Um resgate histórico, uma avaliação do presente, e perspectivas futuras – tudo isso permeado por muita emoção – foram apresentados na semana passada durante solenidade comemorativa dos 50 anos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR.
A cerimônia realizada no auditório do Setor de Tecnologia, campus Politécnico, reuniu durante toda a tarde mentores do curso, parte dos 90 professores que atuaram nessa formação ao longo das cinco décadas, dirigentes da UFPR, alunos, e técnicos administrativos da Instituição.
A programação incluiu a exibição de parte do curta metragem “Além do Modelo” produzido pelos alunos com depoimentos de arquitetos sobre a importância do curso para o cenário local, nacional e internacional.
Também foram feitas as premiações aos alunos, Gustavo Gaspari, vencedor do concurso do selo comemorativo dos 50 anos da formação na UFPR e Maria Fernanda Fabro – por ter conquistado o maior índice de reaproveitamento acumulado (IRA) ao longo do curso.
Três alunos também foram premiados por vencerem o concurso de fotografia, realizado anualmente no curso, e que reúne imagens captadas durante as viagens de estudo. O professor aposentado, Key Imaguire Júnior, idealizador do concurso, foi convidado para entregar os certificados.
Reconhecimento pelo trabalho
Na sequência, foram homenageados ainda – com certificados de agradecimento pelo trabalho desenvolvido ─ todos os docentes e seis técnicos administrativos que atuaram na formação. Esse público também recebeu das mãos do reitor Zaki Akel Sobrinho, do vice-reitor, Rogério Andrade Mulinari, do chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Aloizio Schmid, e do coordenador do curso, Paulo Chiesa, um exemplar do livro “Memória do Arquiteto”.
A obra, elaborada pela UFPR em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), traz, segundo a coordenadora das atividades comemorativas, professora Silvana Weihermann, uma coletânea de depoimentos e trabalhos de arquitetos paranaenses, apresentados em eventos na última década.
Desvinculação das Engenharias
A história da implantação do curso ─ em especial à dificuldade para banir a imposição de que os alunos cursassem dois anos de ciclo básico antes da formação específica em arquitetura, foi contada pelos professores Luiz Forte Netto e Armando Strambi. Na época, lembram os mentores, os docentes eram profissionais da área sem formação para lecionar, estavam cansados de ouvir perguntas como: para que arquitetos se temos engenheiros?Defendiam que desde o início fosse criado um curso próprio e independente.
A tramitação durou dois anos, pois a proposta era considerada “muito onerosa”. A ideia era, lembraram Forte Neto e Strambi, reunir um grupo de profissionais de vários estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, entre outros – e lançar um curso que colocasse Curitiba no cenário nacional da Arquitetura.
Provas coletivas
O ex-aluno Sérgio Pires, atual presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), que na solenidade representou o prefeito municipal Gustavo Fruet, destacou a importância da formação recebida na UFPR, em sua vida profissional.
O também egresso, Jeferson Navolar, que preside o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná, lembrou de momentos vividos como a proibição de fazer vestibular usando bermuda; das greves para reivindicar banquetas e pranchetas; da luta pela participação estudantil na condução do curso; das provas coletivas que eram “verdadeiras câmaras de gás”.
Gogliardo Maragno, também ex-aluno, e vice-presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (Abea), destacou que a formação de Arquitetura e Urbanismo da UFPR foi a oitava a ser criada no Brasil. Atualmente, o País possui 333 cursos, número esse muito maior que o verificado em todo o Continente Europeu.
Durante o encerramento da solenidade, feito pelo reitor Zaki e o vice Mulinari, os dirigentes ressaltaram a importância de reconhecer os feitos do passado, assegurar as conquistas do presente, e manter vivo o compromisso de garantir às gerações futuras a formação de profissionais que honre a centenária UFPR.
Para isso, tem-se que, permanentemente, ressaltaram eles, reformular currículos para atender as demandas da sociedade, ouvir, conhecer, opinar, enfim, intervir na arquitetura e planejamento das cidades, já que temos profissionais altamente qualificados que podem contribuir no planejamento e ações coordenadas pelos órgãos públicos.
Celsina Favorito