Um artigo que discute pontos positivos da promoção das virtudes cívicas, e sugere que elas podem diminuir os conflitos em ambientes escolares. Elaborado pelo professor Josafá Moreira da Cunha, do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o texto recebeu destaque no International Journal of Behavioral Development. O periódico acadêmico divulga pesquisas e trabalhos científicos sobre desenvolvimento comportamental, sociologia, neurociência e comportamento social.
A produção foi baseada em um estudo de curto prazo. Pano de fundo do artigo, o programa Diga é aplicado em cerca de 60 escolas do Paraná, com crianças de 5 a 12 anos como público-alvo. As secretarias de educação dos municípios de Almirante Tamandaré, Araucária, Curitiba, Mandirituba e Piraquara são parceiras da iniciativa, que também conta com o apoio de escolas particulares. O projeto é patrocinado pela Templeton World Charity Foundation.
O uso de linguagem simples com os pequenos para explicar que podem buscar ajuda e se afastar de comportamentos nocivos é um dos métodos aplicados. “Investimos na literatura infantojuvenil para empoderar um círculo de responsabilização, realçando a essas crianças que elas são fundamentais na construção de um círculo social saudável”, afirma o coordenador do Diga. Josafá é psicólogo, mestre e doutor em Educação formado pela Federal.
O artigo conta com a colaboração dos professores Kendra Thomas, da University of Indianapolis, e Jonathan Santo, da University of Nebraska Omaha, nos Estados Unidos, e dos docentes Paweena Sukhawathanakul e Bonnie Leadbeater, da University of Victoria, no Canadá.
Docentes, técnicos-administrativos e alunos com acesso autenticado em universidades têm a possibilidade de acessar o texto aqui, após cadastro no site. Demais interessados na leitura podem solicitar o envio de versão pelo e-mail josafas@ufpr.br. A publicação no International Journal of Behavioral Development ocorreu no dia 10 de junho de 2021.
Sementes da responsabilidade social
É preciso nutrir constantemente um relacionamento em que a criança ou o adolescente sinta-se à vontade para pedir ajuda e seja ouvido na expressão de suas necessidades, orienta o docente da UFPR. A proposta de estimular a responsabilidade social visa nutrir também a cooperação das crianças como cidadãos ativos de suas comunidades por meio de um ambiente escolar saudável.
Josafá defende que, em conjunto com a educação socioemocional, as medidas podem servir como fator protetivo contra agressões. “A responsabilidade social vai se desenvolver em ambientes educacionais em que as crianças vão aprender a se conectar com a necessidade das outras pessoas, e entender que promover o bem-estar do outro e da sociedade também é sua responsabilidade”.
Com relação à visibilidade internacional do estudo, o professor celebra a oportunidade de levar o trabalho a um veículo do exterior e compartilhar conhecimentos com pesquisadores e colaboradores que enfrentam desafios semelhantes em seus contextos. E acredita que o artigo pode auxiliar no desenvolvimento de programas e modelos para promoção da cidadania por meio da educação.
Saúde nas escolas brasileiras
Em 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) em escolas públicas e particulares de todo o país, com o objetivo de obter dados sobre a saúde das crianças. Na coleta de informações com estudantes do 7° ano do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio, quase 20% afirmaram ter sofrido violência verbal por parte de colegas no mês anterior à pesquisa. Do grupo, 7% disseram que se sentem constantemente humilhados por algum tipo de ofensa.
Evento gratuito para profissionais da educação
Em outubro, a equipe do Diga realizará o Congresso “Conviver 2021, para que profissionais da área compartilhem experiências sobre abordagens positivas para a educação. Apesar do contexto pandêmico, as ações do programa seguem sendo realizadas junto à comunidade escolar do estado.
Acesse notícias sobre o programa Diga publicadas no Portal da UFPR
Por Bruna Durigan
Com edição e sob supervisão de Bruna Bertoldi Gonçalves
