitiba, cidade onde a família mora. Neste ano, em 9 de junho, elas apresentaram o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Aprovadas, aspiram atuar com alfabetização e letramento em suas trajetórias profissionais.

Um caminho florido e cheio de realizações: esses são os desejos da UFPR às egressas do curso de Pedagogia. Fotos: Arquivo pessoal

Brenda foi a primeira a ingressar na Federal. Durante o cursinho, decidiu prestar vestibular para a área em que recentemente se formou – cuja ciência tem como objeto de estudo a educação, o processo de ensino e a aprendizagem. Segundo a curitibana, a escolha foi uma surpresa para os familiares. “Nem todas as pessoas me apoiaram”, recorda.

A jovem ingressou na faculdade em 2018. No primeiro ano, estudou “sozinha”. Durante o período, Scheila definiu que tiraria do baú dos sonhos um antigo: fazer a inscrição para o vestibular, o que ocorreu daquele ano mesmo. Sem curso preparatório, deixou o medo de lado e topou o desafio.

Mãe e filha no banho de lama em comemoração à aprovação de Brenda no vestibular de 2018 da UFPR

A ipiranguense afirma que sempre gostou de estudar, mas, por conta da gravidez na juventude, decidiu não dar continuidade aos estudos. Tampouco tinha condições de pagar uma faculdade privada, observa. “Decidi me dedicar à família e a trabalhar.  Precisei trabalhar e deixei o sonho para mais tarde. Cheguei a pensar que nunca iria realizá-lo”.

As egressas contaram com o apoio do pai de Brenda e marido de Scheila, Dirnaldo, que ia todos os dias buscá-las ao final das aulas. “Ele sempre estava lá, esperando a gente. Muitas vezes, cansado depois de um dia de trabalho”, relembra Scheila. A filha mais velha do casal, Flávia, é mencionada com carinho pelo suporte e amparo emocional, fundamental para que pudessem alcançar essa dupla conquista.

Parceria de mãe e filha 

A aprovação de Scheila no vestibular foi recebida com espanto e euforia pelas duas. Ao saber da classificação, a mãe de Brenda não conteve a emoção. A filha, no início, apresentou um pouco de resistência diante da ideia de cursarem o mesmo curso  na mesma universidade, relata. “A Brenda acreditava que não seria bom para a nossa relação estarmos juntas nesse contexto”, explica.

Sobre a escolha de estudar na UFPR, destaca o fato de ser uma instituição de notoriedade e influência. “ Escolhi o curso da UFPR por conta de toda a história da universidade, em especial a do curso de pedagogia”.

Scheila já havia sido aprovada em Pedagogia em 2012 na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), quando a filha tinha 11 anos. Chegou a frequentar as aulas, mas, como havia sido selecionada também em Administração pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), optou por trancar a graduação. “Quando a Tecnológica retornou às atividades, resolvi cursar Administração porque achei que tinha mais a ver comigo”.

Por conta disso, Scheila acabou ficando na mesma sala que a filha em uma das disciplinas. E, nesse momento, elas se reconheceram parceiras também nos estudos, uma ajudando a outra. “Descobrimos um novo tipo de relação que foi muito prazerosa. E decidimos fazer todas as disciplinas possíveis juntas”, ressalta.

Durante a graduação, mãe e filha viram-se conectadas e encantadas pela alfabetização. E foi nessa fase que perceberam que tinham os mesmos pensamentos e interesse de se tornarem professoras alfabetizadoras. Juntas, realizaram a residência pedagógica e um projeto de alfabetização.

“Quando fomos fazer o estágio com a professora Leziany, resolvemos que tínhamos que abordar essa questão – a da temática da alfabetização e da escrita espontânea. Queríamos ver como era tal processo dentro da Prefeitura de Curitiba”, informa Scheila.

Da esquerda para a direita: a orientadora Leziany Silveira Daniel, Scheila, Brenda e Roberlayne Borges Roballo, professora convidada para a banca. A escrita espontânea durante o processo de alfabetização e letramento foi o tema central do TCC das Wrubel. A defesa ocorreu no dia 9 de junho

Orientadora das egressas, Leziany Silveira Daniel conta que se tratava de um momento crítico da pandemia de Covid-19 quando Scheila e Brenda a convidaram para instruí-las no TCC. “Os primeiros contatos e orientações foram de forma remota, mas nossa relação foi se tornando muito especial. Para além de mãe e filha, as duas mostraram-se companheiras de uma linda jornada acadêmica na UFPR”, pontua orgulhosa a docente.

O desejo de realizarem o TCC em conjunto veio, então, como consequência da empreitada vivenciada lado a lado. “O lugar da escrita espontânea na alfabetização e letramento nos anos iniciais do ensino fundamental no município de Curitiba: o que dizem alguns documentos, o que falam professoras e pedagogas” foi o título escolhido para o trabalho. A dissertação foi elaborada a partir de entrevistas realizadas com pedagogas e da aplicação de um questionário com professores da rede municipal.

“Foi uma coisa bem prazerosa pra gente, eu gostei muito. Só tenho a agradecer, sou imensamente grata por ter tido oportunidade de fazer a faculdade com minha filha. E por ter realizado o TCC com uma temática que nos interessa tanto”, declara Scheila. Animada, Brenda já pensa em dar continuidade aos estudos e se especializar em educação ambiental e ensino bilíngue. “Gosto de estar em sala de aula, quero continuar como professora e me desafiar com novas faixas etárias”, conclui.

Brenda trabalha em uma escola como professora auxiliar de educação infantil, e a mãe dá aulas de reforço para turmas do ensino fundamental, em um outro colégio.

Por Felipe Reis

Sob orientação de Bruna Bertoldi Gonçalves