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Uso excessivo de telas pode prejudicar sono de crianças na pandemia, alertam cientistas; confira recomendações

Dormir mal, não comer, chorar, morder, demonstrar apatia ou distanciamento são comportamentos que podem ser comuns em crianças durante a pandemia de Covid-19. As mudanças de horários e rotina de vida e o uso excessivo de telas nesse contexto podem prejudicar o sono e o desenvolvimento dos pequenos. É o que alertam cientistas do Núcleo Ciência para a Infância (NCPI), que tem participação de universidades brasileiras e internacionais, entre elas, a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para auxiliar pais, mães, gestores e educadores, 25 cientistas de áreas variadas, como Medicina, Enfermagem, Economia, Pedagogia, Psicologia e Neurociências, publicaram recomendações para o desenvolvimento infantil durante o isolamento social. “A pandemia inevitavelmente afetará as crianças, particularmente aquelas que vivem em famílias com maior fragilidade social. Acreditamos que seria importante organizar e divulgar as informações que a comunidade científica tem publicado a respeito”, diz Fernando Louzada, professor do Departamento de Fisiologia da UFPR, que participou da elaboração do material.

Cientistas recomendam supervisão de adultos em uso de telas por crianças, que deve ser evitado uma hora antes de dormir. Foto: Pixabay-Divulgação

A contribuição da UFPR está relacionada à importância de aspectos biológicos do desenvolvimento infantil: sono, atividade física e alimentação. Outro assunto tratado pelo professor foi sobre o uso de telas, tema de um dos vídeos que foi produzido e está disponível no canal do YouTube do NCPI.

De acordo com os cientistas, o sono é prejudicado pela perda ou enfraquecimento de nossos principais sincronizadores (horários de escola e de trabalho), que levam a alterações nos horários que sentimos a necessidade de repousar, distintos de uma pessoa para outra. “Na maioria dos casos há um atraso nos horários de dormir e acordar, de maior ou menor magnitude. Essas alterações podem comprometer a quantidade e a qualidade do sono e criar conflitos decorrentes de incompatibilidade de horários”, explica Fernando.

Com relação às telas, como celular e computadores, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças com menos de dois anos não sejam expostas a telas. Para aquelas de dois a cinco anos, o tempo deve ser limitado a uma hora diária. “Como se trata de uma situação excepcional, não há como seguir à risca essas recomendações. Sugiro que na pandemia as crianças usem telas com a supervisão de adultos e prioritariamente para interação com outras pessoas. Além disso, deve ser evitado o uso uma ou duas horas antes de dormir para não atrapalhar o sono”, orienta o pesquisador da UFPR.

No vídeo, o pesquisador Fernando Louzada, do Departamento de Fisiologia da UFPR, orienta sobre uso de telas na primeira infância durante pandemia. Imagens: Divulgação 

A publicação tem como objetivo colaborar com a sociedade no entendimento das repercussões da pandemia no desenvolvimento infantil e recomendar estratégias para lidar com este momento de crise. Para isso, é dividida em três partes: repercussões nas crianças, na convivência familiar e nas políticas de saúde, educação, comunidade e seguridade social.

Para Naercio Aquino Menezes, coordenador do NCPI e professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP), o material revela a importância da primeira infância para o futuro das crianças brasileiras. “É o período em que as principais capacidades cognitivas e socioemocionais se desenvolvem. Assim, se essas habilidades forem afetadas por um período como o isolamento atual, elas podem impactar toda a vida da criança”.

Recomendações

Entre as recomendações dos cientistas do NCPI para lidar com crianças e auxiliar no desenvolvimento infantil durante a pandemia está preservar os horários de sono e das refeições dos pequenos de forma parecida com a rotina normal. “Para auxiliar a sincronização, deve-se aumentar a exposição à luz natural na parte da manhã e reduzir a exposição à luz artificial após o anoitecer”, indicam.

Atividades físicas e brincadeiras em casa que reforcem a união da família também estão entre as recomendações dos cientistas. Foto: Alex Sanderson-Pixabay/Divulgação

Os pesquisadores ainda sugerem que sejam estimuladas atividades físicas possíveis no espaço do isolamento social, de preferência em horários determinados. Além disso, dedicar tempo a fortalecer os laços do grupo familiar, com brincadeiras e atividades que reforcem a união, e possibilitar a manutenção dos laços de amizade da criança, ainda que de forma virtual. Delegar tarefas dentro de casa na medida das possibilidades da criança, elogiar, aceitar eventuais recuos em etapas que já haviam sido superadas como sinais de insegurança que devem ser tratados com carinho e não broncas são outras orientações.

Entre as recomendações aos gestores públicos está estimular as unidades escolares a manterem canais de comunicação com familiares das crianças durante o período de afastamento tanto para dar orientações práticas sobre brincadeiras e organização de rotina quanto para apoiar com questões de comportamento e cuidados básicos.

Todas as recomendações para familiares, gestores públicos e educadores podem ser conferidas neste link.

O Núcleo

O NCPI foi criado em 2011 com o intuito de difundir a importância da primeira infância, chamando a atenção de gestores para a necessidade de políticas públicas voltadas para essa faixa etária.

Para o professor Fernando, a contribuição do grupo vai além do material produzido. “Não tenho dúvidas de que o trabalho do NCPI contribuiu para a aprovação do Marco Legal da Primeira Infância. A Lei nº 13.257/2016 pavimenta o caminho entre o que a ciência diz sobre as crianças e os princípios que devem orientar a formulação e implementação de políticas públicas para a primeira infância”.

Essa reportagem é resultado da ação Banco de Pautas Covid-19, da Agência Escola UFPR

Saiba tudo sobre as ações da UFPR relacionadas ao coronavírus

Por Breno Antunes da Luz
Sob supervisão de Chirlei Kohls
Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR

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