O professor Ivan Antônio Izquierdo morreu nesta terça-feira, dia 9 de fevereiro, aos 83 anos, em Porto Alegre. O pesquisador e neurocientista é considerado um dos maiores especialistas em memória do mundo e recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Paraná em junho de 2007, em uma cerimônia no Prédio Histórico da Santos Andrade. Desde 2010 ele atuava como professor titular na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
“O professor Ivan foi um ícone acadêmico na área da neurociência, principalmente sobre o funcionamento da memória. A UFPR lamenta profundamente a perda deste grande pesquisador, mas o patrimônio de seus estudos certamente já ilumina novas gerações”, afirma Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da UFPR.
Izquierdo nasceu na Argentina e era naturalizado brasileiro. Era médico e doutor em Farmacologia pela Universidade de Buenos Aires e pós-doutor pelo Brain Research Institute da UCLA (University of California Los Angeles). O neurocientista vivia na capital gaúcha com a esposa. Ele também deixa dois filhos e quatro netos.
Pesquisas
Ivan Izquierdo determinou a cascata de eventos bioquímicos nas estruturas cerebrais que formam a memória de curta e de longa duração e as estruturas neurais responsáveis pela consolidação e evocação da memória. O pesquisador também determinou os mecanismos da modulação da formação e evocação da memória por processos hormonais e neuro-humorais e descobriu drogas para o favorecimento da memória, com efeito ansiolítico e anticonvulsivante.
O pesquisador fez parte do comitê editorial de 33 publicações internacionais e orientou mais de cem dissertações e teses, além de orientações de iniciação científica. Publicou mais de 600 artigos em revistas científicas, mais de 20 livros e mais de 90 capítulos de livros. Izquierdo recebeu mais de 60 prêmios e homenagens durante a carreira.
O professor Claudio Cunha, do Departamento de Farmacologia da UFPR, foi orientado pelo professor Izquierdo no Programa de Pós-Graduação em Bioquímica, nos anos 90. “No período em que trabalhei sob sua orientação o seu principal tema de pesquisa era a mediação de benzodiazepinas endógenas nos processos de aprendizagem e memória. Colaboramos ainda nas primeiras publicações sobre o papel do óxido nítrico na memória e na elucidação dos processos neurais que são comuns à aprendizagem e aos transtornos de ansiedade. Na última visita que fiz à UFRGS há alguns anos o encontrei ainda trabalhando em seu laboratório. Para que eu não esquecesse que estava diante do cientista da memória, ao mencionar uma hipótese sobre o funcionamento do sistema colinérgico no cérebro, ele me disse: alguém já teve esta mesma ideia antes. E pegou em sua estante um livro empoeirado pelo tempo, onde abriu em uma página em que estava o artigo de que lembrava de memória”, relembra.
Carreira
Izquierdo fundou e dirigiu os centros de memória da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRC) e foi membro da Academia Brasileira de Ciências e da National Academy of Sciences (EUA). Izquierdo também era Doutor Honoris Causa pela Universidade de Córdoba (Argentina).
Foi professor na Universidad de Buenos Aires (Argentina), na Universidad Nacional de Córdoba (Argentina), na Escola Paulista de Medicina (EPM), na UFRGS e na PUCRS, onde trabalhou até a morte.
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