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Mestranda faz adaptação transcultural de aplicativo e é selecionada para congresso internacional

A ferramenta ainda não está disponível para download. Arte: Rozeli Vicelli

A adaptação transcultural possui dois componentes básicos: a tradução do instrumento e sua adaptação. Ou seja, é a combinação da tradução literal de palavras e sentenças de um idioma para o outro, e a adaptação ao contexto cultural e estilo de vida encontrados em uma determinada cultura. Foi isso que a pesquisadora em Saúde Coletiva Rozeli Vicelli desempenhou. Ela desenvolveu a adaptação transcultural do inglês para o português de um programa de planejamento de segurança online para mulheres em situação de violência por parceiro íntimo. O aplicativo tem grande potencial de aplicação no Brasil, entretanto, não basta criar uma versão em português.

Após realizar várias entrevistas cognitivas e grupos focais com mulheres em situação de abuso de relacionamento da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba para adequar esse conteúdo, a mestranda aplicou uma nova rodada, mas desta vez com uma versão piloto do aplicativo.

Rozeli Vicelli, é estudante do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e teve a sua pesquisa selecionada, com todas as despesas pagas, na 7ª Conferência Global de Violência Contra a Mulher, organizada pela  Sexual Violence Research Initiative (SVRI), que escolheu estudos voltados à enfrentar violências contra  mulheres e crianças..

O aplicativo “Eu-Decido”, vem sendo elaborado há cinco anos com o objetivo de colaborar no combate à intimidação pelo companheiro. A ideia desse software é ajudar as vítimas a avaliarem o seu grau de abuso e a tomar decisões – um plano de segurança.

Para a pesquisadora, o planejamento de segurança é uma estratégia promissora a fim de evitar o agravamento da violência. Ela explica, ainda, que a ferramenta tem sido testada por meio de vários modelos em vários ambientes. “Nosso estudo tem como objetivo adaptar um aplicativo online de planejamento de segurança para mulheres brasileiras que vivenciam violências por parte de seu parceiro”, relata.

Sob orientação do professor Marcos Signorelli, do Departamento de Saúde Coletiva, o PPGSC realizou um estudo de viabilidade anteriormente (2018-2020) em parceria com a Casa da Mulher Brasileira. “Nesta fase, utilizamos a pesquisa de ação participativa”, conta o docente. A partir disso, Rozeli pôde traduzir o conteúdo do aplicativo do inglês para o português brasileiro e incluir módulos sobre crianças, saúde e bem-estar, sentimentos do meu parceiro, recursos e segurança.

Segundo Signorelli, esse programa foi criado inicialmente na Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos. Com resultados positivos, foi adaptado para diversos países. “Ele já foi ajustado para a Austrália, onde tive meu primeiro contato, Canadá, Nova Zelândia e Quênia. É um grupo de pesquisadoras internacionais e estou junto com elas trazendo a versão para o Brasil”, explica. O docente revela, ainda, que por se tratar de uma solução inovadora, o trabalho conta com o financiamento da Emory University, Atlanta, em  colaboração com a professora Dabney Evans do Departamento de Saúde Global.

Eu-Decido

A plataforma será alimentada com os dados científicos mais atuais da pesquisa de Vicelli. Ali a mulher encontrará informações referentes a tipos de violência, legislação, direitos e redes de apoio existentes.

Para utilizar é necessário realizar um cadastro prévio, no qual serão apresentadas as explicações.  Em seguida, a pessoa irá responder algumas escalas de questionários – ferramentas de apoio à tomada de decisão para mulheres que vivenciam violência por parceiro íntimo. Posteriormente, passa para a fase de planejamento de segurança levando em consideração as suas prioridades, por exemplo, para ela o mais importante são os filhos ou seu bem-estar? O aplicativo dispõe de uma barra que mostra a porcentagem de prioridades.

O programa conta também com uma saída de emergência, caso a mulher se sinta ameaçada pelo parceiro. Esse recurso torna-se essencial uma vez que o celular é sempre o primeiro objeto a ser quebrado ou vasculhado. O intuito do aplicativo não é emergência, mas dar possibilidades e direção para que essa mulher possa escolher o que é melhor para si.

(Por Felipe Reis, estagiário, com orientação de Simone Meirelles)

 

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