O esforço da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para ser cada vez mais inclusiva mobiliza muitas áreas da universidade, e passa também por aquela que cuida da porta de entrada na instituição: o Núcleo de Concursos (NC/UFPR), responsável pelos processos seletivos para ingresso de novos alunos. Um bom exemplo desse trabalho é o vestibular para o curso de Letras Libras, que vem sendo aperfeiçoado a cada edição, e este ano acontece no próximo dia 20 de dezembro.
Esta é a sétima edição do vestibular para o curso de Licenciatura em Letras – Língua Brasileira de Sinais (Libras), cuja primeira turma ingressou em 2015. Mas é a primeira em que o edital teve uma versão escrita específica para candidatos surdos, com ilustrações e texto mais objetivo – o que permitiu que a versão em vídeo, baseada no edital e sinalizada em Letras Libras, fosse também mais adequada para o público surdo.
A equipe do NC responsável pelo edital explica que até o ano passado o edital em Libras era uma reprodução do edital escrito, que tinha versão única, para candidatos surdos e ouvintes. Percebeu-se, então, que os candidatos alfabetizados em Libras tinham dificuldades para compreender algumas informações, o que transformava o edital numa barreira para o ingresso na universidade.
Como primeiro passo para implementar as mudanças, o NC preparou um guia para os elaboradores do edital, orientando-os sobre especificidades do universo surdo que deveriam ser observadas. Assim, o edital foi dividido em duas seções, uma para candidatos surdos e outra para ouvintes.
Essas mudanças são consideradas parte de um processo de ajustes que deve continuar nos próximos anos, e refletem uma preocupação que se estende para o vestibular geral da UFPR, que também tem edital em Libras e intérpretes para candidatos surdos no dia das provas, além de abranger uma série de medidas destinadas a garantir a participação de candidatos com deficiência, por exemplo.
“Nossa preocupação é garantir aos surdos a acessibilidade linguística desde a publicação do edital e também no momento da prova”, diz o professor Marcelo Porto, coordenador do curso de Letras Libras da UFPR. Primeiro professor surdo a assumir a coordenação do curso, ele diz que a prova do vestibular vem sendo aperfeiçoada desde sua primeira edição, em 2014, e hoje pode ser considerada não uma mera tradução da versão em língua portuguesa, mas efetivamente uma prova em Libras, principalmente no que diz respeito aos conteúdos específicos. A UFPR foi uma das primeiras universidades brasileiras a oferecer o vestibular bilíngue, em Libras e em Português.
A prova para ingresso no curso é dividida entre questões de Conhecimentos Gerais (Biologia, Física, Geografia, História, Matemática e Química), questões de Conhecimentos Específicos de Libras, Português e produção de texto, todas sinalizadas em Libras. Para os candidatos surdos, a prova de Português equivale à de Língua Estrangeira. Os candidatos ouvintes precisam escolher entre Inglês e Espanhol.
O curso
O professor Marcelo Porto conta que o curso de Licenciatura em Letras Libras formou até agora três turmas, num total de aproximadamente 50 egressos. O curso forma professores da Língua Brasileira de Sinais para a educação básica (exigência do Decreto n.º 5.626/2005), bem como tradutores e intérpretes da língua para o Português. As aulas do curso são ministradas em Libras, sem interpretação em Português – com exceção de disciplinas ministradas por professores de outros departamentos que não dominam a Língua Brasileira de Sinais (nesses casos recorre-se a um intérprete).
“Temos 10 milhões de surdos no Brasil e os alunos precisam de professores qualificados. Por isso esperamos que mais pessoas, surdas e ouvintes, venham para o curso de Letras Libras da UFPR”, afirma Marcelo Porto.
De acordo com ele, a criação do curso também contribuiu para dar visibilidade à língua de sinais e à comunidade surda dentro da UFPR, ao mesmo tempo que trouxe o desafio da acessibilidade linguística. “Hoje temos apenas seis intérpretes concursados, além de alguns outros contratados. Ampliar esse quadro é um desafio, tanto para que os professores surdos possam tratar de questões administrativas e participar de reuniões quanto para permitir que os alunos frequentem todos os espaços da universidade”, afirma Porto, lembrando que, graças à política de cotas, hoje há surdos matriculados em diversos cursos da UFPR.
O vestibular para o curso de Letras Libras oferece 30 vagas, das quais 22 para candidatos surdos e 8 para ouvintes.
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