Roseli Aparecida Rocha Prado é nomeada Servidora Emérita da UFPR 

20 August, 2024
11:36
Por Bruna Soares
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UFPR

A primeira mulher servidora técnico-administrativa a receber o título na universidade

Os mais de 50 anos dedicados à educação e à ciência renderam à técnica de laboratório Roseli Aparecida Rocha Prado o título de Servidora Emérita da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no final de julho. A concessão foi aprovada durante a última reunião do Conselho Universitário (Coun) da instituição.

Nascida em 1946, na cidade Rolândia, a 20km de Londrina, no Paraná, Roseli conta que gostava de fazer experimentos desde a infância, quando fuçava os livros dos irmãos mais velhos. Nos anos 1960, se mudou para Curitiba, onde iniciou o curso técnico em Química Industrial e, em março de 1967, começou a estagiar no Departamento de Bioquímica da UFPR, orientada pela professora Elma Suassuna. A efetivação, à época como celetista, veio um mês depois.

Foto: Danielle Salmória/Aspec BL

A técnica trabalhou na esterilização de recipientes e no preparo de soluções e dava auxílio especializado para professores e alunos de graduação. Em 1995, se aposentou, mas seguiu no setor a convite do professor Fábio Pedrosa. Desde então, atua junto a um grupo que pesquisa fixação de nitrogênio.

“Quando ela se aposentou eu a convidei para trabalhar no Núcleo de Fixação Biológica de Nitrogênio, onde comanda com presteza e eficiência a produção de meios de cultura, fundamentais para as nossas pesquisas, como a manutenção de nossas valiosas estirpes de Azospirillum brasilense, que hoje desempenham importantíssimo papel na Agricultura brasileira. Este suporte de infra-estrutura e Microbiologia comandada pela senhora Roseli Prado foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa em nosso grupo”, disse Fábio Pedrosa.

Ao longo de sua trajetória, dona Rose, como é conhecida na universidade, participou de várias transformações da instituição, incluindo a criação do Departamento de Bioquímica (antes Instituto de Bioquímica) e a transferência do Setor de Ciências Biológicas do Centro de Curitiba para o Centro Politécnico.

Neste vídeo, Roseli mostra uma autoclave, um aparelho utilizado para esterilizar os materiais do laboratório

A técnica se lembra com carinho de quando a biblioteca de Bioquímica chegou à nova sede. “Os livros eram a menina dos olhos da professora Glaci Zancan e trouxemos as coleções em ordem, prontinhas para serem encaixadas nas prateleiras”, diz a emérita se referindo à pesquisadora com quem trabalhou por anos.

O Chefe do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Rodrigo Vassoler Serrato ressalta: “Trabalhar com a dona Rose é ter a certeza de estarmos na presença de uma pessoa que faz parte da história da UFPR e do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular. É um privilégio ainda contarmos diariamente com toda sua imensa experiência e conhecimento, mesmo após décadas de trabalho aplicado à pesquisa e ao ensino”.

“Bom, é de extrema importância esse reconhecimento aos servidores técnicos pelo seu trabalho, pela sua dedicação, pela sua contribuição com a universidade. Eu acho que é uma forma de valorizar também os nossos colegas técnicos que são fundamentais para”, comentou Thales Cipriani, diretor do Setor de Ciências Biológicas da UFPR. 

Roseli diz ainda que sua maior satisfação sempre foi ver estudantes que se formavam e voltavam para a universidade após passarem em um concurso público. Esse foi o caso de Pedrosa, que entrou como aluno quando a técnica já estava no laboratório, mas retornou como professor e a convidou para seu grupo de estudos.

“Conheço a senhora Roseli Prado desde 1970, quando ingressei no antigo Instituto de Bioquímica, hoje Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, como mestrando. Em todos estes anos que convivemos, 54 anos, e que acompanhei sua vida profissional na UFPR, só tenho elogios à sua dedicação, pontualidade, responsabilidade, capacidade de organização, pró-atividade e competência”, conclui Pedrosa. 

