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Pesquisa da UFPR aponta que musicoterapia contribui para redução de efeitos colaterais em tratamentos hospitalares

Qual efeito uma música tem sobre o ouvinte? Remeter a lembranças, despertar sensações, gerar sentimentos, trazer conforto? A ciência já comprova que as canções são consideradas um remédio sem efeito colateral, podendo aliviar a ansiedade e o estresse. O uso da música de forma terapêutica tem sido cada vez mais investigado em pesquisas em todo o mundo e os resultados apontam que a musicoterapia é uma importante aliada em tratamentos médicos hospitalares, como recurso complementar, impactando diretamente a saúde das pessoas.

Em Curitiba, pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoéticas Autólogos (TCTH Aut.) no Hospital Erasto Gaertner participaram de uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna e Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná. O tratamento abrange altas doses de quimioterapia e radioterapia, com alto grau de toxicidade, gerando danos para a qualidade de vida dos pacientes por um longo período após a realização do procedimento.

Quarenta e cinco pessoas foram selecionadas aleatoriamente para o estudo; vinte e quatro delas integraram o Grupo Experimental de Musicoterapia que receberam o tratamento musicoterapêutico e vinte um participantes o Grupo Controle que recebeu o tratamento padrão. Os resultados iniciais estão publicados no artigo Music Therapy Reduces Nauseas and Pain of Patients Undergoing Autologous Hematopoietic Stem Cells Transplantation, publicado na revista Clinics of Oncology Journal.

Imagem: freestocks-photos por Pixabay

As intervenções de música ao vivo foram aplicadas utilizando métodos e técnicas da musicoterapia pelo próprio pesquisador e musicoterapeuta – o doutorando Carlos Antonio Dóro. Em sessões interativas, os pacientes cantaram juntos com o musicoterapeuta suas músicas preferidas, com acompanhamento de violão e com o paciente seguindo o ritmo da música, cantando e tocando instrumentos de percussão, como bongo, sinos, chocalho, pandeiro, tamborim e triângulo. As sessões foram individuais e ocorreram no quarto ao paciente ao lado do leito, três vezes por semana, com duração de 30 minutos.

Para quantificar estatisticamente como a musicoterapia pode ajudar a reduzir os sintomas, o estudo realizou mensurações por meio de instrumentos científicos validados no Brasil exclusivos para a área do câncer. Após o tratamento estatístico dos dados, quando comparados com o grupo controle, as variáveis demonstraram uma redução significativa de 78,8% para náuseas e 48,4% para dor.

Além da redução de sintomas dos efeitos colaterais do tratamento do transplante, houve o resgate do contato sócio-sonoro-cultural por meio da recriação de canções do meio cultural do paciente, reduzindo a sensação de confinamento social imposta pelo procedimento do transplante e proporcionando relaxamento. “Durante o processo pude perceber o quanto a música é envolvente e importante em nossas vidas. Após uma sessão, era explícito a satisfação dos pacientes, muitos relatavam que esqueciam, durante a experiência musical, que estavam em um hospital e com dor”, relata o pesquisador.

Ainda de acordo com a publicação, a eficácia, a humanização e o bem estar biopsicossocial proporcionado pela musicoterapia vem preencher uma lacuna e credenciar a inserção profissional desta modalidade de terapia no ambiente hospitalar, tornando-se uma tendência a ser seguida pela área da medicina contemporânea. “A inclusão de novos protocolos na rotina do atendimento terapêutico com grupos de pacientes e familiares são possibilidades para abordagens relevantes e promissoras no contexto hospitalar em serviços de oncologia e centros de transplante”.

Musicoterapia em hospitais

O pesquisador afirma que a musicoterapia ainda não é inserida no contexto hospitalar devido a falta de reconhecimento da profissão. “Acredito que em breve isso mude, porque muitas pesquisas estão acontecendo ao redor do mundo, e impactando a saúde das pessoas no campo da musicoterapia. A neurociência também vem contribuindo com pesquisas sobre os efeitos da música no cérebro humano. O processo de humanização vai ganhar muito com a inserção regular desse profissional da musicoterapia no ambiente hospitalar”, ressalta.

A temática acompanha o pesquisador desde 2013, quando realizou sua primeira pesquisa em parceria com a Psicologia no Serviço de Transplante de Medula Óssea (STMO) do Complexo Hospital de Clinicas da UFPR e os resultados foram publicados na Revista Brasileira de Psicologia Hospitalar. Entre 2014 e 2016, durante o mestrado também realizado na UFPR, a investigação também apresentou resultados significativos para o uso de musicoterapia na melhora de humor, diminuição de ansiedade dos pacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas alogênicos.

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