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UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Estudante africano volta para casa com diploma de Economia da UFPR

Foto: Samira Neves
Foto: Samira Neves

Benjamin Mutti tinha 22 anos quando atravessou o oceano para estudar na Universidade Federal do Paraná. Esta semana, ele volta para casa, em Angola, com o diploma de economista nas mãos e uma história semalhente à de dezenas de outros estrageiros que anualmente chegam à UFPR por meio de diferentes programas de intercâmbio.

Este ano, a UFPR deve receber 42 estudantes estrangeiros para cursos de graduação, oriundos da Europa, América Central, América do Sul e Ásia. O número inclui 13 refugiados. Em 2016, chegaram 128 alunos, dos quais 17 refugiados.

Benjamin Mutti chegou em Curitiba no início de 2013. Foram quatro anos de convivência com uma realidade diferente do seu lugar de origem – tempo em que compartilhou e dividiu medos, incertezas, inseguranças, e somou entusiasmo, forças e alegrias.

Benjamin nasceu e cresceu em Zâmbia, onde seus pais, angolanos, se refugiaram durante a guerra civil que dominou Angola por 27 anos, de 1975 a 2002. Depois que ele concluiu o ensino médio, os pais decidiram regressar para Angola e ajudar na reconstrução do país. Benjamin, que é o filho caçula, só falava inglês e teve dificuldades com o português falado em Angola – fator que o levou a se decidir por cursar a faculdade num país de língua portuguesa.

Batendo de porta em porta de cada embaixada,  perguntando sobre programas de educação, ele descobriu na embaixada do Brasil o PEC-G –Programa de Estudantes-Convênio de Graduação, que  oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. Desenvolvido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Educação, em parceria com universidades públicas federais, o programa garante a alunos estrangeiros cursar gratuitamente a graduação. Para ser selecionado é preciso  provar que é capaz de custear suas despesas no Brasil e  ter certificado de conclusão do ensino médio. Quanto melhor as notas, maior a chance de uma vaga.

Selecionado para o curso de Economia da UFPR, Benjamin chegou em Curitiba sem conhecer ninguém e passou a compartilhar uma casa com outros estudantes, onde ficou pelos quatro anos do curso. Ele diz que conheceu muita gente, de diferenças estados e países. Fez grandes amigos, e ganhou até uma segunda família, ao se tornar amigo de um dos filhos de Almir e Glaci Farias. “Eles cuidaram de mim como um filho”, conta. “Benjamin é um jovem educado, estudioso. Um presente que ganhamos da Universidade Federal do Paraná”, diz seu Almir, emocionado com a partida do filho postiço.

Ao voltar para casa –  Benjamin embarca nesta quarta-feira –, ele leva  uma bagagem cheia de histórias vividas nas salas de aula, nos corredores, no RU  da UFPR. E ele fez questão de citar dois professores que considera fundamentais em sua caminhada na universidade e até mesmo para sua vida pessoal.

Um deles é Wladimir Fonseca, professor de projetos, que Benjamin define como “um professor intenso, que tem uma vontade de ensinar tão grande que te obriga a aprender”. O outro é Marco Cavalieri, da cadeira de História do Pensamento Econômico. “Parece que ele está dando aula na sala de sua casa. Algumas vezes eu não estava interessado na matéria, porém o professor falava com tanto domínio, de um jeito tão único, que não tinha como não prestar atenção em suas palavras”, destaca Benjamin.

“São homens que me ensinaram a lutar e não desistir no primeiro obstáculo, nem no segundo…nunca… jamais desistir e acreditar em mim”, afirma.

Na última semana em Curitiba, Benjamin ganhou várias festas de despedida…..

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Embora leve boas lembranças e saudades, o novo economista, hoje com 26 anos, disse que não cogitou permanecer no Brasil depois de formado: “Aqui sou apenas mais um. Em Angola serei um agente transformador para o meu país”.

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