Pela primeira vez, indígenas que estudam na UFPR têm uma semana acadêmica voltada especificamente para a sua Cultura. A I Semana Acadêmica dos Estudantes Indígenas foi aberta nesta quarta-feira (18), véspera do Dia do Índio. Idealizado e organizado por alunos, o evento tem mesas redondas, apresentações e oficinas que destacam o valor da cultura indígena e das políticas afirmativas existentes.
A estudante indígena Thaynara Garnin de Oliveira é da etnia Kaingang e cursa Terapia Ocupacional. Coordenadora da comissão que organizou a semana acadêmica, ela destaca que foi a saudade de casa que motivou a realização do evento: “Por ser dia letivo, infelizmente não podemos retornar às nossas aldeias para comemorar essa data junto à comunidade. Por isso, buscamos trazer alguns dos nossos representantes para dar voz aos povos indígenas”.
A programação – que tem atividades marcadas para os dias 18 e 19 de abril – busca discutir as políticas afirmativas já existentes da universidade nessa área, apresentando o que a instituição oferece e discutindo melhorias que podem ser implantadas. Além disso, indígenas egressos da UFPR compartilharão suas experiências e trajetórias e lideranças indígenas vão comentar sobre a presença dos povos na universidade. Pinturas corporais, danças e contação de histórias tradicionais também fazem parte do evento.
Durante a cerimônia de abertura, realizada nesta quarta-feira (18) no Salão Nobre do Prédio Histórico, o pró-reitor de Extensão e Cultura Leandro Franklin Gorsdorf enfatizou que a semana acadêmica representa um marco para a representação indígena na universidade. “Queremos que a cultura indígena seja levada a todos os lugares da UFPR. Esse também é um momento de reflexão sobre os desafios e políticas da instituição, além de celebrar a memória de todos que lutaram e dos que lutam pela causa”.
O pró-reitor de Graduação e Educação Profissional, Eduardo Barra, lembrou que o trabalho da Coordenação de Estudos e Pesquisas Inovadoras na Graduação (Cepigrad) é referência nacional. “Este evento é o exemplo de como esta iniciativa faz dos estudantes agentes plenos da vida universitária e que podem transformar esse lugar em algo maior do que encontraram”.
A criação da Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (Sipad) foi citada pelo reitor, Ricardo Marcelo Fonseca, como a consolidação da ideia de diversidade e cidadania pregada pela instituição. “A universidade pública deve ser o lugar da inclusão e tem o dever de revelar essa pluralidade existente em nossa sociedade”.
Trajetória inspiradora
Entre os egressos que vão compartilhar suas experiências no evento, está o gestor ambiental Douglas Jacinto da Rosa. Formado em 2015, ele é da etnia Kaingang e, atualmente, cursa mestrado em Antropologia Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
“A minha experiência no curso foi excepcional. Desde que ingressei, passei a participar do Comitê Gestor das Políticas Afirmativas e do Programa de Educação Tutorial (PET) Indígena. Essas oportunidades possibilitam que os próprios indígenas protagonizem pesquisas e problematizem as suas realidades. Isso foi fundamental pra minha apropriação da questão do direito e, principalmente, do direito à terra”, conta Rosa que é nativo do norte do Rio Grande do Sul, mais especificamente da bacia do Alto Uruguai, onde há algum tempo ocorre uma série de retomadas, por parte dos povos indígenas, dos territórios antigos.
Ele diz que, atualmente, sua pesquisa do mestrado desdobra pesquisas iniciadas no PET Indígena e no curso de Gestão Ambiental. “O tema envolve território, imagem e memória, abordando as narrativas dentro das retomadas Kaingang para efetivação dos direitos territoriais”. O futuro mestre destaca que os anos na UFPR possibilitaram que ele se tornasse sujeito de sua própria história.
Confira a programação da I Semana acadêmica dos estudantes indígenas da UFPR: programação detalhada Semana_16_04_2018