O impacto na vida de gerações 

Além de ter contribuído com a formação de centenas de turmas, a servidora também inspirou a trajetória profissional de seus filhos: dos quatro, uma se formou em Química Ambiental e outro ingressou no Núcleo de Concursos (NC) da UFPR. Embora as duas outras tenham seguido caminhos distantes da UFPR e dos laboratórios (uma é psicóloga e a outra graduada em Ciências Atuárias), acompanhar o trabalho da mãe fez toda diferença na formação delas também. “Meus filhos sempre vinham à universidade comigo e conheciam minha rotina”, diz.

“Eu mesmo tive a sorte de ter sido treinado por ela em várias técnicas e procedimentos de laboratório e de cultivo de microrganismos, enquanto estudante de graduação e pós-graduação, e tenho a certeza de que hoje os meus orientandos estão bem assistidos por ela, sempre contando com sua disposição em ajudar e, quando necessário, em corrigir”, disse Rodrigo Vassoler. 

Viúva, Roseli cuidou das crianças sozinha por anos. “Tive ajuda da minha mãe, mas nunca deixei de sonhar com uma creche, prometida uma vez ao setor”, lembra. Além dos desafios de mãe, a técnica enfrentou entraves comuns entre as mulheres da segunda metade do século 20. “Quando cheguei a Curitiba, tentei estágio em uma fábrica de fósforos, depois em uma empresa de cerâmicas, mas era muito difícil abrirem as portas para uma mulher”.

Após ingressar no Instituto de Bioquímica, desenvolveu sua carreira na instituição ao lado de outros contemporâneos como Palmiro Francisco Franco, do Museu de Anatomia, também nomeado emérito (Saiba mais aqui), e Marilza Doroti Lamour, do mesmo grupo de estudos de Rose, e falecida no dia 03 de agosto. Roseli se emociona ao falar da parceira e amiga e se diz grata por ter aprendido tanto ao lado dela.

Disposta e ativa, dona Rose não pretende deixar a universidade tão cedo, por amar o que faz, mas também adora a vida fora do laboratório. Um dos seus hobbies é passear com os netos, que hoje são nove, e ver as transformações da cidade. Além disso, gosta de fazer piqueniques, assistir a séries e recentemente se tornou uma das mais fiéis adeptas dos doramas, novelas sul-coreanas que viraram sensação nos últimos anos.

Admiração dos colegas de trabalho

“Conheci a Roseli Aparecida Prado no início do segundo semestre de 1983, quando ingressei no Departamento de Bioquímica e fui alocado ao laboratório da professora Glaci Zancan como monitor da disciplina de Bioquímica Celular. Embora oficialmente designado como monitor, a professora Glaci me iniciou em um treinamento científico na área de enzimologia.No primeiro dia de laboratório, ela me entregou um protocolo para dosagem de proteína pelo método de Lowry e disse: “Pode ir fazer”. Eu não fazia ideia do que exatamente eu deveria fazer. Seja por instrução da professora Glaci ou por notar que eu estava perdido no laboratório, Roseli veio em meu socorro. O que aprendi pelas mãos da Roseli naqueles meses de iniciação ao laboratório de pesquisa foram fundamentais para minha vida como pesquisador”, disse. “, Roseli é verdadeiramente uma formadora de gerações de pesquisadores e cidadãos comprometidos, patrimônio inestimável da UFPR”, finaliza Emanuel Maltempi de Souza, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR. 

“A senhora Roseli Prado sempre foi e é uma pessoa de fácil trato e grande amizade. Em todos estes anos que convivemos, 54 anos, e que acompanhei sua vida profissional na UFPR, só tenho elogios à sua dedicação, pontualidade, responsabilidade, capacidade de organização, pró-atividade e competência”, pontua Pedrosa. 

A professora Leda Satie Chubatsu, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR, ressalta que é evidente o resultado positivo do convívio que todos têm com a servidora Roseli e a admiração de cada um. “Sua incansável motivação e comprometimento nunca vacilaram. Minha admiração por ela é imensa; ela não apenas auxiliou, mas também cuidou e instruiu inúmeros ‘filhos acadêmicos’ ao longo de seus 57 anos de serviço na UFPR”.

Com informações de Lívia Inácio/Aspec BL

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