Você já ouviu falar do Centro de Medicina Veterinária do Coletivo da Universidade Federal do Paraná (Centro MVC-UFPR)? Este é um espaço do campus Agrárias dedicado ao bem-estar animal que presta serviços para a comunidade e fomenta o ensino, a pesquisa e a extensão por meio de diversos projetos, que vão desde o atendimento social para tutores em situação de vulnerabilidade até o resgate de animais vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
Inaugurado em 2022 como o primeiro do Brasil, o Centro MVC da UFPR dá espaço a uma das áreas da Medicina Veterinária que mais cresce no mundo. A Medicina Veterinária do Coletivo é um campo multidisciplinar que engloba conhecimentos da saúde coletiva, medicina de abrigos e medicina veterinária legal, trabalhando em conjunto com setores da saúde, educação, meio ambiente e assistência social.
O objetivo principal da Medicina Veterinária do Coletivo é promover a saúde e o bem-estar de pessoas, famílias e comunidades, considerando os animais como parte integrante dessas representações. O Centro MVC da UFPR foi pioneiro no ensino e especialização voltados para esta área.
Hoje, o Centro possui dois núcleos de atenção à saúde animal: o Núcleo de Uma Só Saúde, com coordenação da professora Rita Garcia, e o Núcleo de Doenças Infecciosas com enfoque para a Esporotricose, coordenado pela professora Cybelle Souza. Os serviços são ofertados tanto para a comunidade da universidade quanto para a comunidade externa.
Para as atividades de atendimento à comunidade e fomento à formação de estudantes e à pesquisa, ensino e extensão, o Centro conta com uma grande equipe. São cinco residentes de Medicina Veterinária do Coletivo, 12 alunos de graduação bolsistas de extensão, seis doutorandos, três mestrandos, três estudantes de iniciação científica e uma assistente social, além de cerca 30 alunos extensionistas voluntários, dois veterinários voluntários e uma assistente social voluntária.
Uma das principais atuações do Centro MVC é no atendimento a cães e gatos de famílias em situação de vulnerabilidade e protetores independentes, que necessitam de cuidados veterinários básicos ou de média complexidade. O serviço é feito junto com a acolhida da família, cuidando não só do animal, mas também de seus tutores, como explica uma das coordenadoras do Centro, professora Rita Garcia.
“Quando cuidamos dos animais, muitas vezes percebemos que as famílias não estão sendo também cuidadas. Ou a família como um grupo, ou de repente quando a gente vê que tem criança ou adulto vulnerável, sendo negligenciado. Quando a gente olha para o animal, ele é um reflexo do que acontece na família, muitas vezes”, afirma.
Assim, o cuidado com os grupos em situação de vulnerabilidade vai além de oferecer um atendimento com custo reduzido, mas também de ter um trabalho social de apoio e orientação.
“Por exemplo, quando a gente vai em uma vistoria, próximo da hora do almoço e não tem nenhuma panela no fogão. E aí? Tem comida? Não tem comida? Comem só uma vez ao dia? Outra situação, a gente vai em uma vistoria e todos os adultos estão em casa em horário comercial. Provavelmente estão desempregados, fazem algum trabalho só no final de semana. Ou tem crianças no local e essas crianças não estão na escola”, explica a professora Rita.
Nestes casos em que é identificada alguma questão de vulnerabilidade dos tutores, os integrantes do Centro fazem diversas ações, como por exemplo orientar as pessoas quanto aos seus direitos como cidadão, incluindo cadastros no Cadastro Único e encaminhamento à assistência social, ou ajudar no transporte dos animais ao campus Agrárias.
Este olhar social da Medicina Veterinária do Coletivo é o motivador de vários projetos do Centro MVC-UFPR. Um deles é o Farmácia Solidária, que busca atender as famílias que não tem condições financeiras de comprar os remédios para seus cães e gatos e ainda estimula o armazenamento e descarte correto de medicamentos veterinários.
O Centro MVC-UFPR conta com vários projetos executados por professores, residentes, bolsistas de graduação e voluntários. Eles estão voltados para o cuidado e bem-estar animal, orientação para os tutores e para abrigos.
Conheça as principais iniciativas:
Para o funcionamento de tantos projetos, a equipe do Centro MVC da UFPR é formada por dezenas de participantes, entre professores, graduandos, residentes e voluntários. O espaço se torna um local para os estudantes vivenciarem na prática a Medicina Veterinária do Coletivo.
Maria Salina, estudante do nono período do curso de Medicina Veterinária, é bolsista pela Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (Sipad) e está no Centro MVC há um ano. A estudante é atualmente a discente responsável pelo projeto Lar Temporário, e para ela o Centro aprimora não só as habilidades da profissão, mas também o olhar social.
“O Centro tem um papel fundamental na minha formação como médica veterinária, pois me proporciona uma experiência prática muito abrangente”, conta. “Ao auxiliar no atendimento de cães e gatos de famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica, tenho a oportunidade de aplicar os conhecimentos técnicos da clínica, que adquiri na graduação, em um contexto real, ao mesmo tempo em que nutrimos muita empatia e sensibilidade social”.
Maria também participou das missões que resgataram cães e gatos nas enchentes no Rio Grande do Sul e ainda hoje atua ajudando no destino destes animais, promovendo com o projeto eventos de adoção.
“Foi uma experiência que me ajudou a entender a importância da Medicina Veterinária de Desastres e de Abrigos, ampliando minha visão sobre o impacto de desastres tanto na vida dos animais quanto nas comunidades”, afirma. “Essas vivências, junto ao trabalho rotineiro no CMVC, fortalecem a minha capacidade em trabalhar em equipe, pois sem os demais voluntários o projeto não seria tão bonito quanto ele é”.
A formação no Centro se estende também a residentes em Medicina Veterinária do Coletivo, como é o caso de Yasmin Alexandre. Formada pela Universidade de São Paulo em agosto de 2023, em março deste ano ela passou a atuar como residente na UFPR.
“Sempre me identifiquei com saúde pública e medicina veterinária do coletivo. Desde cedo na graduação, tive afinidade com essas áreas, talvez por minha origem. A UFPR é referência na área, e eu queria entender como é a atuação no dia a dia, além da teoria dos livros. Por isso, decidi me tornar residente do coletivo”, afirma.
No primeiro semestre da residência, Yasmin fez parte da vigilância ambiental de Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba. Hoje, atende casos de esporotricose no Centro MVC, mas também está envolvida em outros projetos.
“A residência tem sido crucial para minha formação como médica veterinária, pois me permite lidar com problemas e impasses reais do dia a dia, desenvolvendo habilidades práticas e aprofundando meu entendimento sobre a profissão e a área”.
Para a professora Rita Garcia, a participação nesses projetos ajuda os estudantes a ter um outro olhar e amadurecer ao se deparar com situações de vulnerabilidade no atendimento aos animais.
“Além disso, os alunos que participam também precisam fazer pesquisa. Então acho muito importante isso, de a gente estar sempre unindo a extensão com a pesquisa e desse aluno poder desenvolver, fazer um levantamento bibliográfico sobre o tema. Por mais simples que seja, poder estar integrando isso ajuda na sua formação”, afirma.
O Centro MVC está localizado no Campus Agrárias, em Curitiba, na Rua dos Funcionários, 1540 – Cabral. O local oferece atendimento para a comunidade da UFPR e comunidade externa. O telefone para contato é: (041) 99267-7406.
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